quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Tag
"Riaru onigokko", de Sion Sono (2016)
Esse é definitivamente um dos filmes mais originais que assisti recentemente. O cineasta japonês Son Sono é autor de alguns dos maiores cults do recente cinema japonês contemporâneo ( 'O clube do suicídio", "O jantar de Noriko"), e os seus filmes falam sobre amores fetichistas, mundos paralelos e muita bizarrice, todos com uma embalagem da extrema violência. Seus filmes são pops ao extremo, e por conta disso, ganhou fãs pelo mundo inteiro. Aqui no Brasil, infelizmente, ele nunca foi lançado comercialmente, e uma pena, não teve o reconhecimento merecido.
"Tag" lembra bastante o filme americano "The sucker punch". Em um elenco essencialmente feminino, a história gira em torno de Mitsuko, uma jovem colegial que, a caminho da escola, testemunha todas as suas amigas serem assassinadas por uma ventania assassina. Mitsuko passa o filme inteiro fugindo, e mais: ela adquire múltiplas personalidades, cada uma, interpretada por uma atriz diferente. Ora ela é Mitsuko, ora Keiko, ora Izumi.
O filme tem uma história complexa, que se explica no seu desfecho. Até lá, fica dificil para o espectador tentar entender o que está acontecendo. Mal comparando, era como se Bunuel ainda continuasse na ativa e tivesse dirigido esse filme, com uso de efeitos especiais e muita computação gráfica. Essa é uma das grandes virtudes de SIon Sono: não ter medo do ridículo e criar a história que bem lhe entender. É o caso de filmografia que, ou se ama, ou se odeia. Como diz uma das personagens do filme: " A vida é surreal, não deixa ela pegar você. Não deixa ela te consumir.".
Como todo filme japonês, os efeitos beiram o tosco, com muito sangue jorrando. A atriz Reina Triendl está excelente no papel de Mitsuko. As feministas irão adorar o filme, mesmo que durante a projeção, pensem que as meninas representadas na história reforcem o estereótipo do cinema japonês de garotas vestidas de colegial e com calcinhas aparentes. No final, tudo se revela. Altamente recomendado para quem curte um cinema diferente.
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