domingo, 8 de dezembro de 2013

Azul é a cor mais quente

"La vie D'Adele", de Abdellatif Kechiche (2013) O título original é "La vie D'Adele". A atriz que interpreta Adele se chama Adèle Exarchopoulos. Batizando seu personagem, a atriz Adele vibra em cena com uma das performances mais poderosas e intensas que vi recentemente. Impressionante a sua facilidade em se emocionar, chorar, botar a emoção pra fora. Ao mesmo tempo, Léa Seydoux, que interpreta Emma, é o oposto: centrada, focada, guardando suas emoções pra si, sem externar. Mas igualmente intensa. E somente pelas duas atrizes já valia a pena assistir a esse filme vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2013. O filme narra a epopéia de uma mulher: Adele, que tem sua vida exposta pelo filme dos 17 aos 22 anos, tem uma vida normal como qualquer pós adolescente: acha a escola um saco, seus pais a sufocam, seus amigos são uma falsidade só, e tem um namorico com um bonitão da escola, mas ai ela percebe que não curte homens. E isso porquê, obra do acaso, ela conhece Emma num cruzamento de uma rua. E desde esse dia, ela não a tira de sua cabeça. Finalmente se conhecem, se amam ( explicitamente, devoradas pelo tesão), moam juntas, se degladiam, sofrem. Como em qualquer relacionamento. Tudo isso é visto em 3 horas de filme, como se uma câmera escondida estivesse filmando a vida de Adele. O grande trunfo do filme, além das atrizes, são os diálogos, improvisados, realistas. A gente acredita em tudo o que está vendo na tela, mesmo porquê rola muito despojamento, tempo real, O roteiro se permite fazer elipses temporais, o que é interessante. Desde "A flor do meu segredo", de Almodovar, eu não via tanta preocupação estética com cores como nesse filme: existe uma profusão de cores azul em cada plano: no figurino, na arte, em tudo! Até mesmo na melancolia ( Blue). Sim, eu senti as 3 horas, sim, eu tiraria meia hora de filme. Mas é um filmaço. O que é muito interessante no filme é a sua linguagem: Um filme quase que inteiro feito de closes….muito belo, seus sorrisos, detalhes de prazer, o espectador como voyeur.Atenção mega especial para duas cenas: a discussão e a do café. Antológicas. Nota: 9

Um comentário:

  1. Oi. Acabei descobridno seu blog hoje por acaso.
    Li sua opinião sobre o filme e concordo. Tiraria meia hora, no começo há cenas "desnecessárias".
    Notável o azul em tudo, incrível o crescimento da atriz e personagem Adele; as atitudes de uma adolescente até quando fica adulta. Engorda e depois emagrece.
    Eu sou atriz e saí chorando desse filme. Segurando as lágrimas porque a cena do café é o típico "eu amo essa pessoa e a quer do meu lado. Preciso me conter, mas não consigo". É emocionante.
    Adele ou tem facilidade pra chorar, ou o diretor à provocou muito (tipo método Fatima Toledo) ou é boa mesmo. Acredito que as 2 últimas sejam o mais provável.
    A atriz que faz Emma, o quer dizer? Madura, segura, consistente. Vc cresce com a história de amor das 2.

    ResponderExcluir