domingo, 15 de dezembro de 2013
Um toque de pecado"
"A touch of sin/Tian zhu ding", de Jia Zhangke (2013)
O cineasta chinês Jia Zhangke é um dos que mais festejo atualmente. Dono de uma filmografia autoral, de filmes que falam de uma China pessimista, de contraste entre moderno e antigo, entre ricos e pobres, entre proletariado e ricos. Nesse filme, vencedor da Palma de Ouro de melhor roteiro em 2013, Zhanke explora todos esses temas, mas com uma variante: se utiliza da violência explícita dos filmes de Takeshi Kitano ( um dos produtores do filme) e de Tarantino, e expõe visceras e rombos causados por balas de espingarda entre um plano e outro. O filme é dividido em 4 histórias, ambientadas em lugares distintos de uma vasta China, em locações extraordinárias, variando da metrópole ao campo rural. Na 1a história, um mineiro resolve expôr a angústia por seu patrão não dividir a riqueza com o vilarejo e populares. Na 2a, um rapaz volta para sua casa, após anos fora, e ao longo da história, descobrimos o porque do afastamento e a origem de sua grana. Na 3a, uma recepcionista de uma asa de massagem mantém um relacionamento com um homem casado, até que a esposa dele resolve tomar satisfação. Na 4a, um jovem metalúrgico provoca um acidente com seu colega de trabalho, mas foge. Vai trabalhar num club privê e se apaixona por uma prostituta. O filme é exuberante, forte, extremamente cinematográfico, belo, intenso, resumindo, muito foda! A violência grita na tela, de forma quase insuportável, mas importante para resumir a história de um país que sucumbe ao individualismo, à solidão, à ausência do próximo, e consequentemente, provocando a loucura e um instinto assassino que cada um carrega em si. A cena inicial, com o motoqueiro na estrada, é uma obra-prima de concepção. O filme não é para qualquer gosto: na sessão do Laura Alvim que assisti, metade do cinema saiu xingando o filme. Concordo que o filme é longo (140 minutos), mas fiquei preso a ele a cada minuto. As imagens são hipnoticamente belas, não tem como não ficar extasiado. Curiosa é a metáfora que ZhangKe faz com os animais: cobras, cavalos, bois, marrecos, etc, todos eles surgem sofrendo algum tipo de violência, sugerindo que o homem passa pela mesma situação. Nota: 9
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