domingo, 1 de janeiro de 2023
Dzi Croquettes
"Dzi croquettes”, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez (2010)
Filha do cenógrafo Américo Issa, que trabalhou com os diz Croquettes de 76 a 1980, a atriz e cineasta Tatiana Issa realiza um documentário emotivo e narrado pela memória, uma vez que ela vivenciou os bastidores do espetáculo ainda criança. Assim como Leandra Leal, que dirigiu “Divinas divas”e também se baseou na memória afetiva e no carinho para descrever o seu olhar da coxia quando criança, Tatiana se refere ao grupo como sua família. E é dessa forma carinhosa que o espectador é apresentado ao grupo que revolucionou o teatro brasileiro, trazendo deboche, uma nova linguagem repleta de improvisos teatrais e números musicais e precursor do besteirol, movimento teatral de humor que fez sucesso nos anos 80 e 90.
Premiado em diversos festivais, o filme segue a ordem cronológica para falar da criação e do fim do grupo, que foi de 1972 a 1976, na sua formação original, mas chegaram a fazer novas formações que durou até o início dos anos 80. O filme começa mostrando imagens e cartelas falando da evolução do golpe militar no Brasil, até o AI-5, em 68. E foi nesse período de total controle do governo em todos os setores, que contraditoriamente surgiu o Dzi Croquettes ( o nome vem porque um pequeno grupo se encontrou em uma lanchonete e se inspirou nos croquetes, salgadinhos, e pada dar referência aos musicais americanos, o fone “Dzi"vem da forma de se falar ‘The”). Formado por 13 atores/bailarinos que improvisavam sketches onde tinham números musicais, misturavam os ritmos brasileiros com o Jazz, o Teatro de Revista com os musicais da Broadway, o improviso como provocação e interação com a platéia. Eles não se consideravam homens nem mulheres, mas gente como qualquer um. Com o momento mais crítico da ditadura, eles foram para o exílio: primeiro Portugal, depois Paris. Mas a mídia os boicotou, até que Liza Minelli, ao ver o espetáculo, ficou encantada e os apadrinhou, e a partir daí, o grupo fez enorme sucesso. Ao receberem convite para fazer espetáculo na Bahia, e já saudosos do Brasil, o grupo acabou se desfazendo, com uma briga de dois integrantes: Lennie Dale Claudio Tovar. Veio uma nova formação, mas o grupo acabou não durando muito.
O filme homenageia carinhosamente a “família”: vários integrantes morreram de Aids ( 8), entre eles Lennie Dale, , outros 3 foram assassinados. Dos remanescentes, poucos, ficaram Bayard, Claudio Tovar, Ciro Barcellos. Benedito Lacerda e Dario Menezes, hoje um premiado documentarista.
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