sábado, 11 de maio de 2019
Nosso tempo
"Nuestro tiempo", de Carlos Reygadas (2018)
O cineasta Carlos Reygadas é do tipo de realizador que as pessoas amam ou odeiam. Na sua filmografia, constam filmes polêmicos como "Batalha do céu", "Luz silenciosa" e "Post tenebra Lux", vencedor do prêmio de melhor direção em Cannes e que levou vaias homéricas.
"Nosso tempo", que concorreu em Veneza 2018 e levou o prêmio de melhor filme estrangeiro na Mostra de São Paulo do mesmo ano. tem muito em comum com os filmes citados. Todos falam sobre os problemas de um relacionamento de um casal, e que procuram solucionar através de amantes. Todos possuem quase 3 horas de duração. Carlos Reygadas é adepto do tempo cinematográfico, um aficcionado por Tarkovsky. Seus planos são longos, seu olhar naturalista apresenta as situações com um olhar documental, sem pressa, e os personagens percorrem a tela em registros de pouca dramaticidade. "Nosso tempo"exige bastante do espectador, e enfrentar suas 3 horas de duração são um grande desafio. A fotografia, deslumbrante e arrebatadora, registrando com muita sensibilidade e dando um caráter épico às terras que circundam a enorme fazenda de touros dos protagonistas, é do mexicano Diego Garcia, o mesmo realizador de "Boi Neon", de Gabriel Mascaro ( O Poster é idêntico para os 2 filmes).
O filme conta a história de um casal: Juan e Ester ( o próprio cineasta Calos Reygadas e sua esposa, Natalia López. Os filhos do casal também são dos próprios). Juan é poeta e cuida dos touros da fazenda. Ester administra a Fazenda. Para manter o casamento em crise, ambos se permitem ter relações extra-conjugais. Tudo vai bem até que Juan começa a sentir ciúmes excessivos de Phil, o domador de touros americano, que está tendo um relacionamento além da conta com Ester.
O filme começa com um belíssimo prólogo protagonizado por crianças e adolescentes, que brincam no lago repleto de lama da fazenda. É impressionante também um lindo plano aéreo, com a câmera acoplada a um avião, que circunda a cidade do Mexico. A direção de Reygadas, como sempre, impressiona pelo tom épico que ele dá para as cenas, algo que o aproxima de Terrence Malick e seu uso das lentes grandes angulares.
O filme é muito lento, e para poder apreciar a longa duração, é preciso estar bem descansado e pronto para testemunhar uma história de ciúme regado a amor e ódio, mas em tom bastante documental.
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