terça-feira, 17 de setembro de 2013

O estranho caso de Angelica

de Manoel de Oliveira (2010) Todo cinéfilo sabe que o português Manoel de Oliveira é o cineasta mais velho em atividade. Em 2010, ele filmou esse "O estranho caso.." com a idade de 102 anos. Lançado com atraso no Brasil, 3 anos depois, o filme narra uma história bizarra, provando que Manoel de Oliveira não teme se aventurar em áreas perigosas. No caso, ele brinca com o realismo fantástico e com uma bela história romanceada de fantasma. Isaac ( Ricardo Trepa, neto do cineasta) interpreta Isaac, um fotografo de descendência judia que numa noite de chuva, é chamado às pressas para tirar fotos de uma falecida. Ele descobre que a família da morta é dona de hoteis e portanto, ricos. Ao se deparar com Angelica, a falecida, Isaac fica impressionado com sua beleza. No dia seguinte, ao revelar as fotos em sua casa, ele vê a foto criando vida, e fica obcecado, achando que o espírito de Angelica veio para buscá-lo. Ele se apaixona de imediato por ela e a partir daí, o filme brinca com conceitos de vida/morte, antigo/moderno. O filme faz um discurso sobre a juventude de Isaac e sua predileção pelo antigo, pelo fora do tom, por ex, ele avista de sua janela um grupo de trabalhadoras que colhem uvas à moda antiga, e vai até lá para fazer esse registro e fotos. Na pensão onde ele mora, uma engenheira brasileira ( A atriz brasileira Ana Maria Magalhães) vem para discutir com engenheiros portugueses formas de modernizar a cidade. Sendo fotógrafo, Isaac, como dizem os índios, possui a habilidade de "aprisionar" o espírito de uma pessoa na foto. E isso é o que quase literalmente acontece com Angelica. A foto lhe traz de volta à vida, e mais, faz o fotografo se apaixonar por ela. Como todos os filmes de Manoel de Oliveira, é um filme de ritmo extremamente lento, quase sem movimentos de câmera, planos praticamente fixos e longos. Os atores principais agem meio que como autômatos: Isaac tem momentos que paralisa e fica observando o ambiente, sem reações. É muito estranho, mas eficaz para a trama e narrativa do diretor. No final, apesar de sua embalagem de filme de arte, fica-se a impressão de termos visto um belo romance movido à um tema de fantasmas. Quero chamar atenção para fotografia, esplêndida, em tonas escuros nos interiores e iluminada nas externas. Nota: 7

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