domingo, 28 de janeiro de 2024

A sobrevivência da bondade

"The survival of kindness", de Rolf de Heer (2023) Vencedor do prêmio Fipresci no Festival de Berlim, o drama de realismo fantástico "A sobrevivência da bondade" é visualmente arrebatador. Com fotografia de Maxx Corkindale, o filme foi todo rodado no deserto australiano e traz uma triste e pessimista visão da humanidade. A história é uma metáfora sobre o colonialismo e sobre o racismo do homem branco contra negros e asiáticos. Em um futuro distopico pós apocalíptico, um vírus dizimou boa parte da população branca, que para sobreviver, precisa usar máscaras de gás. Os negros, no entanto, não sentiram o efeito do gás mortal, mas foram escravizados. Mulher negra (Mwajemi Hussein, estreando no cinema com força) está presa em uma jaula no meio do deserto, eixada para morrer de frio, fome e sede. mas ela consegue escapar. No caminho, ela encontra um museu e pega as roupas de um dos manequins. No caminho, ela encontra pessoas que pedem sua ajuda e também, muitos mortos pelo caminho. Em determinando momento, ela coloca uma máscara de gás para poder se passar por branca e não ser presa. Ela conhece e faz amizade com dois adolescentes do sul da Ásia (Deepthi Sharma e Darsan Sharma), que também usam máscaras de gás para disfarçar, mas acabam sendo presos e obrigados a trabalhar em uma fábrica. O filme, totalmente sem diálogos, me lembrou muito o cinema do holandês Jos Sterling, de "O ilusuinista": é um cinema fabular, com atmosfera de conto de fadas e de pesadelo, pessimista, com anti-heróis procurando entender o sentido de tudo o que se passa em seu redor. Não é um filme para qualquer espectador, sendo mais apreciado por amantes do cinema de arte.

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