domingo, 18 de outubro de 2015

O Silêncio

"Tystnaden", de Ingmar Bergman (1963) Falar sobre a inquietação em uma obra de Bergman é ser extremamete redundante. Mas como ficar alheio a um filme realizado em 1963, com cenas de sexo, nudez, masturbação feminina, e que trata de temas como incesto, niinfomania e lesbianismo? Bergman foi ousado, um Artista muito à frente de sua época. Acredito que esse filme tenha sido um grande esândalo na época de lançamento. Mas pode ser também que o seu hermetismo tenha discretamente camuflado todos os signos existentes em sua narrativa. Integrante de uma trilogia que fala sobre a incomunicabilidade, chamada "A trilogia do silêncio" ( composto também por "Através de um espelho" e "Luz do inverno", "O Silêncio", visto hoje em dia, é com certeza um embrião de um de seus filmes mais famosos, 'Gritos e sussurros". "o Silêncio" é uma fábula negra e surreal sobre a repressão sexual e sobre a Morte que rondeia a todos. Duas irmãs, Esther ( a intelectual) e Anna (jovem e fogosa) viagem de trem pela Europa Central, acompanhados de Johan, menino de 10 anos, filho de Anna, que o não lhe dá muita atenção. Esther sofre de doença terminal e resolvem parar em uma cidade para que la descanse no quarto do Hotel. O país é fictício e elas não conseguem se comunicar. Enquanto Esther permanece no quarto, Anna vai para as ruas e entra em um café, onde ela é assediada por um homem e presencia um casal fazendo sexo. Johan, por sua vez, circula pelos corredores do hotel, armado de seu revólver de brinquedo e se deparado com tipos estranhos, como anões espanhóis e um Concierge idoso. O filme é bem alegórico e cheio de significados. Eu não sou entendedor da psicanálise, ma é evidente todas as questões discutidas no filme, referente a traumas e fetiches sexuais e frustrações. O fato do filme ser ambientado em lugares claustrofóbicos, como o quarto, o vagão do trem, os corredores, é para mostrar o sufoco pelo qual os personagens passam em não poderem se expressar no contexto sexual e verborrágico. Espertamente, Bergman localiza seu filme em um lugar onde ninguém entende a língua do outro, se comunicando através de sinais ou mímicas. A fotografia de Sven Nykvst é carregada nas sombras, provocando uma sensação asfixiante. O filme deve ter influenciado com certeza muitos cineastas existencialistas e ouso dizer que esteticamente, Wes Anderson e Kubrick pegaram referências aqui. Outro que também puxou elementos do filme com certeza foi Fassbinder em "Lágrimas amargas de Petra Von Kant". A cena das duas irmãs discorrendo sobre amor e poder , no quarto, é puro Fassbinder. Um filme cheio de detalhes e nuances e obrigatório para Atores que querem aprender a trabalhar com o rosto sem uso das palavras. Nota: 8

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