quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Alpha

'Alpha', de Julia Ducournau (2025) Quando o Festival de Cannes apresentou a lista dos filmes concorrentes à Palma de Ouro em 2025, talvez o título que eu mais ansiava assistir certamente seria "Alpha", de Julia Ducornau. Ducornau surgiu no Festival de Cannes em 2016 com "Grave", de onde saiu com o prêmio da semana de crítica, o FIPRESCI. Em 2021, ela levaria a Palma de ouro por "Titane", o mais polêmico filme da edição. Somente 2 mulheres levaram a Palma de Ouro: além de Ducornau, Jane Campion levou em 1993 por "O piano", dividido com "Adeus, minha concumbina", de Chen Kaige. O que une os tr%es filmes da cineasta, é o seu fascínio pelo Body horror, com inspiração nos filmes de David Cronemberg, mas trazendo identidade própria, ao falar de sexualidade e relações familiares. A minha decepção foi tremenda quando terminei de assistir "Alpha". Não foi o filme que eu esperava. Quando li a sinopse que falava sovre uma metáfora sobre o vírus do HIV ambientado nos anos 80, aliado ao body horror e ao terror, eu fiquei ansioso. No final, eu adoraria ter visto um drama realista sobre a relação entre uma irmã médica e o seu irmão soropositivo e viciado em heroína. Mas a embalagem de "Alpha" traz um visual alucinante, mas confuso, com uma trama que fica demais no simbólico e deixando o espectador naufragando. A protagonista é Alpha (Mélissa Boros), 13 anos, que mora com sua mãe, uma médica (Golshifteh Farahani). O mundo está contaminando por um vírus que transforma as pessoas em mármores que se racham ou quebram com o tempo. Alpha decide, em uma festa com seus colegas, fazer uma tatuagem. AI chegar em casa, sua mãe a repreende, dizendo que qualquer contaminação vinda da agulha da tatuagem pode fazê-la pegar o vírus. A cicatriz não cicatriza e sangra, fazendo com que Alpha sofra bullying na escola, onde todas evitam se aproximar dela. Inesperadamente, seu tio, Amin (Tahar Rahim), retorna para morar com elas: ele está soropositivo e deseja morrer, mas sua irmã não deixa. O que torna o filme digno, é o trabalho de Farahani, atriz iraniana de "Procurando Elly", e de Tahar Rahim, que emagraceu 20 kgs para o papel e está impressionante.

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