terça-feira, 7 de agosto de 2018

O desmonte do Monte

"O desmonte do monte", de Sinai Sganzerla (2017) Excelente documentário realizado por Sinai Sganzerla, filha do lendário casal do Cinema marginal, Rogerio Sganzerla e a atriz e cineasta Helena Ignez. O filme me fez lembrar do recente "A capital da demolição", que mostrava o absurdo da derrubada do icônico Palácio Monroe, em 1975, no Rio de Janeiro, para dar lugar às obras do metrô. O que difere os 2 filmes, é que Sinai quer trazer a sua narrativa para um público mais amplo, principalmente, os jovens: a trilha sonora mescla uma trilha pop com música clássica, indo até a acordes de Bernard Hermann em "Um corpo que cai". Tudo narrado com vigor, ironia e melancolia por Helena Ignez, em uma voz hipnótica. O morro do Castelo foi um marco fundamental para o surgimento da Cidade do Rio de Janeiro, chamada de Sebastianópolis. Habitada por índios, os portugueses e franceses aqui chegaram, e logo dizimaram a população indígena, assumindo o ligar. Ali, construi-se Igrejas, habitações, etc, sendo logo tomada por casas populares. Reza a lenda que nos subterrâneos do morro, os jesuítas enterraram tesouros. Com o passar dos anos, o desejo de destruir o Morro vem crescendo. Muitos consideravam ele nocivo ao desenvolvimento da cidade, e também tinha a questão da insalubridade, argumento usado para destituir os moradores pobres do local. Assim, em 1922, o prefeito do Rio de Janeiro resolve mandar derrubar o morro, desalojando milhares de famílias e destruindo construções históricas. Havia também a proximidade da Exposição comemorativa do centenário da criação da cidade, e o morro tinha que ser destruído o quanto antes. Fez-se empréstimo milionário a bancos estrangeiros. Parte d aterra do morro foi realocada para os bairros da Urca, Jardim Botânico. O filme critica a especulação imobiliária, desalojamento dos pobres, supremacia dos ricos e também a escravatura. Em determinando momento, a narração diz que o Brasil foi o primeiro País a importar negros da África, e o último a abolir a escravidão. Com um impressionante acervo de fotos e videos, além de registros em áudios, é um filme obrigatório e que deveria ser exibido em todas as escolas e faculdades.

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