sábado, 17 de outubro de 2015

Tudo vai ficar bem

"Everything will be fine", de Win Wenders (2015) Em 1993, Robert Altman dirigiu uma de suas obras-primas chamada "Short cuts". Em uma das histórias, uma mulher atropela uma criança que aparentemente está bem. Ela se despede da criança, sem saber que logo depois ela entrou em coma no hospital. E assim, a mulher vai seguindo sua vida. Em "Tudo vai ficar bem", Tomas ( James Franco) é um escritor que atropela uma criança na estrada. A mãe da criança, Kate ( Charlotte Gainsbourg) entra em luto profundo, junto de seu outro filho. Os anos se passam. Tomas se torna um escritor de sucesso, mas os fantasmas do passado insistem em procurá-lo. Até que um dia, o irmão do menino morto, Christopher, resolve entrar em contato. A grande maioria das críticas referentes ao filme o destróem, provavelmente por ser um filme de Win Wenders. Mesmo já tendo trabalhado com o melodrama ( Vide "Paris, Texas" e "Asas do desejo"), aqui ele se aproxima do modelo clássico americano do dramalhão. O filme não é ruim. Os atores estão bem, a trilha sonora de Alexandre Desplat é bela, a fotografia do mago Benoit Demie é maravilhosa e evoca bem o clima melancolólico da história. A expectativa talvez das pessoas é que Wenders fizesse uma obra-prima após 7 anos sem fazer uma ficção. Seu último trabalho foi o documentário "O sal da terra". Ao filme, ele incorporou a tecnologia do 3D, já absorvida após o sucesso de "Pina". Curioso ver Charlotte Gainsbourg repetir o papel da mãe em luto, após o filme "Anticristo", de Lars Von Triers. Acredito que tenha sido intencional essa escolha de atriz por parte de Win Wenders. Quanto a James Franco, ele é um bom ator de vários recursos, fazendo bem drama e comédia. Rachel MacAdams foi a mais prejudicada, devido ao acento francês de seu personagem, que ficou falso. Desnecessário ter que fazer acento. Um roteiro tão denso poderia render maravilhas nas mãos de Douglas Sirk, o Mestre do melodrama americano dos anos 50. Mas sendo um filme de Diretor europeu, o que interessa e o fundo do poço e a sua redenção. Se é que ele existe. Um filme longo e lento. Mas para quem gosta de novelão, vai se acertar com essa proposta do Win Wenders. Exibido em Competição em Berlin 2015, de onde saiu debaixo de pedradas. Nota: 7

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