quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Tabu

de Miguel Gomes (2011)
O cineasta português Miguel Gomes, do belo "aquele querido mês de agosto", realiza aqui uma verdadeira obra de arte. Com uma belíssima fotografia em preto e branco, o filme é dividio em 2 partes. Na 1a, chamada "Paraíso perdido", uma mulher de 80 anos, Aurora, mora com sua empregada negra. Pilar, sua vizinha, é a única pessoa com quem ela conversa. É um filme sobre solidão e velhice. Em seu leito de morte, Aurora manda chamar um senhor misterioso. Logo depois, o filme recua no tempo, nos anos 50, e mostramos a historia de Aurora. Fazendeira, ela monta sua fazenda em Tabu, aos pés da montanha Tabu, na Africa, ainda sob colonização portuguesa. Dividida entre o amor de seu marido e o de seu amante, a história caminha para um desfecho trágico. A 1a parte, que se passa na Lisboa contemporânea, apresenta uma narrativa composta de planos esteticamente formais e rígidos. Longos planos fixos ou em travellings, belos e contemplativos. A 2a parte é totalmente distinta: o filme se torna um filem mudo, todo narrado em off, e a história vira um melodrama com direito a mortes e juras de amor. Tudo centrado na região de Tabu, na Africa. Li que Miguel quiz homenagear o filme de Murnau, de mesmo nome. É um filme de autor, hermétic para cinéfilos, que se deixam levar pela beleza plastica e narrativa dessa poesia cinematográfica, que mesmo longo elento, enche os olhos de encantamento, na sua mistura de ficção e documental. Nota: 8

Um comentário:

  1. Legal, Hsu! Tem muita coisa bacana nesse filme. A linguagem de cinema mudo na segunda parte do filme. Senti uma presença do conflito de AS PONTES DE MADISON também, a questão da mulher, do marido, do amante. Achei o diretor tão ousado em alguns planos, como aquele em que vemos Aurora pela primeira vez, a camera fixa, mas tudo atrás dela se move... achei surreal isso. Adorei o filme. abs

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