quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Madame Durocher
"Madame Durocher", de Dida Andrade e Andradina Azevedo (2024)
A dupla de diretores Duda ANdrade e Andradina Azevendo tem uma filmografia bastante eclética, que vai do indie premiado em Gramado em 2013 com melhor direção e melhor fotografdia "A bruta flor do querer", passando pelo blockbuster 'Eike- tudo ou nada", e agora trazendo outra cinebiografia, mas com uma alma totalmente intimista e feminina. Aliados à produtora Rita Buzzar, do grande sucesso 'Olga", que também co-escreveu o roteiro junto de João Segall, os diretores levam às telas a história da primeira mulher a obter o título de parteira no Brasil e a se tornar membro oficial da Academia Nacional de Medicina, no período do Brasil Império, sob o comando de Pedro II. Ela é Marie Josephine Mathilde Durocher, mais conhecida como Madame Durocher. Interpretada na juventude por Jeanne Boudier e na fase adulta Sandra Corveloni, a protagonista passou por diversas tragédias em sua vida pessoal, mas sempre mantendo o foco nos pacientes, tendo feito o parto de mais de 4 mil mulheres.
O filme mostra uma sociedade misógena, machista, patriarcal e também racista. A mãe de Marie, Anne (Marie-Josée Croze) veio ao Brasil para construir sua vida e ela se vangloria de vir de uma linhagem de mulheres que sempre batalharam a vida sozinhas e independentes, sem precisar de homens para que as sustentassem. Mas a sociedade brasileira via com maus olhos mulheres independentes. Anne sucumbe à sociedade conservadora, e cabe à sua filha Marie dar continuidade ao seu legado, decidindo se tornar parteira, com a ajuda do Dr Joaquim (André Ramiro), médico negro que sofre preconceito da sociedade branca. Os diretores decidiram dar um conceito estético ao filme muito semlehante ao filme "O filho de Saul': com planos fechadosm e câmera na mão, intensificando assim a angústia e martírio de uma mulher lutando contra um mundo que lhe dá as costas. Outra referência é "Albert Nobbs", onde Glenn Close se vestia de homem para poder se igualar aos direitos dos homens e não sofrer violência nem humilhação. A fotografia, de Andradina Azevedo, é outro ponto alto do filme. O extenso e talentoso elenco chama atenção: Armando Babaioff, Adriano Toloza, Fernando Alves Pinto, Matheus Solano, Thierry Tremouroux, Clara Moneke, Junior Vieira, entre outros. Mas quem tem seu momento de brilho é Isabel Fillardis, no papel da escrava Clara: o seu monólogo para Marie é emocionante e traz a força de uma grande atriz que merece mais papéis de destaque.
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