sexta-feira, 6 de junho de 2014
Singapore Sling: o homem que amou um cadáver
"Singapore Sling: O anthropos pou agapise ena ptoma", de Nikos Nikolaidis (1990)
Sou um grande fã do Cinema grego, pois eles metem a cara na perversão. Não é uma cinematografia para qualquer um. Seus filmes mais famosos têm como tema o incesto, homossexualismo, sadomasoquismo, fetiches, extrema violência e a repulsa pela vida humana. "Miss violence", "Dentes caninos", "Alpes", são alguns exemplos de filmes onde através desses elementos, os diretores e os roteiristas fazem a sua metáfora sobre a situação exasperante pelo qual a Grécia está passando.
Nesse cult de 1990, "Singapore sling", além desses elementos temos também o canibalismo e o culto pela morte.
O filme é um desses projetos que a gente não entende o porquê e como foi realizado. É um esforço em conjunto de atores, diretor e roteirista, de querer colocar em uma narrativa experimental todos os podres do mundo. A isso, eles fizeram uma homenagem ao cinema noir americano: o filme é todo em preto e branco, e narrado em off pelo protagonista, em um tom que parece daqueles filmes policiais clássicos de John Houston dos anos 40. A homenagem que o filme faz ao cinema americano vem de seu título, provavelmente da obra-prima de Otto Preminger, "Laura".
A história não poderia ser mais bizarra: Em uma mansão, 2 mulheres, mãe e filha, contratam serviçais para depois fazerem deles meros joguetes de fetiches sexuais para satisfazê-las. Depois, ela os mata, devoram e enterram. A filha, quando criança, foi introduzida nesse mundo macabro pelo seu pai, que tirou a sua virgindade. Após sua morte, sua mãe e ela resolveram dar continuidade às atrocidades de seu pai.
Um detetive aparece do nada, querendo descobrir o paradeiro de sua amada, Laura, que foi trabalhar na mansão como secretária e desapareceu. O detetive, logo após apelidado por elas de Singapore Sling ( por causa do drink, cuja receita estava em seu bolso), é feito prisioneiro. Ele acaba sendo submetido aos caprichos sexuais das mulheres, que se amam e transam entre si. Em uma cena muito louca, a mãe transa com o homem acorrentado com tiras de couro e sendo eletrocutado. No fim, ela mija em sua cara.
Nem preciso dizer que esse filme somente deve ser assistido por cinéfilos que buscam uma linguagem autoral e provocadora.
Belamente dirigido, fotografado e com uma trilha melancólica que remete ao romantismo clássico. O clima todo de sordidez até lembra outro clássico, "O que aconteceu com Baby Jane", só que aqui, o buraco é mais embaixo.
Palmas para o elenco que embarcou na proposta do diretor, fazendo pra valer as cenas e acreditando em seus personagens. É um filme hermético, mas em constante clima de fantasia em narrativa não linear. Será tudo um pesadelo?
Nota: 8
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