sexta-feira, 4 de abril de 2014

Noé

"Noah", de Darren Aronofsky (2014) As pessoas podem não gostar do excesso de efeitos especiais. As pessoas podem não gostar de filmes com temas bíblicos. As pessoas podem achar os Guardiões uma reciclada do visual dos Transformers. As pessoas podem achar esse tipo de filme grandioso meio fora de moda. Mas me desculpem, eu vou defender pelo menos duas coisas que para mim são fundamentais para a minha defesa desse filme ambicioso e impactante: as atuações e o roteiro. Todo o filme é estruturado em cima de um único tema: o perdão. Os personagens são construídos de forma a desenvolver todos as emoções: raiva, dôr, angústia, paixão, perda, compaixão. E tudo desembocando numa única finalidade: o perdão. Em várias cenas antológicas, esse sentimento se desenvolverá de forma brilhante: a cena das gêmeas, a cena do ataque dos homens e a defesa dos guardiões, a cena final. Os diálogos são excelente, escritos pelo próprio Aronofsky e Ariel Hendel, seu habitual parceiro nos outros filmes. A cena da esposa de Noé implorando pela vida das gêmeas é de uma forca dramática impressionante. E aí vem meu outro ponto: a atuação do elenco. Russel Crowe há muito já provou ser dos maiores atores da atualidade, mas aqui ele se supera. O conflito existente no olhar e na alma desse personagem está presente com precisão em cada olhar, na postura corporal, nas falas. Jennifer Connely, que já havia trabalhado em outro filme de Aronofsky, "Requiem para um sonho", está mais madura e muito mais bonita. A sua presença ilumina a tela do cinema com seu close deslumbrante e terno. Emma Watson e Logan Lerman, os 2 amigos de "As vantagens de ser invisível", mostram que estão cada vez melhores. Anthony Hopkins dá emoção e dignidade ao seu pequeno papel, mas a grande surpresa é Ray Winstone, no papel do amargurado Tubal-cain. Todos os personagens são construídos para serem bons e maus, evitando estereótipos. Aronofsky, apesar de trabalhar em seu primeiro filme de grande estúdio, consegue imprimir em alguns momentos a sua marca autoral: na cena da criação do mundo, narrado por Noé, por exemplo. Inquietante do jeito que é, esse cineasta não faria por menos. A fotografia de Matthew Libatique, também habitué dos filme de Aranofsky, é estonteante. com momentos mágicos de entardecer. A trilha de Clint Maell evita aqueles tons grandiloquentes dos épicos e investe em algo mais intimista e minimalista. Enchi de adjetivos superlativos nessa crítica, mas é porquê realmente o filme me comoveu, saindo do didatismo dos filmes bíblicos e investindo num filme de ação e drama, sem ranços. Nota: 10

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