domingo, 26 de outubro de 2014
36
"36", de Nawapol Thamrongrattanarit (2012)
Uma história de amor em 36 planos estáticos. Ou um tratado sobre a memória em 36 planos que variam de 1 a 3 minutos. Ou um drama melancólico experimental que fala sobre perdas em 36 planos esteticamente criativos.
Assim é "36", um projeto experimental em forma de drama romanceado. A idéia do cineasta Nawapol Thamrongrattanarit era fazer uma homenagem aos filmes analógicos, 1a uma época que a geração de hoje em dia desconhece. Um rolo de filme para câmera fotográfica analógica tinha em média 36 poses. Assim, o cineasta resolveu contar a sua história em 36 planos, em um filme de duração de 68 minutos.
Original, criativo, inteligente, ousado. O filme narra a história de Sai, uma jovem produtora de locação que trabalha com cinema. Durante uma visita de locação, onde ela tira fotos com sua câmera digital, ela conhece o Diretor de arte OOm. Eles conversam sobre a tecnologia analógica e digital e também sobre memória perdida. Um ano se passa, e Oom foi embora. Sai sente uma profunda tristeza pela ausência dele. Ela recorre ao HD onde ela guardou todas as fotos que tinha de trabalho ao lado de Oom. Mas o Hd quebra, e ela recupera poucas poucas, mesmo assim, danificadas. Ela tenta assim, buscar em sua memória a lembrança da pessoa que ela ama.
O filme é poético, e incrível que ele seja Tailandês. Dessa cinematografia, eu conhecia a do cult Apitchapong, mas agora vou prestar mais atenção.
O filme é todo estilizado, as pessoas, com exceção de Sai, aparecem ou de perfil, ou de costas ou bem longe. Não vemos seus rostos. N!ao existe registro de suas feições. A trilha sonora é linda. Os enquadramentos, muito bacanas.
A atmosfera do filme me lembrou a do argentino "Medianeiras", todo aquele clima de solidão e de melancolia. A sensação de viver só no mundo.
Uma excelente surpresa. Um presente para cinéfilos.
Nota: 8
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