domingo, 1 de janeiro de 2023
Fogo fátuo
“Will O'the wisp”, de João Pedro Rodrigues (2022)
O cineasta português João Pedro Rodrigues atualmente é o maior nome do cinema quer de seu país. Realizador de filmes premiados e cults como “O fantasma”, “Morrer como um homem”, Odete”, “O ornitólogo”, ele agora chega com uma extravagante fantasia musical, repleta de críticas ao colonialismo português em países da África e claro, com muitas cenas homoeróticas fetichistas, que é o que ele faz de melhor. O filme ganhou diversos prêmios internacionais, além de ter concorrido no Festival de Cannes 2022 na Mostra Quinzena dos realizadores. No ano de 2069, em seu leito de morte, o Rei de Portugal Alfredo escuta uma música que o faz relembrar de sua juventude em 2020, quando ele desejava ser bombeiro e salvar as florestas do país, dizimadas por incêndios. Mas é justamente quando ele se alista no corpo de bombeiros, que Alfredo desperta o seu desejo por homens, em especial, o bombeiro negro Afonso, com quem mantém um relacionamento.
Com apenas 67 minutos, o filme provoca a história portuguesa de dominação. Em uma cena bastante erótica, um grupo de bombeiros nos provoca o jovem Alfredo, que estuda história da arte. Eles reproduzem quadros famosos de Velasquez e Caravaggio, mas Alfredo não reconhece nenhum, explicando que em seu palácio apenas existem pinturas de Conrado Rosa, famoso pintor português do século 18 que retratava os negros africanos colonizados. Outras cenas bastante eróticas: o aprendizado de Alfredo como bombeiro, e a cena onde ele precisa fazer um exercício de reavivar Afonso no boca a boca. Em outra, Afonso projeta várias fotos de pênis ampliados, e. Alfredo é desafiado a dar nomes de florestas portuguesas em cima dos tipos e tamanhos de pênis, fazendo analogia. Os números musicais são divertidos e muito voltado ao público Lgbt, com muita pinta e alegorias. De certo não é filme para qualquer público, mas João Pedro sabe disso e assim continuará sendo uma das vozes mais contestadoras e provocativas do cinema atual.
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