domingo, 4 de outubro de 2015

Os irmãos Lobo

"The wolfpack", de Crystal Moselle. Quando digo que a vida profissional é composta de 3 elementos: Talento, Sorte e oportunidade, muita gente discorda de mim. Mas esse filme é justamente isso. A documentarista Crystal Moselle, no ano de 2010, havia acabado de se graduar na New York Film Academy of Visual Arts. Andando pela First Avenue, ela observou 6 jovens caminhando, todos vestidos de terno preto e óculos escuros, como se fosse uma reeencenação de "Cães de aluguel", de Tarantino. Curiosa, ela se aproximou dos jovens e descobriu algo que nem o melhor roteirista do mundo ousaria escrever: Os 6 eram irmãos, e durante 14 anos, foram confinados no apartamento onde moravam em um conjunto habitacional de NY, obrigados a permanecerem lá, junto da mãe deles e da outra irmã. O pai, um peruano que tem ideiais contra o Governo e a sociedade, se recusava a trabalhar e impedia os filhos de irem para as ruas para que eles não se envolvessem com drogas e pessoas corruptas. Desde crianças, eram foram educados pela mãe e qualquer contato com o mundo exterior foi feito através de filmes que eles assistiam na Tevê. Assim, podemos dizer que o Cinema salvou a vida de todos eles, caso contrário teriam todos enlouquecidos ( a irmã tem sinais de demência). Os irmãos improvisaram objetos de cena, cenários e figurino e assim passaram anos se divertindo representando cenas de filmes famosos. Um dia, em 2010, por um descuido do pai que deixou a porta aberta, um dos irmãos foi para a rua vestido do serial killer Michael Meyers e foi imediatamente preso e levado a um hospital psiquiátrico. A partir daí, o mundo se abriu para os irmãos. Impossivel não se comover com a história dessa familia, e a paixão que a arte do Cinema trouxe para a vida deles ( inclusive o mais velho atualmente trabalha com cinema). As imagens são fortes, e é difícil acreditar que tudo aquilo foi real. Em pleno século 21!!! E no Centro de NY! O filme me lembrou bastante 2 produções: "O enigma de Kaspar Hauser", de Herzog, e "Colegas", de Marcelo Galvão". Do primeiro, vem a visão antropológica do selvagem aprisionado que, ao encontrar a civilização, se torna objeto de estudo. Do filme de Galvão, acompanhamos a historia de internos com síndrome de down que amam assistir filmes e quando fogem da instituição, reproduzem as cenas dos filmes na vida real. Um filme obrigatório para cinéfilos e para quem se comove com histórias tão incríveis de fazer cair o queixo. O que me fez falta, foi apresentar melhor a figura do Pai, evitando assim que a imagem dele fosse satanizada pelos filhos, esposa e pela platéia. Eticamente teria sido mais interessante. O Filme ganhou o grande prêmio do Juri em Sundance. Nota: 8

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