terça-feira, 28 de maio de 2019
Inferninho
“Inferninho”, de Gustavo Parente e Pedro Diógenes (2018)
Vencedor do Prêmio Teddy no Festival do Rio 2018, dedicado a filmes com temática Lgbtq+, além de outros prêmios em
Importantes Festivais, “Inferninho” é mais uma realização do importante Coletivo Alumbramento, do Ceará, de onde o Cineasta Gustavo Parente faz parte. Realizador dos excelentes “Doce amianto” e “ O clube dos canibais”, Parente agora divide a direção e roteiro com Pedro Diógenes.
O filme me lembrou o recente “Paraíso perdido”, de Monique Gardemberg e “Querelle”, clássico de Fassbinder. Todos esses filmes são bastante teatrais, com atuações empostadas e cenário e fotografia estilizados. “Inferninho” é um pequeno bar Cabaret, cuja dona, Deusimar, uma mulher trans, herdou de sua avó e sua mãe e que cresceu sempre ali dentro. Uma trupe bizarra de funcionários trabalha com ela, entre eles, uma faxineira lésbica, um pianista mudo tipo Excêntrico e um Coelho, além de uma cantora poliglota que canta forro em versão sensual. Os frequentadores são parte do universo Pop: Darth Vader, Wolverine, Mulher Maravilha, Mickey. No meio disso tudo, Deusimar se apaixona por um marinheiro, Jarbas. Empresários inescrupulosos querem comprar o bar para construir uma estrada e assim, Deusimar se sente dividida entre manter o local ou vender.
Metáfora sobre a militância e resistência em períodos sombrios, “Inferninho” faz uso de uma linguagem bastante livre e debochada, mesclando gêneros. Nada é para se levar a sério, o melodrama exacerbado vem em tons de humor. O filme é bastante claustrofóbico, e quando no final Deusimar se sente livre e “viaja” por países, o filme atinge o seu ápice criativo e emocional. Belo, lúdico e inquietante, o filme conta com um trabalho refinado de todo o elenco, que não teve medo de fazer um registro bastante diferente do naturalista.
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