segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Wiener dog
"Wiener dog", de Todd Solondz (2016)
Em 1995, um filme me chamou atenção: "Bem-vindo à casa de bonecas" me chocou pelo seu humor negro e pela crueza com que o diretor e roteirista Todd Solondz tratava a sua protagonista, uma adolescente feia que sofria bullying na escola e era rejeitada pela família. Não havia a mínima compaixão pela personagem e Solondz não fazia o mínimo esforço para que o espectador se afeiçoasse a ela. No seu filme seguinte, "Felicidade", várias histórias entrecortadas, e em comum com seus trabalhos anteriores, os personagens eram todos loosers e com baixa auto-estima. Pensei: "Ta aí um grande diretor , cuja filmografia acompanharei bravamente. Assisti a todos os seus filmes posteriores: "Histórias proibidas", "Palindromos", "A ida durante a guerra"e "Dark horse". O universo dos marginalizados, depressivos, pedófilos, suicidas, transgressores e psicóticos continua em todos os filmes. O seu humor negro pende para a depressão, e é muito comum sairmos abalados de seus filmes. Mas infelizmente, nenhum desses filmes atingiu a genialidade dos seus 2 primeiros filmes. São repetitivos e irregulares. Agora, ele lança "Wiener dog", e novamente, todo o seu mundo cinza-negro retorna, com os mesmos tipos e a mesma psicologia de personagens depressivos. Dessa vez, 4 histórias entrecruzadas por um cachorro basset, que passa de dono em dono. A cada dono, acompanhamos personagens da mais baixa auto-estima que você possa imaginar. Na 1a história, um marido compra o basset para seu filho em estágio terminal, para que possa reanimá-lo. Sua esposa recrimina a presença do animal em casa. O menino no entanto, questiona a sua mãe sobre a falta de liberdade e independência do cachorro em relação ao ser humano. Na 2a história, uma assistente de veterinário (Greta Gerwig) adota o basset, e acompanhamos a sua relação com o namorado (Kieran Culkin) viciado e o irmão dele, um portador de sindrome de down casado com outra portadora. Na 3a história, um professor de roteiro 9 Danny de Vito) dá aula em uma faculdade de cinema, porém os alunos e a coordenadora o consideram ultrapassado e fracassado. Na última história, uma idosa ( Ellen Burtsyn) , desencantada com a vida, se vê às voltas com fantasmas do passado.
Apesar do belo elenco, com atores experientes e outros desconhecidos mas com o mesmo potencial, o filme não empolga. É lento, as histórias não oferecem grande interesse e Todd Solondz faz mais do mesmo. Ele, que já foi um grande autor controverso e polêmico, ao falar de assédio sexual, pedofilia e outras taras, no máximo consegue provocar controvérsias por conta de algumas cenas que envolvem o cachorro. Li em algumas matérias que muita gente boicotou o flime por conta do desfecho. Em se tratando de Solondz, não seria nenhuma surpresa a crueldade com que ele trata os seus personagens. Só lamento que o filme não tenha sido ainda o seu grande retorno como autor.
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