segunda-feira, 1 de janeiro de 2024
Não espere muito do fim do mundo
"Nu astepta prea mult de la sfârsitul lumii", de Radu Jude (2023)
Premiado em Locarno, "Não espere muito do fim do mundo" é escrito e irigido pelo cineasta romeno Radu Jude, e como em seus outros filmes, ele aponta uma crítica ferrenha aos poders da sociedade, do governo, da indústria do entertenimento e à hipocrisia do ser humano, principalmente quando quer se dar bem em cima dos desfavorecidos.
O filme, de quase 3 horas de duração, traz diversos sub-plots, todos costurados pela presença de Angela (Ilinca Manolache, extraordinária), uma jovem assistente de produção freelancer que é contratada como motorista e assistente de produção de um filme institucional sobre acidente de trabalho. Ela trabalha horas extras, ganha pouco, tem o salário atrasado e péssimas condições de trabalho, além de ter que dirigir mesmo cansada e sonolenta. Ela é incumbida pelos produtores de gravar entrevistas com empregados que se acidentaram em uma empresa e por isso tiveram que se aposentar; além disso, ela busca equipamento e também pessoas. Nessa extrema carga horária, ANgela tem tempo ainda para fazer sexo e gravar stories de um personagem que ela criou, Bobita, que usa um filtro, transformando seu rosto feminino em um troglodita barbudo, falando frases machistas, homofobicas e polêmicas. São muitas as cenas esplÊncidas do filme, e destaco 3: a entrevista que ela faz com o cineasta Uwe Boll no set onde ele está filmando, ele que é considerado um dos piores cineastas do mundo; a reunião da equipe de produção com os clientes pelo Zoom, uma cena absolutamente hilária, genial e inteligente; e a cena final, de quase meia hora, em plano-sequência, com a gravação do institucional junto do funcionário acidentado e sua família, e precisando ter que regravar à exaustão.
Radu Jude é dos cineastas mais ferrenhos e provocativos da atualidade, e isos ele já provou em seu filme anterior, o polêmico "Má sorte no sorte ou pornô acidental", vencedor de melhor filme em Berlim e repleto de sexo explicito e ironia, detonando o governo e as políticas assistencialistas. O filme foi idnicado pela Romência à uma vaga ao Oscar 2024.
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