quarta-feira, 21 de junho de 2017

Animal Politico

"Animal político", de Tião (2016) Concorrendo no prestigiado Festival de Rotterdan em 2016, o longa de estréia do curta-metragista pernambucano Tião é uma fábula que mescla linguagem de documentário e de ficção. Usando a premissa de clássicos como "Zabriskie Point", de Antonioni, e "Na natureza selvagem", de Sean Penn, Tião coloca como protagonista de seu filme, uma vaca ( de verdade!), que se mistura aos humanos de forma espontânea, fazendo parte da rotina dos seres humanos. Ela faz o cabelo no salão de beleza, malha na academia, come em restaurantes chiques, vai pra balada, perambula pelas ruas da cidade, trabalha...criada em uma família de classe média, composta por um casal e uma filha pequena, a vaca vive feliz. Até que um dia, ela sucumbe na mais cruel crise de existencialismo. Disposta a saber qual o sentido da vida, ela desamba a caminhar pelas ruas, até chegar ao deserto, crente que o lugar irá lhe trazer iluminação ( qualquer semelhança com a passagem de Cristo pelo deserto, não será mera coincidência). A vaca encontra no caminho um ser robótico, uma espécie de oráculo do Google, que irá que dar resposta par qualquer de suas perguntas. Insatisfeita, logo ela dá de cara com macacos e com o monolito de "2001, uma odisseia no espaço". Uma vez iluminada, a vaca consegue ficar de pé, e a partir daí, ela resolve retornar para cidade grande e repensar toda a sua trajetória. Seria muito fácil dizer que o realizador desse filme tomou um forte ácido para conceber o projeto. Pode até ser que isso tenha acontecido, mas o resultado é muito curioso, bizarro e divertido. A primeira parte, com a vaca real, é bem debochada e parece sketch de um programa de humor televisivo. Na segunda parte, já com um ator vestindo a roupa da vaca, é mais tosca, divagando nas questões já propostas nos filmes citados acima: consumismo, critica ao modo de vida burguês, racismo, imperialismo etc. em determinado momento, o filme para e somos obrigados a assistir a um curta muito doido, chamado de " A pequena caucasiana", que não sei porque, não foi criticado pelas feministas, por conta de uma jovem branca totalmente nua proferindo palavras de ordem sobre racismo, terceiro mundo e coisas e tal. Um filme com certeza ousado e polemico, que teria sido mais interessante se ficasse mais nas brincadeiras de referencias cinéfilas.

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