segunda-feira, 15 de maio de 2017

Kaili Blues

"Lu bian ye can", de Bi Gan (2015) Ao terminar de assistir a esse extraordinário filme independente chinês, fiquei duplamente surpreso. Primeiro, porque o Roteirista e Diretor Bi Gan tinha apenas 26 anos de idade quando realizou o filme. Segundo, pelo magistral plano-sequencia de mais de 40 minutos de duração, que envolve cena com moto, escadaria, barco, ponte e um sobe e desce de casas inacreditáveis. "Kaili Blues" é um drama melancólico, que lembra bastante a temática dos filmes de Jia Zheng Ke, por tratar de memória: passado, presente e futuro conectados. Com uma fotografia e câmera exemplares, o filme ainda tem um pezinho na literatura, através da leitura dos poemas declamados pelo seu protagonista. Chen é um ex-presidiário, preso por 9 anos para acobertar um crime de seu chefe. Solto, ele se tornou médico em sua cidade, Kaili, além de poeta. O irmão de Chen é viciado em jogos, e tem um filho pequeno, Weiwei, que Chen trata como se fosse seu filho. Irritado com a presença do filho, o irmão de Chen o vende. Esse, desesperado, vai até a cidade para onde o garoto foi, para tentar resgatá-lo. Com um roteiro repleto de cenas tristes e cruas, "Kaili Blues" deixa no espectador uma dor no coração. Os personagens são todos loosers, sofredores, abatidos pela letargia que a vida dura lhes proporcionou. Mas o que importa mesmo é o enorme plano-sequencia. Fico imaginando a grande dificuldade de realizar a sequencia, pois ela envolve uma geografia complexa, uma enorme quantidade de atores, figurantes e ações paralelas, alem do corte do cabelo do protagonista!!!!! Fico imaginando se alguém tivesse errado algo no meio do caminho, a grande confusão que seria. Por esse momento brilhante no filme, "Kaili Blues" ja merecia ser visto. O filme recebeu inúmeros prêmios internacionais, incluindo o prestigiado Locarno.

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