Aqui comento os filmes que assisto...mas sem muito saco de teorizar demais..somente comentando o básico: se gostei ou não hehehe (Comento apenas filmes vistos a partir de Outubro de 2010)
domingo, 19 de agosto de 2018
Benzinho
"Benzinho", de Gustavo Pizzi (2018)
Ettore Scola foi uma grande influência na minha formação cinéfila, por conta de seus dramas familiares envolvendo a classe média baixa operária italiana. Em filme como "Feios, sujos e malvados" e "Nós que nos amávamos tanto", nos apaixonamos pelos personagens absurdamente carismáticos e fanfarrões.
Em "Benzinho", tive a mesma sensação de querer abraçar a todos que pertencem à família comandada por Irena (Karine Telles) e Klaus (Otávio Muller). Afinal, o que quer essa família? Um abraço já seria o suficiente. E assim como os italianos, como gritam essas pessoas!
Moradores de um bairro pobre em Petrópolis, Irene e Klaus são pais de 4 filhos, todos homens. Tem Fernando (Konstantinos Sarris), de 16 anos, Rodrigo, de 10 anos, e os caçulas gêmeos, de 5 anos ( os gêmeos são filhos reais de Karine Telles e Gustavo Pizzi). Klaus é dono de uma papelaria, e Irene faz de tudo um pouco: vende quentinhas e jogos de lençol para casais, junto de sua irmã, Sonia ( Adriana Esteves), casada com o violento Alan (Cesar Troncoso). Irene está para se formar, e o casal está a anos construindo uma casa nova para a família. Um dia, Fernando é convidado a fazer parte de um time de handebol juniors na Alemanha. Esse evento irá desencadear uma montanha russa de emoções na família, principalmente em irene, que não consegue disfarçar seu medo e ansiedade pela ida do filho para o estrangeiro. Ela procura a todo custo lidar com o desapego, mas parece impossível.
O roteiro, escrito pelo próprio Gustavo Pizzi com Karine Telles, apresenta uma gama de pequenos dramas, que fazem parte da rotina sofrida da família, com pitadas de humor e melancolia. Se fosse um filme americano independente, rapidamente a crítica local encaixaria o filme no gênero "Feel good movie" e o compararia à familia de loosers de "A pequena Miss Sunshine"
(e olha que aqui também existe uma kombi vintage, só que vermelha!). O grande acerto do filme, foi lidar com uma roupagem simples e eficiente, sem grandes arroubos de técnica, e confiar toda a carga dramática nas mãos de atores excepcionais em suas performances. Karine Telles e Adriana Esteves são como um trovão~Que forças da natureza! Otávio Muller e Cesar Troncoso também não ficam longe, e todos têm pelo menos uma cena antológica. O jovem Konstantinos Sarris é a grande sensação do elenco, e que, com certeza, terá um belo caminho pela frente. A fotografia de
Pedro Faerstein alterna Planos gerais emblemáticos e closes intimistas, sofridos. Entre momentos de poesia e a realidade nua e crua, o naturalismo do filme nos coloca ali, próximos a todos, como se fossemos aquele vizinho que está ali, acompanhando e testemunhando as pequenas batalhas diárias.
Um momento para a história do cinema: A cena de Klaus e seu filho Rodrigo, comendo pudim de madrugada na cozinha, escondidos de Irene.
O filme foi selecionado para o Festival de Sundance em 2018, e venceu os prêmios de Melhor filme latino-americano e da Crítica em Málaga
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