domingo, 23 de agosto de 2015

Orfeu negro

"Black Orpheus", de Marcel Camus (1959) Um dos poucos filmes no mundo que ganhou o Prêmio de Melhor filme de Festivais de Cinema consagrados ( Oscar, Cannes e Globo de Ouro), "Orfeu negro" foi ovacionado e amado mundo afora, porém aqui no Brasil sempre sofreu duras críticas. O motivo? A alegação do olhar estrangeiro ( no caso de um Cineasta francês) sobre a cidade do Rio de Janeiro. Um olhar alegórico, fantasioso, o País do Carnaval e do samba, onde a pobreza é anestesiada pelo som dos batuques e de uma falsa felicidade que elimina vestígios de fome e analfabetismo. Adaptada da obra de Vinícius de Moraes, "Orfeu da Conceição", narra a história de Eurídice ( A inglesa Marpessa Dawn), uma jovem que foge de um homem misterioso, que ela tem certeza de que quer matá-la. Ela vem de Niterói e ai até o Morro da Babilônia morar com sua Tia, Serafina ( Lea Garcia). No seu caminho, ela esbarra com o galante manobrista de bonde, Orfeu ( Breno Mello), noivo de Mira ( Lourdes de Oliveira). Essa história acontece durante os 3 dias de Carnaval, e termina de forma trágica. Emoldurada por canções de Tom Jobim e Vinícius, o filme foi um dos responsáveis pela divulgação da Bossa Nova mundo afora. O cineasta francês Marcel Camus já havia vindo para o rio de Janeiro antes e se apaixonou pela cidade. Esse amor é visível em cada fotograma do filme. Belissimamente fotografado, com locações estonteantes que mostram um Rio de Janeiro lúdico do final dos anos 50, ainda embalado por um Carnaval ingênuo e romântico. Como imagens, é um documentário importantíssimo. O elenco é formado por atores profissionais e não atores, o que corrobora a intenção do Diretor de fazer um filme dentro da narrativa do neo-realismo italiano: Locações reais, personagens marginalizados e mistura de atores profissionais e amadores. Breno Mello era um ex-jogador de futebol, Marpessa era uma bailarina de Corpo de baile inglês e Loudres foi encontrada em um supermercado. Vendo o filme, a gente se impressiona com o naturalismo de todos. As crianças também são um grande destaque, sensacionais. Fiquei ainda mais encantado revendo esse filme ( havia visto a uns 15 anos atrás). Continua muito charmoso, lírico, surpreendente. Um retrato nostálgico de uma cidade e sua cultura que infelizmente, não voltam mais. Mesclando comédia, drama e musical, o filme acerta em cheio como filme de entretenimento,e ao gosto dos estrangeiros, exótico. Nota: 9

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