quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Ela vai

"Elle s'en va", de Emmanuelle Bercot (2013) A atriz ( do filme "Polissia") e cineasta Emmanuelle Bercot realiza em "Ela vai", que participou do Festival de Berlin 2013, um filme que fala direto ao coração: uma viagem emocional, através de uma protagonista que a pretexto de seguir de carro pelas estradas da França, vai em busca de sua verdadeira identidade. Essa jornada da alma encontra em Catherine Deneuve a mais perfeita tradução de um ator que se dôa para a sua personagem. Bettie, a personagem, faz rir, faz chorar, faz emocionar, faz sentir ódio e piedade. Em outros tempos, Giuletta Masina teria encarnado com o mesmo espírito de "Noites de Cabíria". Ou mesmo Cecilia Roth em "Tudo sobre minha mãe". Em comum, a alma feminina rasgada, trucidada, machucada, mas mesmo assim, pedindo passagem, porquê entende que "a vida continua", como é dito na frase final do filme. Bettie é uma viuva, abandonada pelo amante, que comanda um restaurante à beira da falência, Ela mora com sua mãe dominadora. Um dia, ela sai de carro e resolve não mais voltar. Segue estrada sem rumo: transa com um garotão, totalmente sem culpa, bebe, se envolve com outras solteironas, posa para catálogo de Miss ano 69…mas o mais importante, é o seu reencontro com sua filha e seu neto, que ela não vê a anos. Prncipalmente Charly, o menino genialmente interpretado por Nemo Schiffman, que segue nessa cruzada pelo mundo afora, como em "Central do Brasil", tentando resolver as diferenças emocionais e de geração. Até fiquei imaginando Fernanda Montenegro e Vinicius de Oliveira nesse filme. É aí que o filme emociona mais, e de onde eu derramei litros de lágrimas. A direção de Bercot aposta em um filme nostálgico, na onda da "Nouvelle Vague": solto, sem amarras, cheio de frescor. Uma trilha sonora fenomenal, com músicas dos anos 60, aliado a uma fotografia esplendorosa e saudosista, de Guillaume Schiffman, que também realizou "O artista" e "Serge Gainsbourg". Uma pequena jóia do cinema, imperdível. Obs: Que linda reflexão sobre o tempo e a idade que o filme faz: Ver Deneuve botocada, gordinha, pesada, contrastando com as fotos que mostram ela jovem. É preciso muita abstraçao de vaidade para interpretar esse papel. Viva Deneuve, Diva eterna! Nota: 10

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