sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Terror em Shelby Oaks
"Shelby Oaks", de Chris Stuckmann (2025)
Co-escrito e dirigido por Chris Stuckmann, "Terror em Shelby Oaks" traz a linguagem do "found footage" e do "Mockmantary", igual que nem o predessessor de todos, "A bruxa de Blair". A história me lembrou o recente "until dawn- A noite do jogo", onde uma mulher e um grupo de amigos tentam localizar a irmã desaparecida dela em uma cidade, onde ela nunca mais foi vista.
Uma equipe de um canal de Youtube, "Paranormal paranoids" é formada por 4 amigos: Riley Brennan, Laura Tucker, David Reynolds e Peter Bailey. Quando eles fazem uma matéria investigativa em um presídio na cidade fantasma de SHelby Oaks, eles são atacados e mortos. 3 corpos são encontrados, mas Riley está desaparecida. Doze anos depois, a irmã dela, Mia é entrevistada para um documentário sobre os crimes. Mia acredita que Riley está viva. Um homem bate na porta de Riley e atira na sua propria cabeça. Com ele, existe uma fita mini dv, que Mia ao assistir, v6e imagens inéditas da equipe gravando no presídio e um parque de diversões ao redor. Em crise no seu casamento, Mia decide ir até a cidade sozinha, e decsobrir o paradeiro de Riley por conta própria.
Eu não sei porque quase todos os filmes found footage precisa inserir elementos sobrenaturais e demoníacos em sua trama. Eu queria muiuto assistir. aum que fosse realista, sem ter que apelar para cultos e adoradores do demo. O filme tem momentos de tensão, o elenco e bom, mas a trama sem muita originalidade e um desfecho fraco limitam a sua força.
A procura de Martina
"A procura de Martina", de Márcia Faria (2024)
Co-produção Brasil e Uruguai, "A procura de Martina" é co-escrito e dirigido por Marcia Faria. O filme é um retrato comovente de uma mulher, Martina (Mercedes Morán, atriz argentina, excelente). Ela é uma mãe da praça de Maio: viúva, ela teve a sua filha ainda grávida, sequestrada por militares nos anos 70 e levada ao Rio de Janeiro. Martina acredita que seu neto esteja morando no Rio, sob uma outra identidade. Martina frequenta os encontros na Praça de Maio, e também, velórios das mulheres que morrem sem reencontrar seus entes queridos. Um dia, Martina recebe um telefonema anônimo dizendo que seu neto está no Rio de Janeiro, e ao invés de Ignácio, se chama Ricardo Cruz. Contarriando todas as suas amigas, Martina decide ir sozinha ao Rio de Janeiro. Sofrendo os efeitos do Alzheimer, Martina vai esquecendo fatos. A recepcionista do hotel onde ela se hospeda, Jéssica (Luciana Paes) decide ajudá-la a procurar o endereço correto.
Com um elenco majoritariamente feminino, ( além de atrizes argentinas, tem a premiada Carla Ribas, Carolina Virguez, Julia Bernat, Stella Ribeiro), a equipe técnica também tem mulheres em importantes cargos. É um filme intimista, onde a memória de Martina vai se esvaindo, assim como as histórias dos desaparecidos que vão minando.
The rising star kindengarten
"Yao wang nan fang de tong nian", de Yi Han (2007)
Drama chinês baseado em histórias reais. Em uma vila na área rural e pobre da china, os adultos migram para o sul do país em busca de trabalho, abandonado suas crianças para trás. Apenas um professor de escola primária, as crianças e os idosos permacenem no local. O professor cria um jardim de infância para manter as crianças ali, ensinando-as e educando-as. Mas chega uma hora que fica impossível para o professor cuidar de todas as crianças. ele decide procurar os idosos e ver quem adotaria uma criança, momentaneamente, até os pais retornarem.
Eu chorei litros no desfecho desse filme emocionante, que foi eleito um dos melhores filmes chineses contemporâneos. Me lembrei muito de 2 obras primas de Zhang Yimou, "Nenhum a menos" e "Caminho para casa". Todos esses filmes falam sobre a dedicação de professores para com as crianças. A trilha sonora é melódica e ajuda a dar atmosfera de tristeza e alegria. O elenco é praticamente formado por não atores, e em muitos momentos, parece um documentário.
Nanjing- Luz na escuridão
"Nanjing Zhao Xiang Guan", de Ao Shen (2025)
Indicado pela China à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2026, "Nanjing- Luz na escuridão" é uma super produção livremente inspirada em uma história real, ocorrida durante o massacre de Nanquim. Najing, ou Nanquim, era a capital da China quando foi invadida pelos japoneses no dia 13 de dezembro de 1937. Durante o período de ocupação, estima-se que os japoneses mataram mais de 300 mil civis, além de estupros. O filme tem como protagonista Chang (Haorin Liu), um jovem carteiro que no dia da invasão, é confundido como um funcionário de um estúdio fotográfico. Os japoneses precisam revelar as fotos que eles tiram cometendo os crimes e Chang é a chance que ele stêm de revelar as fotos, Levado até o estúdio fotográfico, ele descobre que sue dono, Jin Chengzong (Wang Xiao) está escondido em um armário, mas consegue escondê-lo dos japoneses. Depois de inspecionar o local, o fotógrafo japonês Ito Hideo diz que voltará para buscar as fotos na noite seguinte e entrega Chang um bilhete protegendo-o de ser morto nesse meio tempo. Jin e sua família está toda escondida no porão. Jin decide ensinar Changa. revelar as fotos.
O filme impressiona pela sua alta produção, com muitas cenas de efeitos, figuração e reconstituição precisa de arte, com uma fotografia que acentua o tom trágico e malancólico dos eventos. Foi através das fotos tiradas pelo fotógrafo Jin que o mundo ficou sabendo das atrocidades cometidas pelos japoneses, que foram condenados à morte.
O desfecho é emocionante e certamente fará todo mundo chorar bastante. É um filme cruel, violento e que não economiza nas cenas fortes, incluindo assassinatos de crianças e bebês.
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Ahora y siempre
'Ahora y siempre", de Rosendo Ruíz (2019)
Em 2017, o cineasta argentino Rosendo Ruiz desenvolveu um projeto educacional intitulado 'Escola de cinema", onde ele, junto de alguma insituição, desenvolvem e realizam um filme, para fins curriculares. Rosendo trabalhou com alunos e professores do instituto Juan Zorrilla de San Martín., em Cordoba. Os alunos desenvolveram o roteiro e participaram do filme em todos os níveis, com a colaboração de professores, professores aposentados, ex-alunos e pais.
Estudantes do Instituto vivem a sua rotina namoram (casais heteros e um casal de lésbicas), participam de um evento musical, dançam, se drogam.
Um grupo de alunos decide fazer reivindicações à administração da escola em relação ao sistema educacional. Após confrontos com a administração, eles ocupam a escola e conquistam algumas das mudanças que haviam proposto.
O filme é um misto de drama e documentário, e me fez lembrar do filme francês de Laurent Cantet, 'Entre os muros da escola", todo focado no dia a dia da escola, com seus dramas, conflitos e discussões entre os alunos. É um filme naturalista, onde as situações acontecem sem um roteiro pré-determinado.
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
#SalveRosa
"#SalveRosa", de Susanna Lira (2025)
Exibido no Fetsival do Rio 2025, de onde saiu com 3 prêmios: melhor filme popular, melhor atriz para Klara Castanho e melhor figurino, "#SalveRosa" é escrito por Ângela Hirata Fabri e dirigido por Susanna Lira, premiada por documentários políticios e sociais, como " A torre das donzelas" e "Positivas". Para quem acompanhou toda a história envolvendo Larissa Manoela e seus pais, irá se identificar com esse thriller que é uma denúncia aos maus tratos com os "astros mirins", que começaram cedo na carreira e têm sua renda e engajamento meticulosamente administrado por pais fanaciosos e abusivos. Mas para os cinéfilos, será fácil identificar diversos filmes, principalmente, os de Hitchcock, como "Interlúdio" e "Janela indiscreta". Em "Interlúdio", ambas as histórias acontecem no Rio de Janeiro, e envolvem um icocente e suspeito copo de leite.
Rosa (Klara Castanho) e sua mãe, Dora (Karine Telles, que merecia também levar um prêmio pela sua atuação digna das psicopatas dos anos 50 a 70, repleta de exageros e surtos) acabam de se mudar para um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Dora é a nova professora de português da escola para onde Rosa foi transferida, e por um acaso, dá aula na mesma sala. Rosa acaba de fazer 13 anos e é uma influencer mirim mega bombada, com 15 milhões de seguidores. Seus vizinhos lhe dão boas vindas: Beto (Ricardo Teodoro), Vera (Indira Nascimento), a síndica, e sua filha, Luana (Alana Cabral), que é muito fã de Rosa. Vera suspeita do comportamento de Dora e dceide investigá-la.
O filme tem a sua força nas performances de Klara e Karinne, que lembram até o embate clássico de Bette Davis e Joan Crowford. Quanto ao roteiro, tem uns momentos forçados, mas como dizia Hithcock, nem tudo precisa ser explicado e o filme precisa caminhar. A narrativa prende a atenção do espectador, e traz algumas viradas na história, que subvertem as tentativas do público "achar" que sabe como vai acabar.
O amanhã de ontem
"O amanhã de ontem", de Fabrício Koltermann (2025)
Curta rodado em Porto Alegre, "O amanhã de ontem" é escrito e dirigido por Fabrício Koltermann e traz o talento da veterana e premiada atriz gaúcha ida Celina Weber no papel principal. Ela é Darsila, uma costureira de 70 anos solitária. Rejeitada pelo filho, que quer ficar com a casa da família, Darsila fica um tempo na casa de sua colega de trabalho, Camila (Juliana Pelizzon). Com sintomas de principo de Parkinson, Darsila evita ser vista pelas colegas de trabalho com as mãos tremendo. Ela toma um líquido de uma garrafa que ela acredita ser sua, achando ser chá de camolima, e assim, relaxar. Mas quando Camila diz que a garrafa é dela e que contém chá de alucinógeno, Darsila passa a experimentar sensações de liberdade e de extroversão que ela jamais havia tido. Ela fala o que quer, reclama, faz parte de uma turma de jovens rebeldes, até que um momento de refelxão a faz repensar o que ela de fato deseja para a sua vida.
Ida é um grande talento, e vê-la em cena, em situações que vão do drama ao humor ácido, é uma delícia. Ela divide a cena com um bom time de atores e atrizes de Porto Alegre. A ficha técnica, com fotografia, figurino e arte, trazem elementos que contribuem na narração dessa fábula sobre a terceira idade e sobre recomeços.
Eleanor the great
'Eleanor the great", de Scarlett Johansson (2025)
Estréia na direção da atriz Scarlett Johanson, "Eleanor the great" concorreu no Festival de Cannes na Mostra Um certo olhar em 2025. O roteiro de Tony Kamer é bastante controverso e polêmico, e em mãos erradas poderia ter sido um grande problema. Com a performance comovente e poderosa de June Squibb, atriz de 95 anos, o filme encontra esse equilíbrio e respaldo moral. O curioso é perceber que nos últimos anos, atores jdeus decidiram estrear na direção e contar histórias sobre a sua ancestralidade, envolvendo principalmente o holocausto. Foi assim em "A verdadeira dor", de Jesse Eisemberg, "Uma vida iluminada", de Liev Schreiber, "De amor e trevas", de Natalie portman, e agora com Scarlet.
Eleanor e Bessie (Rita Zohar) são melhores amigas. Elas convivem o dia inteiro na mesma rotina, morando juntas, indo ao mercado, para a praia. Bessie é judia e vive o trauma de ter testemunhado seu irmão ser assassinado durante uma fuga de ambos de um trem que seguia para o campo de concentração. Eleanor nasceu no Bronx, mas quando se casou, se mudou para a Flórida. Quando Bessie morre inesperadamente, Eleanor decide voltar para Nova York, e vai morar com sua filha, Jessica (Jessica Hecht) e o neto Max (Will Price). A relação de ambas é conflituosa: eleanor nunca protegeu a filha e sempre a criticou, o que deixou Jessica com baixa auto estima. Quando eleanor vai frequentar um centro comunitário, ela acaba decsobrindo um grupo de terapia formado por sobreviventes do Holocausto. Eleanor decide participar, e conta a história de Bessie como se fosse a sua própria. Uma jovem jornalista, Nina (Erin Kellyman), de luto pela morte de sua mãe, casada com o famoso apresentador de tv Roger (Chiwetel Ejiofor), se aproxima de Eleanor pela dor da perda do irmão no Holocausto e se tornam grandes amigas. Eleanor passa a viver a história de Bessie , dizendo a todos que ela é uma sobrevivente do Holocausto.
O filme de Scarlett se aproxima muito do filme de Jessie Eisemberg, ao falar da dôr dos que sobreviveram à tragédia do holocausto. Com menos humor, mas aind atrazendo um tom acredoce, a personagem de Squibb é um bom contraponto ao personagem de Kieran Culkin: despachada, cheia de energia, extrovertida e carismática. Um belo filme de estréia, com atuações fortes.
Ainda não é amanhã
"Ainda não é amanhã", de Milena Times (2024)
Concorrendo na mostra Novos rumos do Festival do Rio 2024, o drama de Recife "Ainda não é amanhã" foi escrito e dirigido por Milena Times, em seu longa de estréia. O tema do filme é sobre gravidez na juventude e a busca pelo aborto, tema semelhante a outro drama brasileiro de 2024, "Levante", de Lillah Halla.
Janaína (Mayara Santos) é uma jovem estudante de direito que mora na periferia de recife, junto de sua mãe Luciana (Clau Barros) e sua avó Rita (Cláudia Conceição). Ela namora Jefferson (Mario Victor) e sonha com um diploma, o primeiro da família, e para isso, se dedica bastante aos estudos. Mesmo fazendo s3x0 com o uso de camisinha, Janaína decsobre estar grávida, o que a deixa muito preocupada. ela decide não falar nada com sua família e confidencia com Kelly (Barbara Victoria), sua melhor amiga e que lhe dá todo o apoio possível.
Fico feliz que o filme não demoniza a figura masculina. O personagem do namorado apoia as decisões de janaína, e é uma pena que ele surja pouco na narrativa. A família de Janaína é constituida apenas de mulheres fortes e resilientes. O filme, em tom naturalista, entrega uma história sensível e que irá sensibilizar o público, principalmente com as belas atuações do elenco.
terça-feira, 28 de outubro de 2025
Saló- Ontem e hoje
"Salò d'hier à aujourd'hui", de Amaury Voslion (2002)
Documentáro francês que traz imagens inéditas de bastidores do polêmico filme de Pier Paolo Pasolini, "Saló, os 120 dias de Sodoma", que viria a ser o último filme a ser dirigido pelo cineasta italiano, assassinado no mesmo ano do lançamento do filme, em 1975.
Com entrevistas do próprio Pasolini, defendendo as cenas violentas do filme e asssociando como uma met'áfora sobre o Poder, passando por depoimentos do elenco, do assistente de direção e do ator e amante de Pasolini, Ninetto Davoli. O filme traz as cenas violentas e explícitas do filme, sem escondê-las, e entre os depoimentos, o mais curioso é o da atriz Helene Surgere, que interpreta a baronesa. Ela revela que o clima no set era jovial e imaturo devido à abundância de atores adolescentes inexperientes. Comenta também que a polícia estava presente no set para manter todos seguros e lamenta o fato de o filme ter sido proibido na Itália quando foi lançado.
O filme traz imagens também dos últimos dias de filmagem, em maio de 1975, com a sequência final das execuções, registrando toda a barbárie e como foram filmadas as atrocidades.
Vacaciones de terror
"Vacaciones de terror", de René Cardona III (1989)
Cult de terror sobrenatural mexicano, "Vacaciones de terror" é co-escrito e dirigido por René Cardona III e pega carona nos sucessos de "Bomeco assassino" e "Poltergesit, o fenômeno", mesclando tanto a trama da boneca assassina possuida pelo espírito de uma bruxa, quanto o da casa mal assombrada. Um pré "Anabelle" antes mesmo dela existir, o filme diverte pelos efeitos ruins, atores fracos e trama simplória. O que mais me divertiu são cenas longas e estendidas onde principalmente a personagem de Paulina fica gritando sem sair do lugar, e ao invés de tomar atitudes, só fica testemunhando algo acontecer. Esse filme certamente deve ter memes maravilhosos no México.
A trama é óbvia: uma bruxa é queimada na inquisição mexicana e promete que seu espírito irá retornar. Uma boneca é jogada em um poço. Cem anos depois, uma família se muda para uma casa herdada por Fernando (Julio Alemán), após a morte de sua tia. Sua esposa Lorena (Nuria Bages) decide passar as férias ali, junto de seus três filhos pequenos, Gabi e os gêmeos Jaimito e Pedrito, além da sobrinha Paulina (Gabriela Hassel) que leva seu namorado Julio (Pedro Fernández). Gaby encontra a boneca possuída ao cair no poço, e a boneca começa a atuar sobre Gaby. Fatos estranhos acontecem na casa, colocando a todos em perigo.
O filme é da série quanto pior melhor, mas daquela leva de filmes imperdíveis. Todas as atuações são hilárias, principalmente a da menina Gaby, com sua carinha de mal, e de Paulina, que passa o filme gritando.
Ensaios de cinema
'Ensaios de cinema", de Cavi Borges e Patricia Niedermeier (2025)
Com direção de Cavi Borges e Patrícia Niedermeier, 'Ensaios de cinema" é uma homenagem da dupla a alguns dos maiores cineastas da história, e foi rodado de forma independente em viagens para países como a Holanda e França. Alternando cenas icônicas com releituras, são 15 vinhetas, protagonizadas por Patrícia, em estudos de video arte, dança e performances dramatizadas.
1) Homenagem à Helena Ignez, inspirado no cria “O patio”, de Glauber Rocha, rodado em belo PB
2) Homenagem a David Lynch com a trilha de Angelo Badalamenti para "Twin peak", mostrando Lynch em foto jovial e já na terceira idade, uma
3) Homenagem a Humberto Mauro , com cenas rodas em cachoeiras que lembram "O som ao redor", de Kleber Mendonça
4) Homenagem às diretoras do cinema durante longo percurso de Patricia por uma floresta, citando em off nomes de grandes cineastas
5) Homenagem a Mario peixoto com Patricia imitando o gestual das mãos em "Limite", com projeção de filme PB ao fundo
6) Homenagem aos irmãos Lumiere, com Patricia tendo "A chegada do trem à estação" projetado, como se fosse uma passageira
7) Novamente homenagem a David Lynch, com Patricia projetada em camera submarina, debaixo de uma piscina, dando belo efeito
8) Homenagem a Truffaut e à famosa cena do carrossel em "Os incompreendidos"
9) Uma reflexão de Patricia sobre Maya Deren, narrando uma acrta que ela escreveu pedindo permissão à Maya para dirigir um filme sobre ela
10) Patricia em uma sala de espelhos homenageando Jean Cocteau, mas que confundi achando ser Orson Welles
11) Homenagem a Bill Viola, com Patricia e uma cachoeira projetada sobre ela, em tom azul
12) Em um balanço, Patricia homenageia a famosa cena de 'Asas do desejo", de Win Wenders
13) Homenagem à Agnes Varda e seu filme "La plage", com Patricia utilizando espelhos na praia
14) Homenagem a Hitchcock com Patricia com a cena do sonho de "Um corpo que cai" projetado sobre ela
15) divagações narradas por Patricia sobre o amor às salas de cinema
No other choice
"Eojjeolsuga eobsda", de Park Chan-wook (2025)
Concorrendo no Festival de Veneza 2025, foi uma surpresa que "No other choice", um dos filmes mais elogiados no evento e aclamado pela crítica, não tenha levado nenhum prêmio. Facilmente, poderia ter ganho de filme, direção, roteiro, ator. Mas como não se discute a e escolha dos jurados, merecidamente o filme ganhou sua forra e ganhou o prêmio de melhor filme do público no Festival de Toronto 2025.
"No other choice" é um remake do thriller de Costa gavras, 'O corte", lançado em 2005. e que ambos os filmes são adaptações do romance escrito por Donald Westlake em 1997, originalmente, "the axe" (segundo os americanos, o machado tem o significado de demissão, corte). O que difere os dois filmes, é o tom. O filme do mestre sul coreano Park Chan-Wook, de "Oldboy", aposta no humor ácido, sem esconder as suas aptidões para o thriller. Park Chan-wook é um esteta e a sua direção prima pela elegância e por enquadramentos e movimentos de câmera sofisticados. Seu último filme, 'Decisão de partir", de 2022, levou o prêmio de direção no Festival de Cannes.
Man-Soo (o astro Lee Byung-hun) é um homem de meia idade que trabalha há 25 anos em uma fábrica de fabricação de papel, em um alto cargo. Ele mora confortavemente em uma casa, construída pelo seu avô, junto de sua esposa Mir-ri (Son Ye-jin) e seus dois filhos, um adolescente e uma menina tímida que estuda violoncelo. A típica família burguesa desmorona quando Man-Soo é demitido quando a empresa é adquirida por americanos. ele tenta anos por um posto parecido em outra empresa, sem sucesso. Quando uma empresa concorrente abre uma vaga, ele descobre que precisa disputar o cargo com outros candidatos. Man-soo frequenta um grupo de terapia para desempregados e uma das frases proferidas é "Não há outra escolha". Daí em diante, ele decide matar os seus concorrentes.
Não existe um filme melhor entre esse e "O corte". são filmes diferentes, e ambos muito bons, defendidos por excelente direção e um elenco afiado. Por ser mais recente, "No other choice" está mais antenado às questões da Ai e o quanto essa tecnologia influencia no desemprego e demissão nas grandes empresas.
segunda-feira, 27 de outubro de 2025
Duas mulheres em Nova York
"Girlfriends", de Claudia Weill (1978)
Mais um clássico do cinema indie americano que decsobri graças à pagina "Set por sete". Essa raridade foi considerado pelo cineasta Stanley Lubrick como o seu filme favorito de 1978. Co-escrito e dirigido por Cláudia Weill, o filme é focado em personagens femininas, com roteiro e direção de mulheres. Ambientado em Nova York, seria fácil comparar o filme ao cinema de Woody Allen, até por que a sua protagonista é uma garota judia, Susan (Melanie Mayron, fantástica). Mas a diretora Claudia Weill encontra uma identidade própria, e traça a sua história com muita sensibilidade em temas difícies: sororidade, ciúmes pessoais e profissionais, solidão, traição, crises geracionais. Susan não é uma jovem perfeita e padrão: ela fuma um cigarro atrás do outro, discute com as amigas, namorados e pessoas que ama. Mas ainda assim, as pessoas não conseguem conviver longe dela. É o seu carisma, explosivo, que tem um charme nitidamente de alguém que mora na grande metrópole.
Susan é uma fotógrafa que sobrevive fazendo bicos em fotos de casamentos e bar mitzvahs. Seu sonho é fazer uma exposição em uma galeria de arte com suas fotos artísticas. Ela divide o apartamento com uma amiga, Anne (Anita Skinner), que deseja ser escritora. Quando Anne anuncia que vai se casar e morar com o futuro marido, Susan se sente traída. Ela precisa aprender a se virar sozinha. Mas ela não consegue esquecer de Anne.
Com diálogos primorosos, naturalistas, ácidos. O filme tem no seu elenco um brilhantismo comovente. Melanie Mayron é uma força da natureza: carismática, repleta de energia, sensível e ao memso tempo, uma leoa. Anita Skinner faz o seu contraponto: delicada, introspectiva, mas não menos apaixonante. Um grande filme, um registro histórico de uma Nova York pulsante do final dos anos 70.
Herencia diabólica
"Herencia diabólica", de Alfredo Salazar (1993)
Acho injusto chamarem Ed Wood e seus filmes de os piores filmes da história do cinema. Vez ou outra você fuça um filme e descobre que ele é muito pior que qualquer filme ruim de Ed Wood. "Herencia diabólica" é um desses exemplos. Co-escrito e dirigido por Alfredo Salazar, o filme é um cult de terror mexicano de 1993. Mas é bom dizer que o fato dele ser cult, é justamente por ele ser ruim demais. Feito para pegar carina no mega sucesso de "O brinquedo assassino" e seu icônico Chucky, aqui temos Payasito (ou palhacinho), nome dado a um boneco de um palhaço, que quando cria vida, é interpretado por um ator portador de nanismo, Margarito Sparza, famoso no país. O filme começa com a morte de uma idosa em uma mansão, abraçada ao Payasito. Tony (Roberto Guinar) é o único herdeiro e decide se mudar com sua esposa grávida, Annie (Holda Ramirez) para a mansão. Ao mexer nas coisas da idosa, Annie encontra o Payasito em um baú. Estranhamente, ele muda de lugar. Annie fica surpresa, e decide trancá-lo de volta. Mas o Payasito não gostou da forma como ela o tratou e a mata. O bebê, no entanto, se salva, Sete anos depois, Tony se casa com sua secretária, Doris (Lorena Herrera). O filho de Tony, Roy (Alan Fernando), agora tem 7 anos e não desgruda do Payasito, que continua matando quem se coloca no sue caminho.
Tudo é de chorar de tão ruim: atuações, fotografia, roteiro, edição. efeito não existe, e nas cenas de morte, nitidamente dá para ver que a svítimas são bonecos, e não os atores. Para quem gosta de um filme trash, esse vai saciar a fome.
domingo, 26 de outubro de 2025
O filho de mil homens
"O filho de mil homens", de Daniel Rezende (2025)
Adaptação do romance escrito pelo escritor português Valter Hugo Mãe, publicado em 2011, "O filho de mil homens" é dirigido por Daniel Rezende, que tem em sua filmografia os aclamados "A turma da Mônica" e "Bingo: O Rei das Manhãs". O filme me lembrou muito a estética e realismo fantástico de Gabriel Garcia Marques e dos filmes de Guillermo del Toro, unindo drama, fantasia e romance para contar uma história sobre a humanidade envolta em torno de pautas como racismo, misoginia e homofobia. O elenco é seu ponto alto, com Rodrigo Santoro estrelando a produção, junto de Jonnhy Massaro, Inez Vianna, Antonio Haddad, Carlos Francisco, Grace Passô, Tuna Dwek, Juliana Caldas e a revelação Miguel Martines, que interpreta um menino órfão de 12 anos. A fotografia de Azul Serra explora com primor os elementos pictóricos das locações, rodadas em Búzios e Chapada Diamantina, Na Bahia. O filme apresenta o pescador solitário Crisóstomo (Santoro). Ele sempre sonhou em ter um filho, até que ele encontra o órfão Camilo e decide acolhe-lo. Aos poucos, outras pessoas que sofreram agressões passam a fazer parte dessa família de desgarrados: isaura (Jamir), que sofre abusos de sua mãe (Grace Passô); e Antoninio (Massaro), que sofre homofobia de sua mãe (Inez Vianna).
Representando um mundo onde pautas conservadoras trazem a infelicidade para muitos, não é difícil associar o filme ao mundo extremista em que vivemos atualmente. É um filme visualmente estonteante, um universo complexo e conduzido com louvor por Daniel Rezende, que transpõe para as telas, um romance complexo.
Aqueles dois
"Aqueles dois", de Sergio Amon (1985)
Clássico do cinema Lgbtqiap+ brasileiro, "Aqueles dois" é adaptação de um conto homônimo escrito por Caio Fernando Areu. Historicamente, o filme é importante marco: filmado em 1984, foi um filme que ainda sofreu a censura do período da ditadura no país. O ano de seu lançamento, 1985, coincide com as eleições do 1o presidente da era da redemocratização no país. Rodado em Porto Alegre, o filme traz a fotografia do uruguaio César Charlone, famoso mundialmente em 2008 com a fotografia de "Cidade de Deus". Revendo o filme nos dias de hoje, me chamou a atenção o uso da famosa cena de "Psicose", a do chuveiro, em uma cena; e também, o uso de músicas originais dos The Beatles em uma sequência de uma festa. E em uma cena no famoso Cinema Capitólio, o uso do poster de "A laranja mecânica", e da música tema do filme. Em outra cena, o uso da música de Nino Rota para "Amarcord". Nos dias de hoje, não haveria orçamento para nenhuma dessas situações em um filme independente.
O filme tem uma história simples, mas apresentada com sutileza, sem ser óbvio, baseado em silêncios, olhares e vazios. Porto Alegre é apresentada como uma metrópole fria, perfeita para que solitários desfilem seu rosário de lamentações e infortúnios na área pessoal e profissional. Raul (Beto Ruas) e Saul (Pedro Wayne) trabalham em banco. Raul acaba de sair de um relacionamento de anos. Saul é depressivo e já tentou o suicídio. Raul é extrovertido e passa a flertar com uma colega de trabalho, Clara (Suzana Saldanha). Quando os dois passam a sair para beber e falar da vida, Clara se ressente de que Ral não a procura mais. Logo, os funcionários do banco suspeitam de que os dois homens estão tendo um caso.
O filme foi lançado no auge da epidemia da AIds, e a homofobia era crítica. O filme explora esse desconforto dos colegas com a amizade dos dois homens. O filme não traz nenhuma cena que ateste que Raul e saul estão tendo um caso: não há cenas de s3x0, nem ao menos um beijo. Existe uma tensão s3xu4l, suficiente para deixar o espectador criar a sua história.
Scared shitless
"Scared shitless", de Vivieno Caldinelli (2024)
Vencedor do prêmio de melhor filme nos festivais de "Fantasia" e "Fantasporto", "Scared shitless" é uma homenagem ao cinema B, com roteiro de Brandon Cohen e direção de Vivieno Caldinelli. Rodado em Ontario, é uma produção canadense que traz referências vintages do cinema dos anos 50, que mistura criaturas realizadas com efeitos práticos, muito sangue e humor ácido. Definitivamente, não é um filme para se levar a sério, é tudo uma grande brincadeira de cinéfilos para cinéfilos.
Don (Steven Ogg) é um encanador profissional que está em luto pela morte de sua amada esposa. O seu filho Sonny (Daniel Doheny) tem fobia por germes e reluta em ajudar o seu pai na profissão. Quando Don é acionado para resolver um problema em entupimentos nos vasos sanitários de um prédio, Don pede que Sonny o acompanhe para ajudá-lo. Enquanto isso, um cientista maluco que criou uma criatura em laboratório, a rouba e a traz até seu apartamento, que vem a ser no mesmo prédio que Don está se encaminhando. A criatura ataca o cientista e se instala no vaso sanitário, e assim, ataca e mata cada morador do prédio.
Esse tipo de filme só funciona através de efeitos toscos e com personagens sem noção e caricatos. E é justamente o que o filme oferece. As mortes são divertidas e os protagonistas pai e filho são carismáticos o sufiente para a gente se importar com eles.
Anêmona
"Anemone", de Ronan Day-Lewis (2025)
O desfecho de "Anemone" é devastadoramente emocionante, e é impossível não cair em prantos. Produzido pela produtora de Brad Pitt, Plan B, o filme marca o retorno de Daniel Day Lewis às telas, depois de ter anunciado a sua aposentadoria em 2017, depois de lançar "A trama fantasma".
Co-escrito por Daniel Day Lewis e seu filho, Ronan Day Lewis, o longa marca a estréia de Ronan no cinema. A escolha narrativa e visual de Ronan percorre muito a linguagem do video clipe, e fico imaginando que esse filme de 125 minutos poderia ter sido reeditado em um clipe longo de 10 minutos, sem diálogos, somente com a excepcional fotografia de Ben Fordesman, a trilha melancólica de Bobby Krlic e as expressões dramáticas do quarteto Daniel Day Lewis como Ray, Sean Bean, com seu irmão, Jem, Samantha Morton, como Nessa, esposa de Ray, e Samuel Bottomly, como Brian, filho de Ray e Nessa.
"Anêmona" é uma planta aquática bela por fora e repleta de espinhos venenosos por dentro. A partir dessa planta exótica, o diretor Ronan traça uma metáfora sobre os caminhos tortuosos de um ex-combatente do exército britânico, Ray, que sofreu um trauma durante o combate e por isso, se tornou rceluso, morando isolado na floresta, e abandonando sua esposa e seu filho pequneo, Brian. 20 anos depois, Brian, já crescido, torna-se violento, e sua mãe e seu tio Jem temem que ele se torne igual ao pai, repleto de raiva internalizada. Jem decide ir atrás de Ray, seguindo um mapa que ele tinha, e tenta localizá-lo, para convencê-lo a retornar para casa e conversar com seu filho.
O filme é todo estilizado, trazendo momentos de realismo fantástico e muita câmera lenta. Em determinando momento, me pareceu que Ronan quiz homenagear Paul Thomas Anderson, com quem seu pai trabalhou em 'sangue negro" e "A trama fantasma". Um clipe onde uma chuva de granizo cai na cidade, unindo os personagens, criando uma linda simbologia de conexão emocional, tal qual a chuva de sapos em "Magnólia".
É um filme que muitas vezes passeia pelo hermetismo, em longas cenas lentas e de monólogos de Ray, atestando a genialidade de Day Lewis para personagens complexos, e ganhando o reforço em cena de Sean Bean.
sábado, 25 de outubro de 2025
Blue moon
"Blue moon", de Richard Linklater (2025)
Richard Linklater e o ator Ethan Hawke foram responsáveis por alguns dos filmes mais amados pelos cinéfilos, entre eles, a trilogia "Antes do amanhecer" e "Boyhood". Com "Blue Moon", os dois retornam a parceria, em um filme que competiu no Festival de Berlim 2025, e que rendeu o pr6emio de ator coadjuvante para Andrew Scott. O filme é baseado em fatos reais, explorando em apenas um dia, a relação entre os amigos e parceiros profissionais, os compositores Lorenz Hart (Ethan Hawke) e Richard Rodgers (Andrew Scott). Ambos foram resposnáveis pelas canções de mais de 26 musicais na Broadway, em uma parceria de mais de 20 anosm, que se tornou desgastada. Richard acabou criando uma parceria com o compositor Oscar Hammerstein II (Simon Delaney) ( a dupla Rodgers e Hammerstein foram os responsáveis, entre outros, pelas canções de "A noviça rebelde" , 'O rei e eu" e "Oklahoma". E é justamente nesse último que o filme se baseia. Ambientado em um único dia, 31 de março de 1943, a noite de estreia de "Oklahoma", o primeiro musical da dupla Rodgers e Hammerstein. Lorenz decide abandonar o musical e ir até o bar restaurante
Sardi's, famoso por ser frequentado por artistas da Broadway. Lorenz está em uma fase depressiva e alcólatra. Ele reclama com o barman, Eddie (Bobby Cannavale) sobre o musical. Durante o filme, Lorenza conversa com artistas, e até a própria dupla Rodgers e Hammerstein, reclamando de ser deixado de lado e se sentindo depreciado.
Lorenz morreu meses depois, no dia 22 de novembro de 1943, aos 48 anos. Encontrado em uma viela em um dia de chuva, morreu de pneumonia. O filme é um show de atuações, principalmente de Ethan Hawke, que está soberbo, em uma composição compelxa e diferente de tudo que já fez ( inclusive, ele está em uma fase de novas apostas, vide "O telefone preto". Com forte carga teatral, mas nunca cansativo ou menos cinematográfico, "Blue moon" é mais um acerto de outra dupla de sucesso, Linklater e Hawke.
A mulher na cabine 10
"The Woman in Cabin 10", de Simon Stone (2025)
Adaptado do romance de Ruth Ware, "A Mulher da Cabine 10" é um thriller de suspense que me fez lembrar o tempo todo de "A morte no Nilo", de Agatha Christie. Rodado na Noruega, o filme é dirigido por Simon Stone e traz Keira Knightley como a jornalista conceituada e premiada Laura "Lo" Blacklock. Ela é convidada a bordo de um superiate, Aurora Boreal, para cobrir um evento beneficente organizado pelo casal milionário Anne Bullmer (Lisa Loven Kongsli) e seu marido Richard (Guy Pearce). Celebridades como a socialite Heidi (Hannah Waddingham) e a influenciadora Grace (Kaya Scodelario) também estão presentes, além do ex-namorado de Laura, o fotógrafo Ben (David Ajala). Laura se hospeda na cabine 8. Uma noite, após o jantar, já na madrugada, ela escuta uma discussão na cabine 10, ao seu lado, que pertence ao casal Anne e Richard, Ela ouve um corpo caindo no mãe e vê mancha de sangue no casco. Quando ela chama as pessoas do iate, a mancha sumiu e ninguém deu sumiço de ninguém a bordo. até porque Anne e Richard estão ali. Laura decide investigar, mesmo que ninguém acredite nele, colocando a sua vida em risco.
O filme foi quase todo rodado dentro do iate, que pertecen a um milionário e custa 150 milhões de dólares. Keira Knightley estrela um suspense, um gênero que ela ainda não havia feito, e está bem. Uma pena que o roteiro e a direção e direção não criem um ritmo mais dinâmico e tenso, para deixar o espectador grudado.
Vida adulta
"Adulthood", de Alex Winter (2025)
Os irmãos Coen criaram uma filmografia que qualquer espectador de imediato relaciona a um filme a eles. Mesmo os filmes que não foram escritos e dirigidos por eles, alguém vai dizer "Parece um filme dos irmãos Coen". Pois é isos o que acontece com "Vida adulta". Escrito por Michael M.B. Galvin e dirigido por Alex Winter, do início ao fim, ele traz elementos, tanto no visual, quanto na criação dos personagsne e da trama, que parecem saído de "Onde os fracos não tem vez", ou mesmo "Arizona nunca mais".
Quando a idosa Judy (Ingunn Omholt) tem um derrame em casa, sob os cuidados da enfermeira Grace (Billie Lourd), os irmãos Meg (Kaya Scodelario) e Noah (Josh Gad), que não se viam há muito tempo, retornam à casa onde cresceram para cuidar do local na ausência da mãe. Meg é casada e tem dois filhos. Noah é desempregado. Ao vasculharem o porão, acabam encontrando por acidente, um cadáver de uma vizinha, que desapareceu há 30 anos, Peggy. Surpresos, os irmãos acreditam que os pais esconderam o corpo ali. Mas uma sucessão de jogos de poder e de intrigas, que envolvem a enfermeira Grace e seu amante, o filho de Peggy e policiais que investigam mortes que acontecem, fazem os irmãos unirem forças e defender o nome da família.
O filme é uma produção indie que foi selecionada para o Festival de Toronto. O elenco está bem, com destaque para Kaya, Josh e Billie Lourd, como a enfermeira vigarista. Mas falta um carisma nos personagens para que o espectador torça por algum deles. No final, são todos meio escórias, em um jogo de quem se dá melhor.
Frankenstein
"Frankenstein", de Guillermo del Toro (2025)
Concorrendo no Festival de Veneza 2025, de onde saiu com o Graffetta d'Oro for Best Film, "Frankenstein" se aproxima mais da versão de Kenneth Branagh, de 1994, do que a famosa versão de 1934, de James Whale, e que por muito tempo, ajudou a eternizar a imagem monstruosa da criação de Mary Shelley. A criatura de del toro está imageticamente mais próxima à figura do Engenheiro de "Alien Prometheus": pele toda branca, corpo musculoso, calvo. Del Toro nunca escondeu a sua paixão pelos monstros humanizados e incompreendidos. A fotografia e a direção de arte de Frankenstein" se aproxima bastante de "A forma da água" e de "A colina escarlate". A melancólica trilha de Alexander desplat dá o tom para o grande tema do filme: pode o Homem se assemelhar a Deus, e criar vida? Outro tema muito presente também é a imortalidade, e o sofrimento pela solidão.
Um navio de expedição liderado pelo Capitão Anderson (Lars Mikkelsen, irmão de Mads Mikkelsen) está a caminho do Polo Norte quando fica preso em um iceberg. A tripulação encontra um homem gravemente ferido, o Barão Victor Frankenstein (oscar isaac), enquanto tenta romper o gelo e o leva a bordo para receber atendimento médico. Logo, eles são atacados por uma grande criatura encapuzada (Jacob Elordi) que pode se regenerar de ferimentos de bala e tem força sobre-humana. Depois que a criatura mata seis tripulantes e quase vira o navio, Anderson dispara um bacamarte através do gelo para afogá-la em água gelada. Enquanto é tratado, Victor explica a Anderson que a criatura é sua criação, é imortal e não vai parar até que ele seja entregue a ela. Victor passa a narrar a sua história para o Capitão, que envolve seu irmão Willian , a noiva dele, Elisabeth (Mia Goth), que se torna também a paixão de Victor e de Frankenstein.
Existe uma passagem de Frankenstein com um deficiente visual que me fez lembrar muito do filme de Mel Brooks, "O jovem Frankenstein". Acredito que quem viu ao filme, seja impossível não se lembrar das divertidas cenas. Um dos grandes acertos do filme, é dividir o filme em 2 capítulos: um narrado por Victor Frankentein, e o outro capítulo, pela própria criatura. O filme é uma obra de arte.
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Era uma vez em Cordel
'Era uma vez em cordel", de Bruno Rafael (2024)
Concorrendo no Festival de Trancoso, entre outros, o curta nacional "Era uma ver em Cordel" é um divertido e emocionante documentário feito com alma e coração, registrando as origens do cordel, gênero literário popular brasileiro, feito em versos rimados e muito difundido no Nordeste. Narrado com voz avludada por Elba Ramalho, o filme traz depoimentos de artistas como o cantor Falcão, e escritores como Braulio Tavares, relatando a importância dessa literatura popular em suas próprias formações. A origem vem do sul da França, e depois difundido em portugal como livretos, até chegarem ao Brasil. Uma figura central no filme é Manoel de Santa Maria, um cordelista que aprendeu a ler na infância ao recitar versos para seu pai analfabeto.
Recentemente, assisti ao filme "Maurício de Souza", e muitas pessoas dizem que o brasileiro aprendeu a ler , lendo os gibis da Turma da Mônica. Mas no Nordeste, certamente muita gente aprendeu a ler através dos livretos de cordéis, o primeiro contato que tiveram com as palavras escritas.
A distant place
"eongmal meon gos", de Park Kun-young (2020)
Premiado drama queer sul coreano, "A distant place" tem uma excelente fotografia de Jung-hoon Yang, e foi rodado na área rural de Hwacheon, Gangwon-do. O filme lembra muito a atmosfera de "Brokeback mountain": uma história densa, intimista e dolorosa de dois amantes, que não podem expressar o seu amor, por conta da homofobia.
Jin Woo, que reside em uma fazenda de ovelhas em Hwacheon, Gangwon-do, vive uma vida tranquila com sua filha Seol. O dono da fazenda, Joong Man, e sua filha, Moon Kyeong, os tratam como família. Logo depois, o amigo de Jin Woo, Hyun Min, chega à fazenda e revela que os dois são amantes de longa data. Eles sonham em viver felizes com Seol neste lugar tranquilo. No entanto, com a visita da irmã gêmea de Jin Woo, Eun Young, o conflito começa. Na verdade, Seol é filha de Eun Young, mas Jin Woo a está criando desde que Eun Young desapareceu.
O filme tem um ritmo lento, contemplativo, apoiado por um time comovente de atores. As cenas homoafetivas entre Jin Woo e Hyun Min são discretas, mas apresentadas com muita sensibilidade. Um belo filme, melancólico e que certamente irá tocar no coração do espectador.
O frio da morte
"Dead of winter", de Brian Kirk (2025)
Emma Thompson se tornou a Liam neeson versão feminina? Dependendo de "O frio da morte", parece que ela veio para se tornar uma justiceira. Coincidentemente, a trama é muito parecida com um filme de Liam Neeson, "Missão Resgate: Vingança", onde ele precisa levar as cinzas de seu irmão morto para o Nepal, e lá, ele se envolve com uma quadrilha da pior espécie. Estrelando o seu primeiro filme de ação e thriller de sobrevivência, a super star inglesa Emma Thompson interpreta Barb ( a sua versão mais jovem é interpretada por sua filha Gaia Wise). Barb mora me uma região isolada na gelada Minesotta, junto de seu marido, Karl, seu companheiro de mais de 40 anos. Quando Karl morre, em seu testamento ele pede que suas cinzas sejam enterradas no Lago Hilda, local isolado onde ele e Barb namoraram pela 1a vez. Barb pega um mapa e segue até lá, sozinha Quando seu caminhão quebra no caminho, ela vai pedir ajuda em uma casa, mas é testemunha de um casal, Purple lady (Judy Greer) e Camo Jacket (Marc Menchaca) sequestrando uma jovem, Leah(Laurel Marsden). Sem tem a quem pedir ajuda, Barb decide ela mesma salvar a garota.
Co-produzido pela Alemanha, Canadá e Estados Unidos, o filme foi todo rodado na Finlândia, e imagino a dificuldade técnica que tenha sido filmar esse longa, por conta das adversidades do local e do frio.
Judy Greer está espetacular como a psicopata mulher que não mede esforços para o sue intento. Emma Thompson estréia bem no thriller. O que eu não gostei memso, foi o desfecho, que me irritou profundamente.
quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Enzo
'Enzo", de Robin Campillo (2025)
Inicialmente, "Enzo" foi escrito pelo cineasta francês Laurent Cantet e seria dirigido por ele ( ele ganhou a Palma de ouro em Cannes por "entre os muros da escola", em 2008). Com a sua morte em 2024, os produtores decidiram convidar o cineasta Robin Campillo ( de "120 batimentos por minuto") para seguir com o projeto. Ele concorreu no Fetsival de Cannes, na Mostra "Quinzena dos realizadores". Muitos críticos o compararam à "Me chame pelo seu nome", filme cult de Lucas Guadagnino, com a relação de um adolescente, que descobre a sua orientação sexual, através de uma atração por um homem mais velho. e como pano de fundo, a clara divisão entre classes: o garoto milionário, e o homem mais velho, do proletariado.
A história segue Enzo (Eloy Pohu),16 anos, mora com seus pais, Paolo (Pierfrancesco Favino) e Marion (Élodie Bouchez) e seu irmãos mais velho em uma mansão luxuosa na cidade de La Ciotat. Enzo não deseja seguir os passos de seu pai, renomado professor universitário, e nem pretende estudar na Universidade. Contrariando os desejos da família, ele decide ser um aprendiz de pedreiro, levantando paredes e pisos de cerâmicas em uma obra. Seus pais decidem que devem deixar Enzo fazer o que deseja. Um dos pedreiros, o ucraniano Vlad (Maksym Slivinskyi), se torna amigo de Enzo. Vlad está em dúvidas se deve ou não retornar para o seu país e lutar na Guerra Russia e Ucrânia. Enzo, por sua vez, sente uma enorme tensão s3xu4al por Vlad, e passa a descobrir os seus desejos.
Um ótimo filme sobre um coming of age repleto de conflitos, sejam eles sobre o previlégio, sobre a descoberta s3xu4al ou a martirização do proletariado, "Enzo" é defendido por uma direção segura e um elenco misto de atores veteranos e novas decsobertas, mas todos em ótima sintonia. Um filme sexy, comovente e melancólico, uma ode à juventude.
Halloween III: A Noite das Bruxas
"Halloween III: Season of the Witch", de Tommy Lee Wallace (1982)
A franquia milionária "Halloween" começou em 1978 e teve a sua inevitável continuação em 1981, ambas dirigidas por John Carpenter e protagonizadas por Jamie Lee Curtis e Donald Pleasence. Mas curiosamente, em 1982, foi lançado "Halloween III- A noite das bruzas", que teve Carpenter como um dos produtores, mas foi dirigido por Tommy Lee Wallace. Foi o único filme da franquia que não contém o serial killer Michael Myers e contém um tom totalmente diferente dos anteriores. Explica-se: a idéia era lançar uma antologia de filmes ambientadas na famosa época das bruxas. Mas o fracasso de crítica e público fez essa idéia morrer, e a parte 4 , dessa vez com o retorno de Michael Myers, que nunca mais saiu dos filmes. A curiosidade é que, 43 anos depois, essa parte IIII tornou-se um cult amado por boa parte dos fãs de terror. E mesmo não sendo perfeito, ele tem um tom macabro e dramaturgicamente é muito ousado: as vítimas, em sua maioria, são crianças.
Em uma cidade no Norte da Califórnia, faltam 8 dias para a chegada do Halloween. Uma fábrica de máscaras de Halloween, a Silver Shamrock, faz enorme sucesso com as suas máscaras, e eles divulgam uma enorme campanha na tv de que no dia de Halloween, as crianças devem usar as máscaras olhando para o comercial na tv. Quando um homem, Harry Grimbridge (Al Berry), é internado em um hospital e é morto por um homem misterioso que depois se suicida, o médico Daniel Challis (Tom Atkins) se une à filha da vítima, Ellie (Stacey Nelkin), para entender o que aconteceu.
É um consenso unânima para os fãs de que o maior erro foi o de marketing, ao chamar o filme de parte III e frustrar quem esperava o retorno de Michael Myers. Tivesse sido lançado com outro título, teria alcançado mais sucesso. O filme parece até um episódio de "Além da imaginação", e poderia funcionar também como episódio de "Black mirror". Algumas mortes, mesmo toscas, possuem um tom sórdido e perverso, que fazem valer assistir.
quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Maurício de Souza, o filme
"Maurício de Souza, o filme", de Pedro Vasconcelos e Rafael Salgado (2025)
"Não desista dos seus sonhos, porquê os seus sonhos não desistem de você." Com essa frase, o verdadeiro Maurício de Souza aparece nos créditos finais de sua cinebiografia, retratando a sua infância em Mogi das cruzes até o nascimento do primeiro gibi em 1970, chamado de "Mônica e Sua Turma." Para ilustrar a frase, o filme aposta nas diversas situações e pessoas que surgem no caminho de Maurício, e que tentam fazê-lo desistir de ser cartunista. Seu pai, o barbeiro Antonio (Emilio Orciollo Neto) e sua avó Dita (Elisabeth Savalla). foram, segundo o roteiro, as pessoas chaves para a sua resiliência, tanto que são ditos diálogos enaltecendo a importância deles e a saudade.
O filme aposta no carisma de Diego Laumar, que interpreta Maurício criança, e em Mauro Souza, filho real do cartunista, na sua fase adolescente e adulta, já casado com Marilene (Tathi Lopes) e pai de 4 filhas. Os créditos finais falam que Maurício casou 3 vezes, tem 10 filhos, e que Mauro é seu filho com sua terceira esposa, casado há 50 anos, Alice Takeda. A história traz muitos personagens que inspiraram seus personagens famosos, como suas filhas Magali e Monica, e ele memso, foi inspiração para o dinossauro Horácio. O primeiro ato aposta no drama, e quando entra a personagem de Marilene o humor da personagem traz mais leveza ao filme. O melhor momento e o clipe que apresenta seus personagens sendo criados, o que fará o público se emocionar.
Protein
"Protein", de Tony Burke (2025)
E se Ken Loach fizesse um filme de terror com um protagonista c4n1bal focado em questões sociais? Assim é "Protein", a extensão de um curta escrito e dirigido por Tony Burke, que ele lançou em 2014. Agora, com o mesmo ator, Craig Russell, Burke lança o longa de mesmo nome.
Sion (Russell) é um fuzileiro que após uma temporada em guerras, sofre de estress pós traumático. Ele chega à uma pequena cidade no País de Gales, sme dinheiro e sem ter aonde ficar. Ele chega em uma academia e a dona, Katrina (Kezia Burrows), decide ajudá-lo, oferecendo um emprego de faxineiro e um canto em sua casa para ele ficar. Quando Katrina é agredida por Dwayne (Kai Owen), um criminoso que trabalha para traficantes locais e que frequenta a academia, Sion decide se vingar e o mata em sua casa, e depois o d3v0r4. Ele usa a carne como proteína para a sua rotina de malhação. A polícia investiga um serial killer e chega à cidade, e acaba se envolvendo na briga de traficantes, sem saber da existência de Sion.
O filme tem uma fotografia que traz uma atmosfera suja e underground típica de filmes dos anos 90. O elenco é bom, formado por um elenco macsulino brucutu, e as únicas mulheres são Katrina e uma policial. Um filme interessante e curioso, unindo gêneros de forma coesa e assustadora.
terça-feira, 21 de outubro de 2025
A freira assassina
"Suor Omicidi", de Giulio Berruti (1979)
'Nunexploitation" é um sub-gênero do cinema exploitation (exploração), focado em freiras perversas, possuídas, assassinas, envolvidas geralmente em cenas de nudez e s3x0. O sub-gênero teve início em 1971, com "Os demônios", de Ken Russel. Logo depois, muitos filmes surgiram, e entre eles, 'A freira assassina", um dos títulos mais conhecidos. O elenco por si só já seria motivo de culto: Protagonizado por Anita Ekberg (a estrela de Federico Fellini em "La dolce vita" e a famosa cena da Fontana di Trevi), além da premiada atriz italiana Alida Valli, de "O terceiro homem", de Carol Reed, "Sedução da carne", de Luchino Visconti e "Suspíria", de Dario Argento. Joe Dalessandor, ator fetiche de Andy Warhol e Paul Morrisey, também está no elenco, só que vestido!!!! Na época do lançamento, 1979, esse filme italiano foi proibido no Reino Unido, e somente liberado em 2006. O filme é datado e visto hoje em dia não traz viol6encia e s3x0 que pudesse justificar tamanha controvérsia. Mas continua sendo um filme repleto de taras e perversões, e na época foi um verdadeiro escândalo. O filme é baseado na história real ocirrido na Bélgica com a freira Cécile Bombeek, que se tornou viciada em morfina e cometeu uma série de assassinatos em um hospital geriátrico em Wetteren, de 1976 a 1978. Anita Ekberg interpreta Irmã Gertrudes. Após uma cirurgia d eretirada de um tumor no cérebro, Gertrudes tem alucinações e dores, somente atenuadas com a morfina e ópio que ela aplica em sua veia. A sua colega de quarto, Irmã MAthieu (Paola Morra). é quem consegue escondido as drogas para Gertrudes. Mathieu sente atração s3xu4l por Gertrudes. Enquanto isso, pacientes idosos são assassinados na clínica. Gertrudes é apontada como suspeita, mas ela não consegue se lembrar de nada. Gertrudes também é ninfomaníaca: ela sai às vezes para a cidade, se veste de forma sexy e atrai homens, com quem faz s3x0.
Eu cresci ouvindo que esse filme era proibidissímo, e se tornou totalmente obscuro para mim. Assistindo agora, entendo que para a época deve ter sido uma polêmica enorme, até porque envolve freiras com taras e assassinas. É cafona e bastante divertido, e a trilha sonora é uma delícia.
This Is What Love in Action Looks Like
"This Is What Love in Action Looks Like", de Morgan Jon Fox (2011)
Documentário que traz uma história real ocorrido em Memphis, Tennessee no ano de 2005: Zach Stark, um jovem de 16 anos, escreveu em seu blog no My Space que tinha acabado de se assumir para seus pais e que eles não aceitaram muito bem a sua homossexualidade. No dia seguinte, seus pais o enviaram a um programa cristão chamado de "Love in action", um programa cristão fundamentalista que trabalha com adolescentes gays e os converte para se tornarem heterossexuais. Os amigos de Zach, blogueiros e ativistas lgbts tomaram conhecimento de seu blog, e um protesto começou a tomar corpo no país. O filme entrevista o próprio Zach, adolescentes que também estiveram ali, relatando a rotina do local, chamado de "Refuge". O diretor do programa, John Smid, acreditava que ser gay era uma escolha e que ele próprio era um ex-gay.
Em um dos depoimentos, um jovem diz que ao chegar ao Refuge, ele era vistoriado: jogaram fora seus cds de musicais, como "A bela e a fera" e do compostor Bach, roupas coloridas e apertadas. Cruzar pernas ou qualquer outro comportamento considerado feminino eram proibidos. O relato dos jovens é de clausura total, e muitos tinham o desejo de suicídio ou de fuga. Esse tipo de programas de conversão já foram temas de muitos filmes, como "Pedágio", "Boy erased" e "O Mau Exemplo de Cameron Post".
Bone lake
"Bone lake", de Mercedes Bryce Morgan (2025)
Thriller com elementos de slasher, "Bone lake" é escrito por Joshua Friedlander e dirigido por Mercedes Bryce Morgan. O filme é uma produção indie americana e tem como atrativo o protagonismo do brasileiro Marco Pigossi, focado em sua carreira internacional. Aqui, as muitas referências ao cinema de horror traz easter eggs de "A hora do pesadelo"( a cena da banheira), "A cabana da floresta"( o que seriam dos filmes de terror sem as casas para alugar por temporadas enfiadas na floresta isolada???) e o dinamarquês "Não fale o mal", onde dois casais dividem uma mesma casa. Mas confesso que o que pensei o tempo todo, foi no programa de João Kleber, 'Teste de infidelidade".
Diego (Marco Pigossi) e Sage (Maddie Hasson) decidem passar um fim de semana em uma casa isolada na floresta, que eles alugaram. Ele é escritor, e ela, jornalista. Diego deseja fazem um pedido de casamento à Sage, dando à ela o anel de casamento de sua avó. Mas ao chegarem no lugar, eles decobrem que o dono alugou a casa para outro casal no mesmo período, Will (Alex Roe) e Cin (Andra Nechita). Diego e Sage decideim que, como a casa é grande, eles podem dividir o espaço. Os casais passam então a interagir, passando os dias em conversas e conhecendo a rotina do outro casal. Aos poucos, Sage é seduzida por Will, e Diego, por Cis, enquanto estão separados, como um teste sobre a fidelidade dos parceiros. O filme passeia por gêneros: começa como romance, vai pro drama, depois percorre o erotismo soft dos anos 90, com transas com lençóis cobrindo as genitálias e sutiãs cobrindo a parte do busto. E finaliza, em seu terceiro ato, em slasher, e com momentos de deboche do gênero, trazendo cenas com humor ácido, quase paródia ao gênero. O filme funciona como uma auto referência do slasher: elenco bonito e fotogênico, plot twists, psicopatia de personagens e claro, o uso de machados, moto serras e até hélices de lanchas. No final, uma divertida homenagem ao cinema de gêbero.
Enemies with benefits
"Enemies with benefits", de Steven Vasquez (2016)
Escrito e dirigido por Steven Vasquez, "Enemies with benefits" é uma comédia romântica queer, repleto de cenas de s3x0 3xplícit0. O filme é uma produção indie americana, e traz um elenco amador e com péssimas atuações. O roteiro é simplório e tosco e toda a parte técnica, incluindo fotografia e edição, fraca. O mote do filme foi tirado da obra prima de Frank Capra, "A felicidade não se compra".
Jamie ( Chance Feandro ), um jovem de dezenove anos, trabalha como cameraman de uma website de rapazes fazendo s3x0 online. Ele é apaixonado por um dos atores, que não retribui o seu amor. Jamie decide que quer se matar. Mas um espírito do além, protetor dos gays, diz que ele deve procurar a orientação de um serviço online que tem como missão, impedir que jovens gays se suicidem. Jamie passa a contar a sua história para o "espírito" Mr Jones (Steven Bright).
Um filme pavoroso, ruim em tudo, e que só serve para quem curte um filme 3rótic0 gay sem simulação. O elenco tenta fazer humor, mas é tudo um desastre.
segunda-feira, 20 de outubro de 2025
O Conto de Sylian
"The tale of Sylian", de Tamara Kotevska (2025)
Indicado pela Macedônia como representante do país para uma vaga ao Oscar de filme internaiconal 2026, "O conto de Sylain" é dirigido e escrito pela cineasta do premiado 'Honeyland", indicado ao Oscar de melhor documentário em 2020. "The tales of Sylian" ganhou 2 prêmios no Festival de Veneza 2025, e é um comovente documentário que traz fábula e a relação entre homem e natureza, como já havia sido visto em "Honeyland".
O filme é inspirado no conto popular do menino Silyan, que decide ir embora da casa de seu pai e ir para bem longe. O pai, para se vingar do filho que o abandona, pede ao céu por um castigo. O filho se transforma em uma cegonha e vai embora.
O filme faz esse paralelo com a história do fazendeiro Nikola, um homem que, segundo a atendente da agência de empregos, é jovem demais para se aposentar, e velho demais para conseguir um novo emprego. Ele é casado com Jana e moram nas terras há mais de 40 anos, plantando batatas, melancia e tabaco, junto de seus filhos. Mas quando o governo baixa os preços do cultivo, se torna impossível para os fazendeiros venderem seus produtos a preços tão baixos. Sme perspectiva de sobrevivência, os filhos de nikola decidem migrar para a Alemanha, para trabalharem em qualquer serviço por lá. Nikola e Jana ficam sozinhos, até que um dia, os filhos ligam pedindo para a mãe ir também, pois é muito caro as creches e pagar alguem para cuidar das crianças. Sozinho, Nikola tenta um emprego em seu país, e consegue como motorista de um trator no aterro sanitário ( muitas fazendas se tornaram aterros sanitários). Um dia, Nikola encontra uma cegonha machucada na asa, e decide cuidar dela. Ambos se tornam grandes amigos. E é através da cegonha, que Nikola decide não vender mais suas terras, abandonar o emprego d etratorista e voltar a cultivar em suas terras.
O lindo filme é repleto de camadas emotivas. O que mais me impressiona, é como a idéia do filme surgiu em sua origem, uma vez que todos os percursos ( ida dos filhos para. a Alemanha, encontro com a cegonha" acontecem ao longo do filme.
O bosque
"The grove", de Acoryé White e Patrycja Kępa (2025)
Uma tentativa mega hiper frustrada de emular o cult "O soldado universal", de 1992, com Dolph Lundgren e Jean Claude Van Damme, "The grove" é um filme indie que traz ficação científica, terror, drama e ação em um filme ruim em todos os queistos: atuação, roteiro, fotografia, efeitos, edição. E para piorar, os produtres ainda deixam o final em aberto, com a cartela "the grove will return". Um abuso.
A história pífia apresenta Terrance (Acoryé White), um soldado das Operações Especiais do exército americano. ele se oferece para um experimento de uma cientista, que aplica doses de medicamentos nele. Ele aceita, pensando em seu futuro com sua noiva e poder criar uma família e ter condições financeiras. Quando ele retorna para casa seis meses depois, ele passa um final de semana com sua noiva e casais de amigos como boas vindas. Paralelo, um outro soldado se torna violento e mata a todos na base militar, e vai de encontro com Terrence que também sofre os efetos da falta de medicamentos. Os amigos vão morrendo um. aum pelas mãos do soldado vilão, até o inevitável duelo entre soldados.
O filme fosse um curta, teria sido um filme bem melhor. Como longa, e ainda mais com longos e entendiantes 95 minutos, fica muito difícil de assistir. A fotografia é muito escura e pouco dá para se ver em boa parte do filme.
Arillo de hombre muerto
"Arillo de hombre muerto", de Alejandro Gerber Bicecci (2024)
Escrito e dirigido por Alejandro Gerber Bicecci, "Arillo de hombre muerto" é um drama mexicano, protagonizado por Adriana Paz. Ela ficou conhecida por ter recebido o prêmio de interpretação coletiva em Cannes no ano de 2024, pelo filme 'Emilia Perez". Curiosamente, em ambos os filmes, a personagem de Adriana Paz procura por um parente desaparecido. Em "Arillo de hombre muerto", no caso, ela procura pelo marido, que sumiu misteriosamente. Segundo a pesquisa feita pelo roteirista, muitos homens são sequestrados para servirem ao narcotráfico, e logo depois, mortos.
O filme é rodado em preto e branco, o que acentua a sua dramaticidade, O roteiro epxlora a sociedade misógena e machista, que pouca atenção dá para mulheres que lutam sozinhas na justiça. Dalia (Paz) é maquinista do metrô. Ela é mãe de um casal de adolescentes e casada. Voltando para casa, ela fala ao celular com o marido, que do nada, para de falar. Desde então, ele nunca mais apareceu. Dalia decide ir atrás de informações, tanto na polícia, quanto em organizações voltadas para desaparecidos. Em todos os casos, os atendentes fazem pouco caso dela: alegam que por filiação política no trabalho, ela deixou de cumprir suas obrigações como eposa. EM uma repartição, um atendnete macsulino debocha dela, dizendo que é comum aos homens desaparecerem de casa para procurarem amantes. Dalia pede demissão e, para sustentar os filhos, abre uma barraca de salgadinhos perto da área residencial onde mora. Para finalizar, ela é convidada para participar de um documentário sobre dasaparecidos. O que ela não esperava, é que os produtores exploram seu rosto e o imprimem em diversos outdoors da cidade.
O filme inesperadamente, termina fazendo uma crítica feroz ao abuso da mídia, explorando a tragédia e a miséria humana. Não é um filem fácil de se assistir. O fato dele ser ambientado durante a pandemia de covid, só acentua o fato do descaso, pois todos, de máscara, sem rosto, parecem um monte de pessoas anônimas. Adriana Paz está excelente no papel, afirmando seu grand etalento entre as atrizes mexicanas.
Excursiones
"Excursiones", de Ezequiel Acuña (2009)
Comédia dramática indie argentina, 'Excursiones" no fundo, é um filme bastante melancólico sobre a entrada na fase adulta da vida, e aperda da inocência da juventude. Continuação 10 anos depois do curta "Rocio", de 2000, dirigido e escrito pelo mesmo diretor, Ezequiel Zc˜una e protagonizado pelos mesmos personagens, Marcos (Matías Castelli) e Martín (Alberto Rojas Apel, quando eram estudantes antes de se formarem, na faixa dos 20 anos.
Agora chegando aos 30, as responsabilidades são outras. Marcos trabalha em uma fábrica de doces e consegue que um teatro queira estrear um espetáculo solo que ele criou no ensino médio e para reescrevê-lo pede ajuda a Martín, seu amigo de colégio que nos dez anos em que não se viam se tornou roteirista de televisão. Durante os encontros, eles falam sobre as expectativas de futuro que não se concretizaram, e principalmente, sobre a morte do amigo Lucas, morto em um acidente.
Rodado em preto e branco, o que intensifica o tom triste do reencontro, repleto de falas nostálgicas e de silêncios, o filme finaliza com cenas do curta, em cores, quando a vida ainda não era repleta de responsabilidades, e os sorrisos dos personagens afloravam. EM tom naturalista, os atores cativam pelo carisma.
domingo, 19 de outubro de 2025
Little Trouble Girls
"Kaj ti je deklica", de Urska Djukic (2025)
Indicado pela Eslovênia ao Oscar de filme internacional 2026, 'Little Trouble Girls" ganhou melhor fotografia em Tribeca e um prêmio especial no Festival de Berlim. Guardadas as devidas proporções, o filme me fez lembrar de 'Segundas intenções" e a icônica cena onde a personagem de Sarah Michelle Gellar seduz a ingênua personagem de Selma Blair, iniciando-a s3xualmente nos prazeres do desejo da carne.
Ambientado em Liubliana, Eslovênia, o filme apresenta a adolescente Lucija (Jara Sofija Ostan), uma jovem tímida, educada com rigor religioso e conservador poe uma mãe possessiva e controladora. Lucija integra o coral feminino de sua escola católica. Sua melhor amiga, Ana-Marija (Mina Švajger) é o oposto de Lucija. Quando o coral é convidado para uma viagem para uma semana em Cividale del Friuli, perto de Trieste, a mãe de Lucija impõe vária sregras para a filha. Elas ensaiam em um convento, que está passando por reformas. Lucija observa os homens trabalhando e fica excitada. Sua amiga Ana percebe e a leva até o riacho, onde os homens tomam banho. Lucija passa a ter sentimentos diferentes em relação ao professor do coral e até mesmo sonhos eróticos envolvendo as estátuas o convento.
Eu queria ter gostado mais do filme. As atrizes são boas, o filme é bonito, as locações são de encher os olhos. Mas o ritmo é arrastado, a história não empolga.
Underwater
"Underwater", de Alejandro Sesma (2015)
Lançado originalmente como um longa-metragem chamado 'Swimboy", "Underwater" é uma versão mais enxuta, sem as cenas de s3x0 explícit0 envolvendo todo o elenco. Produção inglesa, o filme apresenta Jonathan (Jaxon Radoc), um jovem órfão de mãe que morreu em um afogamento. Seu pai está prestes a se casar novamente. Sua madrasta o quer distante da convivência do pai, e o envia para uma academia de natação de elite no interior da Inglaterra. ele divide seu quarto com Danny (Danny Montero). Jonathan logo se vê em uma relação de bullying com os outros rapazes.
O filme tem um roteiro fraco, atores amadores que só se valem de sua beleza. O filme é pretexto para cinéfilos voyeurs, que desejam assistir a um filme repleto de cenas homoeróticas, filmadas com uma fotografia e câmera que valorizam os corpos do elenco.
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