domingo, 25 de setembro de 2016
O espírito da colméia
"El espíritu de la colmena", de Victor Erice (1973)
Diretor espanhol de apenas 3 longas em sua carreira, Victor Erice tem em "O espírito da colméia" a sua grande obra-prima, considerada por críticos espanhóis o 3o melhor filme nacional de todos os tempos. Assim como em "Cria cuervos" e "O labirinto do Fauno", o filme tem como subtexto a ditadura de Franco e a sua unfluência na vida das pessoas durante o ano de 1940, em uma pequena cidade da Espanha. Na metáfora sobre o Poder, o medo e a morte que ronda a todos, o filme narra a lúdica história de Ana e Isabel, duas irmãs que vão ao cinema itinerante assistir a uma projeção de "Frankestein". Ana fica impressionada com a figura do monstro, e questiona Isabel se a menina e Frankestein morreram. Isabel diz que Frankestein está vivo e que ele habita como um espírito em uma casa isolada no campo. É para lá que Ana se encaminha, sem saber que ela irá lidar com uma dura realidade.
Com uma direção brilhante, repleta de simbolismos e com planos primorosos, o filme conta também com uma mágica fotografia, a cargo de Luis Quadrado, e uma trilha sonora que encanta pelo tom fabulesco, de Luis de Pablo. A direção de arte é requintada e cheia de detalhes. O roteiro, primoroso, converge a história do filme com a de Frankestein, de uma forma inteligente. O desfecho é mágico, e lembra bastante o clima onírico da obra-prima "O mensageiro do diabo". O elenco está excelente, mas é em Ana Torrent, a pequena Ana, com apenas 6 anos de idade, que o filme se escora. Ela venceu o prêmio de melhor atriz em um Festival da Espanha na época. Anos depois, ela repetiria um papel semelhante na obra-prima "Cria Cuervos", de Carlos Saura. Repleta de cenas antológicas, é um filme que merece ser revisto de tempos em tempos, com seus planos longos e poéticos.
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