terça-feira, 10 de novembro de 2015

Olmo e a gaivota

"Olmo e a gaivota", de Petra Costa e Lea Glob (2015) Documentário dramatizado co-dirigido pela brasileira Petra Costa, que já havia feito muito sucesso no circuito de arte com o seu filme anterior, "Elena", que fala sobre a depressão e suicídio de sua irmã. Em "Olmo e a gaivota", ela também fala sobre depressão. Mas em outro nível. O filme acompanha o casal de atores Olivia Corsini e Serge Nicolaï, que fazem parte de um grupo teatral francês, o Theatre du soleil. Durante os ensaios de "A gaivota", de Anton Tchekhov, Olivia se descobre grávida, e assim, impossibilitada de prosseguir no espetáculo. Pior: a sua gestação é de risco, ela não pode nem mesmo sair de casa. Assim, acompanhamos o seu périplo quase solitário ( seu marido continua nos ensaios, e ainda passa 1 semana viajando para Nova York com o grupo). O filme é uma metáfora sobre a gestação, tanto f;isica quanto artística, e o processo do Ator em relação ao seu grande papel, aqui no caso, de ser mãe. O conflito que comete todo artista que trabalha como free lancer é estar impossibilitado de continuar a trabalhar. Nessa crise emocional e existencial, Olivia discorre sobre ciúme profissional ( do marido por continuar trabalhando, e por ele estar em cena com atrizes mais jovens), problemas financeiros ( o drama de todo ator que precisa pagar as suas contas) e a solidão. Sobra espaço também para falar sobre envelhecimento físico e mental, e o quanto o amor de um filho pode ajudar a manter a união de um casal. Belamente fotografado e com um ótimo casal de atores para o espectador acompanhar, o único porém que me incomoda nesse tipo de documentário tão invasivo é saber o quanto os atores realmente estão à vontade com a presença de um,a equipe de filmagem e 2 diretoras o tempo todo. Tem uns momentos do filme que claramente entendemos que tudo ali está sendo encenado. Mas o que é de fato espontâneo? Essa é minha dúvida, mas no geral, não invalida a grande qualidade desse filme, que ganhou o Prêmio de melhor documentário no Festival do Rio 2015.

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