terça-feira, 16 de maio de 2017

Uma dama de óculos escuros com uma arma no carro

"La dame dans l'auto avec des lunettes et un fusil", de Joann Sfar (2015) O cineasta Joann Sfar dirigiu a cinebiografia de Serge Gainsbourg e também as animações "O profeta" e "O gato do rabino". Tendo como base o romance escrito por Sébastien Japrisot, que já foi adaptado para o cinemas nos anos 70, Joann Sfar une na mesma narrativa, homenagem aos Cinemas de Tarantino, Hitchcock e Brian de Palma. Femme fatale, o homem errado ( no caso, a mulher errada), cultura pop, dupla identidade, todos esses temas caros aos filmes dos cineastas citados, se misturam em um liquidificador de referencias que Joan Sfar realizou divinamente. Noir até o último fotograma, ele ainda brinca com as trilhas de Bernard Hermann, além de incluir sintetizadores típico dos anos 80. Como não se lembrar de “Psicose”, “ Duble de corpo” e “Vestida para matar” ? Nessa verdadeira salada, ele ainda escala uma jovem atriz escocesa, Freya Mavor, para interpretar Dany, uma secretaria francesa, sem grandes ambições na vida, a não ser, o de ver o mar. E é por causa dessa obsessão que ela se mete em uma grande enrascada. Dany vai fazer serviço de datilografia extra para seu patrão, por quem ela nutre um certo tesão. Mas ele é casado com sua amiga de adolescência, Anita. O casal precisa viajar para a Suiça e pedem para que Dany leve o potente carro Thumderbird de volta para a casa deles. Tentada, Dany acaba “pegando emprestado” o carro por um final de semana para poder viajar atá a praia. Ai que começa o seu pesadelo, pois ela é confundida com uma mulher misteriosa, e ainda encontra um cadáver no porta-malas. Muitos críticos torceram o nariz para o filme, considerando a trama mirabolante demais. Ora, boa parte dos filmes de Hitchcock também eram, e o espectador comprava a história. Não me incomodei com o desfecho explicativo. E ainda amei a estética que Joann Sfar imprimiu ao filme, repleto de estilização moderninha na edição. Para mim, uma das grandes surpresas do ano de 2017. Amei a trilha sonora, a fotografia. E o charme e encantamente dessa atriz, Freya Mavor, que me remeteu o tempo todo a Liv Ulmann na flor de sua juventude.

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