quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A terra e a sombra

"La tierra y la sombra", de César Augusto Acevedo (2015) Premiado com a "Camera D'or" no Festival de Cannes 2015, concedido a diretores de filmes estreantes, o colombiano me lembrou bastante o filme bósnio "Um episódio na vida de um catador de lixo", que venceu em Berlin o Prêmio do Juri e de melhor ator. Ambos os filmes buscam o olhar documental sobe a vida real de personagens vividos por pessoas comuns e não atores. No caso de "A terra e a sombra", acompanhamos o drama de uma família de cortadores de cena que precisa lidar com a eminente morte do filho, doente por conta das constantes queimadas da plantação da cana e que prejudicaram os seus pulmões. O patriarca volta ao local 12 anos depois de ter abandonado tudo. Descobrimos depois que a sua fuga foi porquê ele não suportava ver a região, que outrora era de laranjais, ser transformada em plantação de cana. O filme discute a questão da memória e o que vai sendo apagado. Além disso, o filme reserva um espaço para discussão social, através da história dos cortadores de cana que estão sem receber pagamento e resolvem fazer greve. Tendo em sua boa parte não atores, o cineasta convocou a preparadora brasileira Fatima Toledo, que é especialista em não-atores, para trabalhar o emocional deles. É um filme bonito, rigorosamente formal em termos de enquadramento. A narrativa é lenta, fria, e para os não cinéfilos é uma experiência cansativa. Para quem busca um filme que reserva espaço para um olhar documental para o terceiro mundo, desprovido de conforto, é uma boa pedida. Um filme triste e de perspectiva cruel. Nota: 7

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