sábado, 28 de novembro de 2015

Victoria

"Victoria", de Sebastian Schipper (2015) Você consegue imaginar um filme rodado em um único plano-sequência de 140 minutos de duração? Que comeca em uma boite, depois vai pras ruas, para as coberturas, para um assalto a um banco, para voltar à bote e daí virar filme policial com direito a tiroteios e tudo o mais? Tô falando de um plano-sequência real, nada de "Birdman" onde o camera ia até uma porta ou parede para cortar o plano e emendar depois na pós. Pois é, esse é o grande trunfo de "Victoria". E também a sua maldição. O roteiro em si é médio e sem muita originalidade, afinal, a história de uma jovem gringa ( espanhola) em Berlin que se envolve com marginais gente boa e acaba sendo seduzida pelo lado mal da vida não é nenhuma novidade. O que vai fazer o filme ser lembrado mesmo é o tal do plano-sequência, que é muito foda, mas pensando em termos de filme-espetáculo, traz problemas de narrativa. Afinal, durante as caminhadas, as cenas de carro, existe muita improvisação e tempos mortos, e como o filme não tem corte, fica encheção de linguiça mesmo. Em qualquer filme narrativo esses tempos mortos seriam deletados. A cena onde isso fica mais patente é quando pegam um elevador para ir até o topo. Na falta do que contar, o cineasta coloca música como se fosse um clima lounge, mas de fato, nada mesmo acontece. Aí você pensa que dos 140 minutos do filme, pelo menos 30 minutos poderiam ter sido evitados. E porquê? Poque li que o roteiro original continham nada mais nada menos do que 12 páginas. Tudo no filme praticamente é improvisado, seja o que Deus quiser. E por conta disso, muita coisa é literalmente nada. Sem importância, somente para dar o tom de naturalismo. Mas aí vem o tempo fílmico, a diegese da história, que precisa acontecer entre as 4:30 da manhã e o amanhecer das 7 da manhã. Como se a vida real estivesse sendo documentada por uma câmera. Apesar do bom trabalho do elenco, em especial a dupla principal, a espanhola Laia Costa e o alemão Frederick Lau, quem merece todos os louros do filme é o cameraman Sturla Brandth Grøvlen. Todo mundo sabe da dificuldade de segurar uma câmera por muito tempo, pois cansa. Mas ele aguentou por todo esse período, como um herói. Ele caminha, corre, sobe escadas. entra em carro, elevador, faz o diabo. Um craque fenomenal, responsável em mostrar pela lente da câmera o que o espectador tem que testemunhar. Imagino o cansativo trabalho de ensaio do fllme. Li que foram filmado 3 vezes. Um grande desafio sem dúvida. Mas como exercício de plano-sequência em tempo real e que não teve barriga, ainda prefiro o terror chileno "A casa muda". Ah, li que o diretor pensou em um plano B, caso o plano-sequência não desse certo. Ele faria uma opção toda em jump cuts ( passagens de tempo abruptas). Chegou a editar mas parece que ele não curtiu. Pelo menos teve culhão de assumir o filme tal qual planejado. De tudo, o que mais gostei? A cena inicial, estroboscópica, na boite. Linda, um primor de visual. Nota: 7

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