quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

A useful ghost

"Pee chai dai ka", de Ratchapoom Boonbunchachoke (2025) Um dos filmes mais ousados e criativos que assisti nos últimos anos, 'A useful ghost" é uma impressionante estréia na direção do cineasta e roteirista tailandês Ratchapoom Boonbunchachoke. Vencedor do grande prêmio da semana da crítica no Festival de Cannes 2025, "A useful ghost" é o filme indicado pela Tailândia à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2026. O filme parte de uma premissa de realismo fantástico que é bastante comum a muitos filmes famosos, como 'Ghost", "Um espírito baixou em mim": a esposa de um homem morre, e o espírito dela baixa em um aspirador de pó!!!! O que parece uma premissa de comédia maluca, se torna uma poderosa metáfora sobre memória e sobre a história da ditadura militar no país, onde muitos civis foram assassinados. É também uma história de amor entre pessoas queer e heteros. Me lembrei de imediato dos filmes de Apichatpong Weerasethakul, o mais famosos cineasta tailandês que trabalha com esse universo mágico. March (Witsarut Himmarat) e Nat (Davika Hoorne) são um casal feliz. March é um dos filhos da empresária viúva Suman (Apasiri Nitibhon), dona de uma fábrica de eletrodomésticos. Quando Nat morre de problemas respiratórios por conta da poluição do ar, ela reencarna em um aspirador de pó. Segundo a tradição religiosa, quando alguma pessoa ainda tem memória do falecido, o espírito permanece errante na terra, e só consegur ir embora de vez quando todos se esquecem do morto e sua memória se esvai. Samur e os sogros querem expulsar de vez Nat na forma de aspirador de pó e contratam uam empresa que faz eletrochoques em March para que ele se esqueça dela. Paralelamente, um estudante queer, Ladyboy (Wisarut Homhuan) compra um aspirador de pó que vem com um espírito. Um técnico da empresa surge, Krong (Wanlop Rungkumjad), e passa a contar a história do espírito para Ladyboy. As performances lembram os personagens dos filmes de Mika Kaurismaki: não expressam emoções. Todo o visual é arrebatador. Não é um filme que irá agradar a todos os públicos, mas certamente o diretor trouxe uma identidade cinéfila que irá ecoar por um bom tempo.

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