segunda-feira, 23 de junho de 2014
Entre nós
"Entre nós", de Paulo e Pedro Morelli (2013)
Em 2012, o filme "As palavras", com Dennis Quaid e Bradley Cooper, foi lançado comercialmente. A trama: Um escritor narra em seu livro a história de um autor fracassado e sem criatividade que encontra um manuscrito de autor anônimo. Ele lê e fica abismado com o potencial da obra. Ele o lança e o livro é um enorme sucesso.
Em "Entre nos", a história gira em torno de um grupo de amigos escritores, que se reúne em 1992 em uma casa no alto da Serra da Mantiqueira. Durante uma celebração, 2 amigos pegam o carro para comprar mais bebida. Um acidente de carro e um deles morre. O outro sobrevivente pega o manuscrito antes que o carro exploda. Ele acaba lançando o livro como se fosse de sua autoria e o livro é um sucesso.
Em ambos os filmes, o tema é a Ética, tanto pessoal quanto profissional. Até onde uma farsa em prol da ambição pode destruir não só sua vida, mas também daqueles que ele ama?
Paulo Morelli, roteirista também do filme, pega ainda o mote de "O reencontro", de Lawrence Kasdan. O seu filme se passa em 2 épocas: 1992 e 2002. 10 anos depois, os fracassos e frustrações amorosas e profissionais se mostram arrasadoras. Nesse clima de total desamparo e melancolia, aliados a uma fotografia em tons escuros de Gustavo Hadba, o filme vai se desenrolando.
Todos os atores têm seus momentos de cena individual, com destaques para Caio Blat, Carolina Dieckman e Maria Ribeiro. Julio Andrade, Maria Nowill, Paulo Vilhena e Lee Taylor compõem os personagens do filme em participações mais discretas, mas igualmente intensas.
Lançado no circuito comercial, o filme foi um grande fracasso, dando um público de 70 mil pagantes.
Não sei dizer as pretensões comerciais de Paulo Morelli ao lançar esse filme, mas o tom depressivo da historia com certeza afastou o grande público.
Alguns excessos me incomodaram na narrativa: excesso de diálogos, incluindo muito papo jogado fora que só arrasta a trama; excesso de movimento de steadicam- eu sinceramente adoraria ter visto planos fixos em momentos de intensidade dramática, ao invés dela fazendo malabarismos em momentos de total intimidade; excesso de trilha sonora, que tira a atenção da cena em vários momentos...e excesso de sub-plots desnecessários que só aumentam a duração do filme - a eterna discussão e picuinha do casal Julio Andrade e Maria Nowill vamos combinar, é uma chatice.
A se louvar a iniciativa de se produzir um drama autoral, com tantos atores bons em cena. Pena que a fotografia escura dê um tom tão sombrio à trama. Seria mais interessante e menos óbvia uma luz mais solar diante de conflitos dramáticos.
Nota: 7
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