segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Raivoso sol, raivoso céu
"Rabioso sol, rabioso cielo",de Julián Hernández (2009)
O cineasta mexicano Julián Hernández venceu no Festival de Berlin 2009 o Teddy de melhor filme Lgbt por esse estranhissimo "Raivoso sol, raivoso céu".
Com 3:11 horas de duração, essa saga épica sobre o amor de 2 homens tem ecos de Pasolini, Derek Jarman e Jodorowsky. Rodado quase em sua totalidade em preto e branco, o filme é uma mescla hermética de drama, fantasia e experimentação. 2 jovens amantes, Kiery e Rio, fazem um pacto de amor, mas que não os impede de frequentarem banheiros públicos e cinemas de sexo explícito em busca de sexo fácil. O espírito de uma mulher vem até Ryo e o seduz. Antes de desaparecer, ela diz que algo vai mudar a sua vida. Surge então Tari, um boxeador que se apaixona por Ryo, até que resolve sequestrá-lo. Kiery trava então uma odisséia em busca de seu grande amor.
Dividido em 2 partes, uma mais realista e outra assumidamente fantástica, o filme impressiona pela sua libertinagem: os atores passam quase que o filme todo nús, as cenas de pegação são bem realistas e é tudo muito obscuro e maldito. A segunda parte, lembra bastante o Universo de Pasolini em "1001 noites", e de Fellini em "Satyrycon". Um jovem em busca de seu grande amor, vagando pelo deserto fantástico, habitado por espíritos andantes.
As cenas em sua maioria são extremamente bonitas e estéticas. Planos longos, bem construidos. Porém, a piração do cineasta, que deseja fazer desse filme uma ode ao amor gay, surta e a impressão que se fica e que tudo é muito pretencioso.
O filme não possui um diálogo sequer. É tudo no olhar, na atmosfera.
Não é filme para qualquer cinéfilo, muito menos espectador. É preciso extrema paciência e condescendência para se ver o filme até o desfecho. E a impressão que se fica é que sim, era um filme para ter 2 horas a menos. Mas não se pode acusar o cineasta de falta de ousadia.
Nota: 6
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