quarta-feira, 18 de junho de 2014
20 dedos
"20 fingers", de Mania Akbari (2004)
Ótimo drama iraniano dirigido, escrito e protagonizado por Mania Akbar. Mania começou sua carreira no cinema sendo atriz do filme "10", de Abbas Kiarostami em 2002. Desde então, ela se dedicou a filmar longas de ficção e documentários. Por conta dos temas polêmicos em seus filmes, Mania é considerada uma persona non grata no Irã, país que ela acabou largando para ir morar em Londres. Dedicado ao seu Mestre Abbas Kiarostami, Mania faz aqui em "20 dedos" uma radiografia do papel da mulher na sociedade machista e tradicional iraniana, presa a arquétipos milenares que fazem da mulher uma pessoa sem muitas condições de lutar pelos seus ideais e pela sua independência. Em 7 episódios que retratam a vida cotidiana de um casal, interpretado por Bijan Daneshmand e a própria diretora, Mania fala sobre aborto, lesbianismo, ciúmes, machismo, casamento e infidelidade.
O título, "20 dedos", se remete a uma tradição cultural iraniana que diz que uma mulher que teve 20 relações com homens diferentes é considerada uma puta.
Curioso como o cinema iraniano recente resolveu pegar o tema da infidelidade e discussão de casal para mostrar a nova faceta da sociedade. "Procurando Ely" e "A separação" são dois ótimos exemplares de filmes brilhantes iranianos que além de tudo, possuem performances estupendas do seu elenco. É o mesmo caso desse "20 dedos". os 2 atores trabalham em cima do improviso e do naturalismo, para dar um ar documental ao registro do casal. Mas o mais interessante é a linguagem que a diretora usou para narrar essa história. São 7 momentos da vida deles. Casa cena, composta por planos-sequências de até 10 minutos, sao ambientados em veículos, numa metáfora de um relacionamento em constante turbulência: carro, teleférico, barco, moto..é um vale-tudo para levar a cabo a idéia fascinante da diretora. A cena da moto é uma pequena obra-prima de marcação e realização. O casal discute na moto, a mulher sai com a filha, pega um táxi, a câmera está dentro do táxi, vemos o marido com a moto do lado de fora perseguindo o táxi, o táxi para, a mulher sobre na moto de novo. e isso tudo com um trânsito infernal! Só esse segmento já valia Nota 10. Mas o filme é bastante verborrágico e a diretora poderia ter dado chance para que imagens falassem pelos atores. Mesmo assim, vale ser visto. É um filme inusitado e forte nas interpretações.
Nota: 8
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