sábado, 30 de novembro de 2024
A linha da extinção
"Elevation", de George Nolfi (2024)
Quando "Um lugar silencioso", de John Krasisnki surgiu em 2018, vários filmes genéricos sobre mundo pós apocalíptico invadido por monstros assassinos mas que posssuem alguma deficiência começaram a surgir. Agora em "A linha da extinção", a humanidade desaparece por conta de monstros que matam as pessoas, mas que não conseguem alcança-las a uma altura maior do que 2.400 metros de altitude. E o negócio é tão matemático, que os sobreviventes demarcam esse limite com uma linha desenhada onde os monstrengos param exatamente na linha!!!!! Os poucos sobreviventes moram em vilarejos construídos nos altos das montanhas, e vivem uma vida aparentemente normal. Entre eles, Will (Anthony Mackie), pai do pequeno Hunter (Danny Boyd Jr). Ele se ressente da morte de sua esposa Tara, morta em uma ação junto da cientista Nina (Monica Baccarin), a quem Will culpa pela morte da esposa. Hunter tem um problema respiratório e para isso, Will decide descer a montanha e ir até um laboratório pegar tubo de oxigênio. Mas para isso, ele precisa contar com a ajuda de Nina, que tem passado todo esse tempo tentando encontrar um projétil que perfure o corpo dos monstros. A eles, se junta Katie (Maddie Hasson), uma jovem rebelde que quer lutar por um futuro melhor dos sobreviventes.
O diretor George Nolfi dirigiu a ótima ficção científica "Os agentes do destino" de 2011 com Matt Damon e Emily Blunt, e agora precisa lidar com um orçamento médio para fazer esse filme de ação apocalíptico. O filme tem até boas cenas, como a da fuga no teleférico, mas impossível não lembrar de "Jurassic Park" nas cenas que os monstros, que lembram muito dinossauros, atacam. É tudo muito óbvio, incluindo qual dos 3 irá morrer. Salva-se o carisma dos atores principais, e a curiosidade de que tanto Mackie quanto Baccarin são crias da Marvel e acostumados com orçamentos milionários, e aqui precisam lidar com um projeto de ação em menor escala. Um passatempo decente.
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
The night it rained
"The night it rained", de Lamont Lamar (2021)
Premiado curta LGBTQIAP+ americano, "The night it rained" já abre com uma certa anunciando que o filme tem cenas explícitas de violência e abuso sexual, alertando o espectador sobre o conteúdo cru e brutal que irá assistir. Em São Francisco, o jovem estudante negro Malachi (Evan Joelle) estuda em uma universidade. Ele ganhou uma bolsa de estudos, mas para manter o benefício, precisa manter uma média alta na snotas e marcar presença. Sem que sua mãe, que mora em outro estado, saiba, Malachi se mantém na cidade como garoto de programa. Por conta das atividades como michê, que o fez baixar as notas, ele perde a bolsa. Desesperado e sem chances de reverter a perda, ele agenda mais um cliente. O que ele não esperava, é que o cliente, um homem branco musculoso, deseja um atendimento que envolva violência e submissão.
O filme fez uma forte campanha de marketing quando de seu lançamento, dentro do movimento "Black lives matter". O cliente branco é uma representação do senhor de escravos, que domina com violência o "escravo" que ele diz ter direito por estar pagando. O trabalho dos dois atores é visceral, e a direção de Lamont Lamar é potente.
Rally
"Rally", de Santiago Menghini (2024)
Diretor do suspense "Ninguém sai vivo", o canadense Santiago Menghini decidiu fazer uma experimentação utilizando a inteligência artifical, e realizou um curta de animação onde praticamente fez toda a concepção visual sozinho (foi auxiliado por um fotógrafo, dubladores e equipe de áudio e cor). A proeza de se realizar um filme tecnologicamente impecável é assustador, e pensar que até há pouco tempo, seria necessária uma equipe enorme de animadores e experts em 3D e computação para dar vida às cenas de ação desse filme de roteiro simples, mas tecnicamente impressionante. Obviamente que ver um filme live action com atores sempre será mais convidativo ( recentemente, um comercial da Coca Cola de Natal todo realizado em Ai gerou polêmica). O filme apresenta 2 mercenários, que têm a missão de levar um sequestrado no porta malas até o seu destino pré determinando. Para isso, precisam atravessar uma floresta e estradas fortamente armadas.
O filme parece uma grande sequência de ação e perseguição de qualquer game que a garotada usa. Mas de novo, o que vale ressaltar aqui é o quanto uma única pessoa consegue realizar um filme sozinho, ou com equipe mínima. Um novo tempo muito em breve chegará para o audiovisual, para o bem ou para o mal.
Beatles'64
"Beatles'64", de David Tedeschi (2024)
O documentário, produzido por Martin Scorsese, começa com um clipe apresentando o presidente John F. Kennedy, seus discursos sobre industrialízação, crescimento econômico e de segregação racial, até a sua morte e funeral. Logo depois, aparece uma cartela anunciando que meses após a morte de Kennedy, os The Beatles viajaram para os Estados Unidos pela 1a vez na carreira, para uma performance ao vivo no programa de Ed Sullivan show. Eles chegaram no dia 7 de fevereiro de 1964, em Nova York. A apresentação no programa teve uma audiência de 70 milhões de espectadores. Eles fizeram um concerto em Washington e tudo foi documentado pelos cinegrafistas Albert e David Maysles. O filme traz material inédito jamais visto anteriormente, e é de uma riqueza cultural e histórica para quem é fã de Paul Mccartney, Ringo Star, John Lennon e Gerorge Harrison. The Beatles era famoso na Europa, mas nos Estados Unidos ainda não, e o filme apresenta a recepção dos fãs à sua chegada. O filme traz cenas de Scorsese conversando com Ringo Star, David Lynch dando seu parecer sobre o evento, fãs de outrora no dia de hoje, falando de quem gostava mais e seus sonhos eróticos, além de depoimentos de cada integrante da banda ao longo dos anos trazendo suas impressões sobre a experiência de estarem nos Estados Unidos.
Jornada sem fim
"San da dui", de Mop Dai (2023)
Vencedor de diversos prêmios internacionais, "Jornada sem fim" é um thriller chinês que mistura drama, ação e uma trama de vingança. O filme é excelente, uma trama que termina de uma forma emocionada e que me fez chorar. Uma ode à amizade, à ética profissional e ao ofício dos policiais que fazem juramento à sociedade em defesa da população, custe o que custar. O filme é a jornada física e emocional do protagonista Cheng Bing (Zhang Yi, fantástico), que durante 11 anos, fica obcecado em procurar o assassino de uma menina de 14 anos, que foi estuprada e morta. o filme me fez lembrar da paranóia e obsessão do detetive de "Memórias de um assassino", de Bong Joon-ho, diretor de "Parasita".
No sul da China, em Taiping, província de Guangdong, no dia 21 de setembro de 2002, um grupamento policial, liderado pelo detetive Cheng Bing, vai atender a um chamado. O grupo é formado por Xi Yizhou (Wei Chen), e Cai Bin (Cao Bingkun), Ma Zhenkun (Wang Xiao), Liao Jian (Zhang Zixian) e do veterano Zhang Qingliang (Yang Xinming), o mais velho do grupo. Eles descobrem que uma menina de 14 anos foi assassinada e estuprada, e os suspeitos são dois irmãos que foram instalar um ar condicionado quando a menina estava sozinha em casa. Zhang vai atrás de um dos irmãos suspeitos, Wang Dayong, mas durante a correria, passa mal e morre logo depois. O suspeito é interrogado pelo grupo, mas com a frieza da confissão, o grupo acaba acidentalmente matando-o. O grupo vai preso e todos, com exceção de Cheng Bing, pegam 5 anos de prisão. Bing pega 8 anos, e ao sair, descibre que cada integrante teve que seguir a vida de uma forma diferente: as famílias os abandonaram, e foram detimidos pela polícia, assim como Bing. Obcecado em encontrar o assassino, Bing procura reunir o grupo novamente e ir atrás do criminoso.
Todo o elenco e a construção de cada personagem é excelente. O espectador fica apaixonado pela amizade do grupo e a cada reencontro acende um sorriso no rosto. A trama também é ótima, e mesmo o filme sendo longo, vale assistir até o seu final, que resreva um belíssimo planos sequência. As ambientações da China durante o passar dos anos é muito bem apresentada, com uma ótima fotografia , maquiagem e direção de arte.
As polacas
"As polacas", de João Jardim (2024)
Drama histórico, "As polacas" retrata com muita garra e talento a vida de algumas polacas (mulheres oriundas da Polônia desde o século XIX e que ao chegarem ao Brasil, acabaram na prostituição). Protagonizado por Valentina Herszage, no papel de Rebeca, jovem judia vinda da Polônia em 1917, junto de seu filho pequeno Joseph. Ela chega ao Rio de Janeiro para se juntar ao seu marido, mas logo descobre que ele morreu. Desesperada, sem dinheiro e sem trabalho, Rebeca acaba sendo chantageada e vira refém de uma rede de prostituição de mulheres judias, a maioria enganada por oportunidade de emprego, pelo cafetão judeu Tzvi (Caco Ciocler), concomunado por um agente da polícia, o Delegado Oelando (Otávio Müller). Separada de seu filho, Rebeca resiste, mas não vê muitas chances de poder se manter no país. Logo ela se une às outras mulheres do bordel para tentarem um jeito de se libertarem do jugo de Tvzi.
Uma passagem histórica importante retratada no filme é quando a mãe de uma das mulheres morre, após 18 anos trabalhando no bordel. Impedidas de serem enterradas no cemitério judaico ou católico por serem prostitutas judias, elas se unem para criar uma associação, que logo se tornaria o cemitério israelita de Inhaúma, aonde as prostitutas judias podiam ser enterradas.
Um dos grandes chamarizes do filme é a fotografia de Louise Botkay, retratando com elegância uma iluminação que traz sutilezas e uma câmera que ajuda a disfarçar a modernidade das locações. O elenco é rfeorçado por um excelente time de atores: Amaurih Oliveira, Bruce Gomlevsky, Dora Friend, Erom Cordeiro, Clarice Niskier, entre outros.
The missing
"Iti mapukpukaw", Carl Joseph papa (2023)
Animação filipina toda realizada em rotoscopia (filmado com atores em fundo verde e retrabalhada depois na pós), "The missing" concorreu no Festival de Annecy e foi indicado pelas Flipinas para uma vaga ao OScar de filme internacional em 2025.
O filme é um drama fantasioso que me lembrou bastante "Mistérios da carne", de Greg Araki, com história praticamente semelhante. Em ambos os filmes, uma criança é abusada sexualmente por um adulto (aqui, o tio de Eric) e a criança começa a fantasiar que está sendo abduzida por um alienígena. Eric, agora já adulto, trabalha como animador, e ele não tem boca ( o trauma do passado o deixou mudo, e sua mãe, Rosalinda (Dolly de Leon, de "Triângulo das tristezas") não faz idéia do estupro que o filho sofreu. Ele começa a namorar um colega de trabalho, Carlos. Quando Rosalinda, que trabalha em outro país, pede que Eric vá visitar seu tio, que não respondeu mais às mensagens de Rosalinda, ele decide ir, junto de Carlos. Para surpresa dos dois rapazes, o tio de Eric está morto. Essa é a deixa para que os traumas do passado novamente retornem à vida de Eric, e a chegada de uma nave espacial querendo abduzi-lo novamente.
O filme tem uma premissa interessante, mesmo que já vista no filme de Araki, e a animação é muito boa, com traços mais infantilizados ao represnetar o passado. Mas o roteiro de Carl Joseph papa insiste em trazer experimentações na trama, o que otorna bastante confuso.
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Quatro primaveras
"Si ge chun tian", de Lu Qingyi (2017)
Premiado documentário chinês, "Quatro primaveras" é o filme de estréia do documentarista Lu Quingyi. Durante 4 anos, no período de festas de fim de ano, ele documentou a rotina de seus pais idosos, o professor aposentado Lu Yunkun e sua mãe, Li Guixian, ma província rural de Dushan, sudoeste da China. Eles moram em uma casa humildes e passam seus dias plantando verduras, cantando óperas chinesas, caminhando pelas escadarias da cidade, pelas montanhas, visitando amigos e parentes, fazendo comida, comendo com os filhos e amigos. No ano seguinte, a irmã do diretor, a jovem Qingwei acompanha a família, junto de seu filho e marido. Ela acompanha a rotina, mas inesperadamente, adoece, A rotina da família se torna o dia a dia do hospital, e entre lamentos, o pior acontece: Quingwei morre. A família faz funeral, eles celebram, e ficam enlutados. Os anos se seguem e a família não é mais a mesma.
O filme acompanha pessoas comuns, anônimas, e o espectador se torna testemunha de que pessoas comuns também podem ter vidas que interessam, mesmo sem eventos extraordinários. Minimalista, belo, o filme deixa clara a mensagem de que viver e morrer são ciclos que devem ser respeitados pelos que continuam, e pelos que partem. Um filme bastnat melancólico, sobre um casal de idosos que se amam e se complementam em sua simplicidade.
À espera do amor
"Du zi deng dai", de Dayyan Eng (2004)
Premiada comédia romântica chinesa, comparada pela Variety à comédias de Nora Ephron e Woody Allen. Exageros à parte da crítica, o filme é bastante simpático e traz personagens jovens carismáticos. Chen We (Xia Yu) é um jovem que sonha em ser escritor. Estudante de administração, ele largou a faculdade para abrir uma loja de antiquários com o seu melhor amigo da faculdade. Durante uma noite de bebedeiras com amigos, ele conhece a jovem atriz Liu Rong (Li BingBing), uma mulher divertida e esperta. Chen se apaixona por ela, mas ela só quer sua amizade, pois está à espera de um homem que a a jude na sua carreira. Chen diz à ela que ama histórias de terror, e enquanto sonha com os livros que um dia irá escrever, ele fará de tudo para conquistar o amor de Liu.
O filme tem momentos bem divertidos, graças ao grupo de amigos de Chen e também ao carisma da dupla principal, vidido pelos atores Xia Yu e Li BingBing. Pegando o clássico mote de opostos que se atraem, o filme cumpre sua função de divertir seu público.
Everything is free
"Everything is free ", de Brian Jordan Alvarez (2017)
Escrito, produzido, dirigido e protagonizado por Brian Jordan Alvarez, "Everything is fine" é um drama Lgbt que fala sobre relacionamento tóxico entre um gay assumido e um hetero. Rodado na Colômbia e Los Angeles, Brian é Ivan, um artista plástico que mora na Colômbia. Seu melhor amigo, Cristian (Peter Vack) decide visitá-lo, junto de seu irmão mais jovem, Cole (Morgan Krantz). Ambos os irmãos são heteros. Ivan tem uma vida sexual bastante ativa, mas ele fica totalmente obcecado por Cole. Uma noite, inesperadamente, Cole deice aceitar as investidas de Ivan, e eles transam, Cole se mantém dizendo ser hetero e não quer que Christian saiba.
O roteiro me irritou bastante, sobre esse relacionamento tóxico. Personagens que abusam da sedução e do poder para fazer da outra pessoa gato e sapato. E mesmo o personagem gay é insistente. O hetero diz que não quer e ele insiste até o final, mesmo o rapaz dizendo não estar a fim. Me irritei profundamente. Esperto foi o diretor, que se escalou para cenas de sexo com todo o elenco masculino de homens belos do filme, que pelo menos, tem boas cenas de sexo.
Inexplícável
"Inexplicável', de Fabrício Bittar (2024)
Adaptação do livro escrito por Phelipe Caldas, "O Menino que Queria Jogar Futebol: uma história de fé e superação", baseado em história real ocorrido na Paraíba, foi co-escrito e dirigido por Fabrício Bittar, diretor da comédia "O pior aluno do mundo". O filme me lembrou de "Meninas não choram", drama sobre uma menina apaixonada por futebol que descobre ter câncer, dirigido por Vivianne Jundi,
Gabriel Montenegro (Miguel Venerabile) é um menino que ama futebol. Seus pais, Marcus (Eriberto Leão) e Yanna (Leticia Spiller), lhe dão maior apoio. O casal tem outro filho, rafael, e Yanna está grávida do terceiro filho. Durante uma partida de futebol na ecsola, Gabriel passa mal e é levado para o hospital. Após exames, é constatado um nódulo no cérebro, que pode ser câncer. Durante cirurgia e o pós operatório, o menino fica entre a vida e a morte, e é dado como morto. A mãe aposta na fé e nas orações, e o pai é cético e frio. Mas inexplicavalmente, o filho se cura.
O elenco conta com Suely Franco, avó de Gabriel, André Ramiro, Leo Miggiorin, Adriana Lessa e Victor Lamoglia. É um filme correto, ambientado quase todo no hospital, e que traz ênfase nos temas da família, religiosidade, fé e amor e crença. Para quem gosta do gênero de filmes sobre doenças e cura, é um filme a se recomendar.
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Shadow brother sunday
'Shadow brother sunday", de Alden Ehrenreich (2023)
Produzido por Francis Ford Coppola, 'Shadow brother sunday" é a estréia do ator Alden Ehrenreich (o "Hans Solo") na direção e na escrita do roteiro, e também protagonizando o filme. O filme apresenta os irmãos Cole (Ehrenreich) e Jacob (Nick Robinson , do filme "Love, Simon"). Eles estão na casa dos pais, e toda a família está reunida. Cole é empresário de uma banda e sem que ningu;ems aiba, ele está falido e devendo dinheiro. Jacob é um ator famoso e a festa é para comemorar a pré estréia do filme que acontecerá de noite. Os pais obviamente mimam Jacob, enquanto Cole é totalmente ignorado e desprezado. Cole sabe que o laptop de Jacob contém o filme inédito, e decide roubar o filme e venver para um contrabandista de filmes piratas.
O filme é um drama que vai entrando no suspense: será que Cole consegue roubar o filme, com tanta gente em casa? O elenco está excelente, incluindo o elenco de apoio, e a direção de Ehrenreich está precisa e objetiva. Uma ótima estréia, de um tema que deve bater fundo em Ehrenreich, um ator bastante promissor mas que não conseguiu mais papéis de destaque.
Fernanda Young- foge-me ao controle
"Fernanda Young- foge-me ao controle", de Susanna Lira (2024)
Fernanda Young faleceu prematuramente aos 49 anos. Nascida em 1970 em Niterói, ela sofreu parada cardiaca enquanto estava na fazenda da família, em Minas Gerais, e morreu em 2019. Fernanda escreveu 15 livros, 4 roteiros de longa-metragens, dezenas de séries e programas de tv, além de ter sido atriz e apresentadora. Mãe de 4 filhos, as gêmeeas Cecilia Madonna (homenagem à cantora Madonna, que Fernanda tanto idolatrava) e Estela MAy, e os adotivos Catarina e John. O documentário, dirigido por Susanna Lira, procura sair do lugar comum dos documentários que trazem depoimentos de amigos e parentes. Aqui, em uma narrativa livre e poética, ouvimos através da narração da atriz Maria Ribeiro, os poemas de Fernanda, sobrepostos sobre imagens de fotos e vídeos de arquivo de Fernnanda, sozinha, com o marido Alexandre Machado (se conheceram na boite gótica carioca "Crespúsculo do Cubatão", nos anos 80) e com trechos dos diversos programas baseados na escrita de Fernanda.
Assexybilidade
"Assexybilidade", de Daniel Gonçalves (2023)
Em 2018, foi lançado o documentário "Meu nome é Daniel", que apresentava em 1a pessoa o diretor Daniel Gonçalves. No filme, ele se expunha de corpo e alma, e apresentava para o público a sua condição de poryador de deficiência que nenhum médico conseguiu diagnosticar. AGora, ele lança o documentário "Assexybilidade". O próprio Daniel se expõe no filme, inclusive em nú friontal, e junto de outros 15 entrevistados, querem deixar claro que o corpo "def" é um corpo desejável e sexualmente ativo.
O filme obviamente fala sobre capacitismo, que segundo a declaração de um cadeirante, é quando se considera que pessoas com deficiências não são capazes de realizar ações. Mas o filme também traz outros temas como pano de fundo: racismo, machismo, homofobia, preconceitos acentuados pelos entrevistados pelas suas condições, sejam ela de nanismo, uso de próteses, cadeirantes, deficientes visuais, etc.
Muitas dos depoimentos são muito crus e comoventes, e deixam claro que ninguém ali quer ser visto como coitadinho ou precisando de ajuda. O final apresenta um clip repleto de tesão de beijos entre alguns dos entrevistados com seus pares, um belo momento de afirmação.
Linguagem universal
"Une langue universalle", de Matthew Rankin (2024)
Premiado com melhor filme do público na Mostra Quinzena dos realizadores do Festival de Cannes 2024 e indicado pelo Canada ao Oscar de filme internacional 2025. "Linguagem universal" traz uma linguagem que remete ao humor de constrangimento e de situação típicos dos cinemas de Aki Kaurismaki e Elia Suleiman. O filme parte de uma situação fantasiosa: uma região onde a população fala uma língua que mistura o francês e a língua farsi. O filme apresenta personagens que vão se entrecruzando durante o filme, quase que em estrutura de sketches. O filme começa em uma sala de aula, em Winnipeg, onde um professor severo dá uma brinca nos alunos da turma, stodos crianças. Um dos alunos não enxerga direito pois os óculos que sei pai comprou para ele, ele alega que um peru pegou e fugiu com ele. O professor pune toda a turma enquanto o menino não enxergar o quadro negro. Duas das colegas, Negin e Nazgol, encontram uma cédula congelada no lago e com o dinheiro pensam em comprar óculos pro menino, mas elas precisam ver um jeito de quebrar o gelo. Um homem, Massoud, conduz um grupo de turistas pelos monumentos de Winnipeg, cidade canadense. Matthew (interpretado pelo diretor) abandona seu emprego em um escritório em Quebec e retorna para Winnipeg para viistar sua mãe.
COnfesso que gostei mais da trama das meninas, repleto de um humor bastante peculiar. as outras histórias não me seduziram muito, e a do homem que retorna para visitar a mãe achei confusa. O que me manteve o interesse foram as locações, registradas em uma fotografia em tons que lembram uma viagem ao tempo aos anos 80 dos filmes europeus independentes. As crianças são todas ótimas, e a cena inicial na sala de aula é primorosa.
Piano de família
"The piano lesson", de Malcolm Washington (2024)
Adaptação da peça teatral escrita pelo mesmo autor de "Fences", August Wilson, levado às telas com Denzel Washington e Viola Daves, "Piano de família" traz a história de luta de uma família negra no início do século 20, e que literalmente precisa lutar contra os fantasmas do passado para sobreviver e reinvidicarem dignidade pela história de suas raízes negras.
Diferente de "Fences", "Piano de família" traz elementos sobrenaturais para trabalhar o resgate da história da cultura africana de um dos protagonistas, Boy Willie (John David Washington). Ambientado em 1936 em Pittsburgh, o filme começa em 1911, quando um piano é roubado da família do fazendeiro James Sutter, senhor de escravos, pelo pai de Boy Willie. Agora adulto, ele procura sua irmã, Berniece (Danielle Deadwyler), que está com o piano em sua casa, e deseja vendê-lo, para asism, poder adquirir terras. Mas Berniece não quer vender o piano. Desenhado à mão pelos antepassados, que registram rostos na madeira do piano, ela quer que ele seja o símbolo da luta de sua família na época da escravidão. O fantasma de Sutter surge para assombrar aos irmãos e lembrá-los do sofrimento que todos passaram no passado.
Dirigido pelo filho mais jovem de Denzel Washington, Malcolm Washington. o filme mantém a tradição teatral que "Fences" tinha, só que aqui apresenta elementos mais cinematográficos e não fica o tempo todo dentro da casa. O elenco está todo ótimo, incluindo Samuel L. Jackson, no papel do tio Doaker. As cenas onde os personagens cantam são lindamente registradas.
terça-feira, 26 de novembro de 2024
Swap
'Swap", de Dallas King (2024)
Há tempos eu não via um filme tão ruim. Mas não o ruim maravilhoso do 'The room", de Tommy Wiseau, um cult clássico do cinema. 'Swap" quase chega lá, mas não tem charme nem é divertidamente tosco para fazer o público se divertir. O filme é escrito, dirigido, protagonizado e produzido por Dallas King, que traz um visual e atmosfera dos filmes de Los Angeles dos anos 80, com muito pro do sol, uso de gelatinas vermelhas para intensificar as cenas de sexo, velas acesas, banhos em banheira, mulheres nuas e um erotismo digno da sessão Band privé. Dallas King interpreta Apolo, um vampiro sedutor (o visual dele lembra Conan, o bárbaro: musculoso, cabeludo, aoarência meio suja). Ele é amante de Glory (Erin Anne Gray), amiga de Kyla(Jessica Lelia Green). Kyla é uma ninfomaníaca que namora Rad (James Eastwood), mas o seu desejo por sexo acaba cansando Rad, que não dá conta do recado. Glory convida Kyla e Rad para a festa de noivado dela com Apolo. Ao chegarem lá, descobrem que eles são os únicos convidados. Glory e Apolo propõem uma orgia, mas Rad é arredio e ciumento. Kyla acaba sendo mordida por Glory, e quando os três procuram seduzir rad para que também se torne vampiro e se tornar importal, ele recusa.
As cenas de sexo são pavorosas e não dão tesão ( tem uma cena que Apolo faz sexo oral em Glory e ela goza um jato na cara dele!!!) , os diálogos são ruins, os atores, amadores e sem carisma algum. Para ser ruime. cult como "The room", faltou querer ser ruim de verdade.
Servidão
"Servidão", de Renato Barbieri (2024)
Em 2022, o cineasta Renato Barbieri, sediado em Brasília, lançou o drama "Pureza", um filme denúncia sobre o trabalho escravo em fazendas latifundiárias no interior do Maranhão. O filme tinha uma narrativa que mesclava ficção e documentário. Com o seu documentário 'Servidão", Barbieri retorna ao tema da escravidão que ainda persiste no Brasil. O filme começa apresentando o Cais do Valongo, na zona portuária do Rio de Janeiro. O local é considerado o maior porto receptor de escrevos do mundo, tendo passado por ali mais de 1 milhão de população negra vinda da África e comercializados como escravos. Narrado por Negra Li, o filme faz uma retrospectiva do Brasil escravo, passando pela lei Áurea, de 13 de maio de 1888, e constatando que, 107 anos depois, o Brasil reconheceu o trabalho escravo no país.
A frase disparada pelo filme é “Abolição já! A outra não valeu". Muitos trabalhadores ainda estão trabalhando em regimes de escravidão no país. A triste revelação é de que, a cada 5 dias, um defensor de direitos humanos no país é morto. O filme traz histórias de diversos desses trabalhadores, entre eles, Marinaldo Soares Santos, de 52 anos, que desde criança, ainda com seus pais, já trabalhava como escravo. Educadores, historiadores e outros profissionais dão depoimento sobre o tema no filme, e apesar do final esperançoso, ainda deixa claro que o caminho para a regulamentação de trabalhadores no interior do país, nas grande sfazendas, ainda etsá longe de encontrar um desfecho satisfatório.
Sociedade de ferro- a estrutura das coisas
"Sociedade de ferro- a estrutura das coisas", de Eduardo Rajabally (2024)
Documentário que fala sobre as tragédias de Mariana e Brumadinho, sob uma ótica pontuada no poema do escritor Carlos Drummond de Andrade, “A Máquina do Mundo” (1951). O filme faz um paralelo do Brasil da ditadura militar, que trazia um projeto de crescimento das indústrias mediante destruição das florestas, e do Brasil contemporâneo, que continua dizimando florestas e matas para a exploração de minérios de ferro e petróleo.
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira e de sua varanda, ele podia observar o pico do Cauê. Ironicamente, o pico do Cauê tornou-se uma região disputada por grandes empresas, como a Vale do Rio Doce, por conta da alta concentração de minério. Drummond acompanhou o crescimento do desmatamento e se alinhou com os que queriam compromisso nacional e a não exploração comercial.
A tragédia de Mariana foi no dia 5 de novembro de 2015, com 19 mortos. A de Brumadinho, foi em 25 de janeiro de 2019 com 270 mortos. OS depoimentos dos bombeiros e sobreviventes alertam sobre o descaso da Vale do Rio doce e a Samarco e a ganância das empresas, que não se preocuparam e se precaveram em relação a possíveis tragédias envolvendo as barragens.
O filme traz uma edição e créditos que procuram trazer uma linguagem visual semelhante a um poema concreto, fazendo uma conexão do audiovisual com a literatura.
Mlukhiye
"Mlukhiye", de Rami Fahel (2021)
Curta LGBTQIAP+ palestino, "Mlukhiye" apresenta uma família palestina: o pai e dois irmãos. Os irmãos cresceram educados pela religião muçulmana e educados pelo pai em um ambiente de masculinidade e patriarcado. Durante um jantar, Tamer, um dos irmãos, que é gay enrustido, troca mensagens no app com uma pessoa que lhe pede fotos do rosto e corpo. O outro irmão, macho padrão, pede o carro emprestado ao pai, mas Tamer já havia pedido antes e mente dizendo que é para se encontrar com um colega de faculdade. O pai empresta, contanto que Tamer chegue em determinando horário em casa e o outro irmão pegue o carro na sequência. Ao chegar no local marcado, Tamer decsobre que foi uma isca: o homem que marcou o encontro não é o tipo físico que Tamer esperava, além de ser bem mais velho. Acontece que o homem é policial e chantageia TAmer: se eles não fizerem sexo, ele irá encaminhar as fotos de Tamer para todo o vilarejo.
O filme tem direção e atores semi amadores, e dá para perceber que o orçamento também foi bem baixo. Mas o tema do filme acaba se tornando mais impactante do que o resultado de qualidade do projeto. Entendendo que o filme é da Palestina e todo o conservadorismo que existe na sociedade e na educação, realizar um filme com uma provocação sobre homofobia e aceitação de um filho gay já é um grande desafio.
Fausto Fawcett na cabeça
"Fausto Fawcett na cabeça, de Victor Lopes (2024)
Documentário dirigido por Victor Lopes que soube trazer na narrativa toda a poesia musicada de Fausto Fawcett, o bardo poeta de Copacabana que se aventurou a ser cantor e integrante da banda, surgida no Rio de Janeiro nos anos 80. A Linguagem utilizada no filme, junto da edição e do grafismo, acompanha o tipo de estética visual dos anos 80 e 90, e traz muita nostalgia. O filme fala sobre o garnd ecarro-chefe de FAusto, a música "Katia Flavia- Godiva de Irajá", lançada em 1987 e um grande hit. Tem uma cena no filme que traz a chamada do Fantástico com Patricia Pillar anunciando o video clip icônico da música, dirigido por Sandra Kogut e Roberto Berliner. O clipe traz imagens de Copacabana undergournd, com suas figuras antológicas, e uma letra que traz caos, conteúdo pop e um liquidificador cultural bem carioca.
O filme foi exibido no Festival do Rio 2022 e traz depoimentos dos parceiros Fernanda Abreu, que regravou 'Katia Flavia" e cantou outro hit de Fausto, "Rio 40 graus"; a musa Regininha Poltergeist, o parceiro musical Carlos Laufer, entre outros.
Matar caranguejos
"Matar cangrejos", de Omar Al Abdul Razzak Martínez (2023)
Premiado drama espanhol, "Matar caranguejos" tem como pano de fundo uma inusitada história real: No ano de 1993, Michael Jackson fez um show na Ilha de Tenerife, localizada na Espanha. O local, na época, era considerado um Paraíso Perdido, ainda guardando as características rústicas de uma cultura muito própria. Turistas de toda a Europa vieram para a Ilha para ver o show do astro do pop. A prefeitura faz uma campanha local para ecsolher quem irá receber Michael Jackson no aeroporto, fazendo uma recepção bem característica nas tradições locais. Angeles (Sigrid Ojel) trabalha como animadora em um parque turístico, o parque dos papagaios, e sonha em ser uma das escolhidas. Mãe solteira, ela tem 2 filhos: a adolescente Paula (Paula Campos), 14 anos, e o pequeno Rayco (Agustín Díaz). Eles moram na casa da mãe de Angela, uma católica fervorosa. O filme acompanha em uma narrativa naturalista, a rotina dessas pessoas comuns, que através do evento da chegada de Michael Jackson, procuram encontrar novos sentidos em suas vidas.
Um filme curioso, mas com um ritmo bem lento e arrastado, favorecido pelas belíssimas locações da Ilha de Tenerife e pelo excelente elenco. O pequeno Agustin Diaz é um assombro, é um menino muito bom que traz espontaneidade em todas as suas cenas, incluindo uma onde ele discute com sua irmã e coloca toda a sua raiva para fora.
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Avant-Drag!
"Avant-Drag!", de Fil Ieropoulos (2024)
Premiado documentário grego dirigido por Fil Ieropoulos, apresenta a cena Drag dentro do segmento underground. 10 Drags com discursos mais radicais contra a xenofobia ( tema forte na Europa e na Grécia), homofobia, conservadorismo ( A Grécia é um país extremamente conservador, segundo os depoimentos), a luta em favoir do aborto e preconceito à cena drag.
Kangela, Er Libido (a única Drag King), Aurora Paola Morado, Sergay Parakatyanova, Veronique, Cruella, Marisha, Thanasis Mmorait, Lala Kolopi, Cotsos narram as suas histórias de lutas individualmente. Boa parte delas não nasceram na Grécia e falam sobre o preconceito contra quem vem de países de 3o mundo, como o Ubequistão. Questões familiares, a relação com a arte e cultura, dificuldade de conseguirem trabalho e se firmarem como artistas. No final, todas se unem na casa de Kangela para jantarem e decidem abrir seus corações para exporem em conjunto, tudo o ques aflige. Os depoimentos não diferem muito das lutas das drags no mundo inteiro. O filme vale pela curiosiodade cultural em saber como as drags convivem e se expõe publicamente nas ruas de Atenas. A questão da sociedade conservadora é discuta muitas vezes, desde o início, quando deixam claro que o país abre as portas para turistas do mundo inteiro e que a presença das drags acaba atrapalhando quem busca um turismo mais padrão.
Desaparecer por completo
"Desaparecer por completo", de Luis Javier Henaine (2022)
Filme de terror mexicano, "Desaparecer por completo" traz um roteiro criativo e inspirado, que faz o espectador quase que se sentindo no lugar do protagpnista Santiago (Harold Torres). Ele é um fotógrafo inescrupuloso e ambicioso, e costuma invadir cenas de crime e altera para trazer mais impacto às imagens (algo no estilo do personagem de Jake Gyllenhaal no filme "O abutre"). Santiago namora a enfermeira Marcela (tete Espinoza), que anuncia a Santiago de que está grávida. Essa informação o perturba, pois ele sabe que um filho nesse momento de sua carreira irá atrapalhá-lo. Ao fotografar a cena do crime do senador Raul Cortes, encontrado morto com mordidas de ratos, Santiago descobre que na verdade ele não está morto, e que pede para matá-lo. As fotos fazem sucesso nos tablóides sensacionalistas. Mas estranhamente, Santiago percebe que perdeu seu olfato. No dia seguinte, perde o paladar. Ao procurar uma vidente, Leonor, ela diz que ele foi enfeitiçado e que tem poucos dias para reverter as perdas dos sentidos, e as próximas serão tato, audição e visão.
Um filme instigante e à medida que Snatiago perde os sentidos, principalmente audiçao e visão, o espectador vai acompanhando no lugar do personagem. Na audição, a edição de som vai "falhando" o som, idem na visão. Harold Torres está ótimo como o protagonista, e por mais que ele não seja uma figura carismática, o espectador fica instigado em saber o que aconteceu com ele. Bons sustos e boa maquiagem de efeitos.
Encontro com o Ditador
"Rendez-vous avec Pol Pot", de Rithy Panh (2024)
Indicado pelo Camboja à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2025, "Encontro com o Ditador" foi exibido no Festival de Cannes 2024. O filme mistura ficção, documentário e animação para trazer a livre adaptação do livro escrito pela jornalista americana Elizabeth Becker, "Cambodia and the Khmer Rouge Revolution". O filme se passa em 1978. Sob o domínio do sanguinário ditador de Pol Pot e do seu Khmer Vermelho, o país está devastado, vivendo sob um regime comunista onde milhões de pessoas passam fome e 2 milhões de cambojanos foram mortos em um genocídio.
Três franceses, os jornalistas Lise Delbo (Irène Jacob) e Alain Cariou (Grégoire Colin), além do fotógrafo Paul Thomas( Cyril Guei) são convidados pelo regime para uma visita ao país e apresentar as melhorias do governo. Eles esperam uma entrevista exclusiva com o Ditador, mas no meio do caminho, Paul consegue tirarumas fotos onde o que foi escondido pelo regime vem à tona: chacinas e crianças passando fome. Paul desaparece e Lise diz a Alain que enquanto não o encontrarem, ela não vai embora. Aos poucos, Lise e Alain decsobrem os horrores da guerra e do governo de Pol Pot.
As cenas documentais, filmadas na época do regime, são aterrorizantes e chocantes. Em momentos onde não há registro, o filme utiliza a linguagem da animação. Irene Jacob, musa do cinema francês desde "A fraternidade é vermelha" e 'A dupla vida de Veronique", ambos de Kieslowsky, traz uma performance contundente e forte à personagem que contesta e provoca. É um filme cru, tão trágico e brutal quanto "O último rei da Escócia", com Forrest Withaker no papel de idi Amin, ditador da Uganda.
Ninguém sai vivo daqui
"Ninguém sai vivo daqui", de André Ristum (2024)
Originalmente um seriado de 10 episódios exibido na Globoplay em 2021, chaamdo "Colônia", "Ninguém sai vivo daqui" é a compilação dos episodios em formato longa-metragem. O filme ganhou o prêmio de atriz coadjuvante no Labrff 2024 para Rejane Farias, no papel de Wanda. O filme é uma ficção baseada em histórias reais, sobre o hospital psiquiátrico Colônia, localizado em Barbacena, Minas Gerais. Onaugurado em 1903, funcionou até 1980. Lá, mais de 60 mil pacientes morreram, e a maioria deles nem tinha histórico de doenças mentais. Prostituras, gays, travestis, jovens rebeldes, mulheres empoderadas, todos eram enviados por parentes para o hospitale. raramente saíam de lá. O filme é dirigido por André Ristum, diretor dos filmes "O outro lado do paraíso" e "Meu país".
A historia se passa em Barbacena 1971. Um novo grupo de pacientes é enviado para lá, via trem. Entre eles, Elisa (Fernanda Marques), enviada por seu pai após engravidar de seu namorado fora do casamento. Outros pacientes, como Valeska (Andréia Horta), Wanda (Rejane Faria), Raimundo (Bukassa Kabengele) e Gilberto (Arlindo Lopes) também são enviados. Os funcionários apresentam o pior do ser humano: assediadores, violentos, abusivos: o enfermeiro chefe (Augusto Madeira) sempre recorre à violência nos tratos com os internos.
O filme é baseada no livro "Holocausto Brasileiro", da jornalista Daniela Arbex, e traz um elenco numeroso, composto de excelentes atores. Rodado em preto e branco, para intensificar a dramaticidade e dar um tom de claustrofobia e pesadelo, o roteiro investe no suspense e no thriller. A direção é ótima, assim como a direção de arte e figurino e caracterização. Não tem como não l;embrar de filmes clássicos sobre aprisionamento, como "Um estranho no ninho" e "Frances".
domingo, 24 de novembro de 2024
Street trash
"Street trash", de Ryan Kruger (2024)
Remake de um clássico cult de terror trash de 1987, 'Street trash", que trazia um pano de fundo com forte temática social: moradores de rua eram mortos ao consumirem uma bebida alcólica chamada "Vipe". Agora, o roteirista e cineasta sul africano leva a história para as ruas da África do Sul, onde existe um plano malígno do Governo de promover uma verdadeira limpa nas ruas, eliminando moradores de rua e drogados. Para acabar com o problema da falta de moradias, o prefeito da cidade decide criar um gás chamado Viper, que faz com que as pessoas que o inalem se dissolvam e derretam. Uma grupo de marginalizados que une toda a pária da sociedade se une para derrubar as idéias de limpeza do prefeito.
O filme é uma diversão genial, que remete aos filmes trash dos anos 80, principalmente da produtora Troma, e traz personagens canastrões e com visual vintage. Os efeitos práticos são hilários, com os corpos se desfazendo e soltando todo tipo de gosma e vísceras. Todo o terceiro ato é insano, o filme vai ficando cada vez mais bizarro e tosco, e para quem curte esse sub-gênero apelidado de "melt film", é um presentão.
Arca de Noé
"Arca de Noé", de Sérgio Machado e Alois Di Leo (2024)
Animação mais cara do cinema brasileiro, "Arca de Noé" tem um orçamento estipulado de 6 milhões de dólares, em co-produção com a Índia e Estados Unidos. O filme é uma livre adaptação do livro de poemas escrito por Vinicius de Moraes 'A arca de Nóe", publicado em 1970, e que teve dois discos lançados, ambos em 1980, com canções cantadas por Chico Buarque, Toquinho, Elis Regina, Ney Matogrosso, Bebel Gilberto, entre outros. A Rede Globo lançou no mesmo ano de 1980 um especial com as músicas, com direção de Augusto Vanucci.
O filme procura fazer história não somente pelo orçamento, mas por reunir o maior time de atores, atrizes e cantores em um filme do cinema brasileiro: Rodrigo Santoro, Marcelo Adnet, Alice Braga, Lázaro Ramos, Gregorio Duvivier, Julio Andrade, Bruno Gagliasso, Giovanna Ewbank, Eduardo Sterblitch, Ingrid Guimarães, Heloisa Périssé, Marcelo Serrado, Débora Nascimento, Monica Iozzi, Babu Santana, Seu Jorge, Chico César, Russo Passapusso, Larissa Luz, Rihana, Edvana Carvalho, Laila Garin, Louise D’Tuani, Guilherme Rodio, Leandro Firmino, Daniel Furlan, Luis Miranda, Adriana Calcanhoto, Céu, BaianaSystem. Santoro interpreta o rato Vini e Marcelo Adnet o rato Tom, uma alusão aos amigos e parceiros Vinicius e Tom Jobim. Os dois melhores amigos se apresentam em um bar, mas acabam expulsos pela dona. Eles testemunham Deus dizendo a Nóe sobre um dilúvio que ele irá fazer cair sobre a terra por 40 dias, e que Noé deverá construir uma arca. Animais são convidados em duplas de homens. emulheres para a arca. Tom e Vini tentam entrar, mas como são dois homens, Vini acaba ficando de fora.
O filme tem um ótimo visual, muitos dele sinspirados em filmes como "O rei Leão", principalmente o vilão, o leão Baruk, certamente inspirado no Scar e suas hienas. O roteiro traz referências às redes sociais, com termos Tik Tok, seguidores, influencers e wahstapp, mesmo o filme se passando em tempos bíblicos, para agradar ao público jovem. O filme provocou polêmica no lançamento, com famílias cristãs reclamando que a história não é fiel à Bíblia e que traz termos politicamente correto e de orientaçao de gêneros e linguagem neutra.
Perfekta- Uma aventura da escola de gênios
"Perfekta- uma aventura da escola de gênios", de João Daniel Tikhomiroff (2024)
Longa oriundo da série infantil da Gloob, 'Escola de gênios", "Perfekta- uma aventura da escola de gênios" é dirigido pelo mesmo cineasta do filme de ação brasileiro "Besouro" e do remake do Renato Aragão "Os saltimbancos- rumo à Hollywood", de 2017. O filme agradará o público infantil que certamente se identificará com a linguagem dos protagonistas, as 3 crianças e melhores amigos Isa (Sophia Rosa), Tom (Enzo Ignácio) e Linus (Murilo Gricolo), estudantes da Escola de gênios. Ao fazerem uograde no robô da escola, Eisntein, eles descobrem que a máquina foi invadida por um vírus que irá apagar toda a sua memória. A única forma de salvar Einstein é ir atrás do cientista Édison Thomás (Romulo Estrela) (Romulo Estrela), um dos alunos mais inteligentes da escola mas que está recluso. Ao irem atrás de Edison, descobrem que ele tem uma filha, Nano (Ana Carolina Leite), que só gosta de se comunicar com humanóides, e não huamnos, por conta de bullying que sofria na escola.
Com um elenco de apoio formado por Daniel Dantas, Roberto Birindelli e grande elenco, o filme traz um visual concebido por painés de Led e por Cgi. É um filme que funciona mais para a criançada do que para os adultos, por conta de sua trama simples e que traz boas mensagens sobre amizade, assédio moral e aceitação de perdão.
Memórias de um caracol
"Memoir of a snail", de Adam Elliot (2024)
Depressão, bullying, suicídio, homofobia, fanatismo religioso, fetiche, gordofobia, etarismo, alcoolismo. Esses são alguns dos temas dessa melancólica animação australiana, escrita e dirigida por Adam Elliot, mesmo diretor do excelente "Mary e Max", de 2009. O filme ganhou o prêmio máximo no Festival Annecy 2024, de melhor filme, e o prêmio de melhor direção na Mostra de São Paulo.
O filme começa em 1970, e conta a história dos irmãos gêmeos Grace (Sarah Snook) e Gilbert (Kodi Smit-McPhee), desde o nascimento, até a fase adulta. O filme é recheado de tragédias que desabam na vida dos dois irmãos e das pessoas que os circundam. A mãe morreu no parto. Grace nasce com lábio leporino e quase morreu em uma cirurgia para corrigir seu lábio leporino. Filhos de um artista francês, que é atropelado e se torna cadeirante e alcóolatra, Grace sofre bullying na escola e é sempre defendida pelo irmão. Os irmãos acabam sendo separados quando o pai morre. Gilbert vai parar em uma comunidade religiosa e a mãe adotiva o reprime constantemente. Grace é adotada por um casal de swiingers e praticantes de nudismo que viajam constantemente. Grace se torna amiga da idosa Pinky (Jacki Weaver), viúva de dois maridos mortos tragicamente e portadora de alzheimer. Quando Grace recebe a carta de Gilbert, ela se anima, e ambos fazem relatos de suas vidas. Toda a história é narrada por Grace para sua única amiga, a caramujo Sylvia.
Para quem conhece os outros filmes de Adam Elliot, sabe que não são filmes fáceis de serem assistidos, por conta dos temas depressivos e a presença constante da morte e doenças mentais nas sub-tramas. Para quem pode enxergar gatilhos emocionais, convém não assistir. O filme, no entanto, traz momentos sensíveis e de sororidade e de amizade entre rapazes gays, deixando clara a importância na obra de Adam Elliot o apoio entre pessoas que se identificam em suas questões sejam de orientação sexual ou por gênero.
Como ganhar milhões antes que a avó morra
"Lahn mah", de Pat Boonnitipat (2024)
Indicado pela Tailândia à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2025, "How to make millions before grandma dies" é o filme de maior bilheteria do ano na Tailândia e foi co-escrito e dirigido por Pat Boonnitipat, de apenas 34 anos de idade. Esse é seu filme de estréia, e é um drama lacrimogêneo, daqueles de chorar mil litros, com toques de humor, e que certamente os americanos irão querer comprar os direitos para refilmar. O filme tem um quê de "Tokyo story", de Ozu, sobre filhos que não dão atenção a seus pais já idosos, e mostram a ingratidão diante de todo um relacionamento afetivo.
M. (Putthipong "Billkin" Assaratanakul) é um jovem adolescente que tenta ganhar dinheiro como streamer de games. M abandonou os estudos para se dedicar aos jogos, mas não consegue monetizar. Ele é filho de Sew (Sarinrat “Jear” Thomas), mãe solteira que trabalha como repositora de supermercado. Amah (Usha "Taew" Seamkhum) é uma idosa de 78 anos, avó de M e mãe de Sew e mais dois filhos: Soei (Pungsatorn “Phuak” Jongwilas), um desempregado vigarista, e Kiang (Sanya “Duu” Kunakorn), o mais velho, casado e pai de uma filha pequena. Quando Amah se acidenta, eles descobrem que ela está com câncer terminal, mas decidem não falar com ela sobre a doença. M tem uma amiga que herdou a casa do avô por dedicar a cuidar dele nos últimos meses. Influenciado por essa história, ele decide cuidar de Amah para ver se ele também herda a casa dela, sem que ela saiba os reais motivos d etanto afeto de uma hora para outra. De início, Amah rejeita a ajuda do neto, mas diante da insistência dele, ela deixa.
O filme fala sobre o verdadeiro amor entre parantes, e o quanto cada um possui a sua personalidade e decide ou não modificá-la. Ambição, cobiça, ganância costuma ser o tema em comum quaando irmãos desejam herdar algum bem material, e aqui não é diferente. O que muda, é o afeto, a linda cultura tailandesa e suas tradições e o amor entre um neto e sua avó que fala sobre sentimentos verdadeiros. Tem um flashback no final que é arrebatador. Os atores são todos espetaculares. O jovem (Putthipong "Billkin" Assaratanakul no papel de M é de imenso carisma, ele trabalha muito bem as diversas camadas do personagem. Usha "Taew" Seamkhum, a Amah, estréia como atriz aos 75 anos, em um dos personagens mais apaixonantes do cinema recente.
Wicked- Parte 1
"Wicked- part 1", de John. M. Chu (2024)
O prequel de "O mágico de Oz", 'Wicked", foi lançado como livro em 1995 por Gregory Maguire, contando a história da improvável amizade entre Elphaba , a bruxa má do oeste, e Glinda, a bruxa boa do sul. A montagem da Broadway foi lançada em 2003 com Idina Menzel e Kristin Chenoweth, nos papéis de Elphaba e Glinda, e no filme, representadas por Cynthia Erivo e Ariana Grande.
O filme foi dividido em 2 partes. Nessa 1a parte, o filme apresenta Glinda (Grande), que chega até a terra dos Munchkins e anuncia que Elphaba, a bruxa má do oeste, está morta. Todos comemoram, até que uma jovem pergunta se é verdade que Glinda foi amiga de Elphaba. Glinda decide contar toda a história. O filme apresenta o nascimento de Elphaba, que foi rejeitada quando criança ao nascer verde, e para piorar, sua irmã Nessa (Marissa Bode) nasceu com má formação nas pernas, se tornando cadeirante, e o pai culpa Elphaba por isso. Ao levar Nessa, já adulta, para estudar em uma escola de feitiçaria em Shiz, Elphaba acaba sendo efetuada como aluna quando Madame Morrible ( Michelle Yeoh), testemunha Elphaba fazendo feitiçaria. Elphaba acaba dividindo seu quarto com Galinda (nome anterior de Glinda), que a despreza. Quando surge o príncipe Fyero (Jonathan Bailey), as duas disputam a sua atenção. Com o tempo, Glinda e Elphaba se tornam amigas. Elphaba acaba sendo convidada para conhecer o Mágico de oz (Jeff Glodblum).
O filme tem 160 minutos e sim, é longo. Mas tem ritmo, ótimos números musicais e coreografias (quem não gosta de musicais, melhor passar bem longe do cinema) e uma ficha técnica de primeira: fotografia, figurino, montagem, caracterização e claro, trilha musical. O elenco todo é um grande acerto: desde Cynthia Erivo à Ariana Grande, perfeitas, à Michelle Yeoh, que já havia trabalhado com o diretor em "Podres de ricos", passando por Jeff Goldblum. O número final, "Defying gravity", é icônico na sua realização e no seu ápice apoteótico, impossível não se emocionar. O filme tem diversos easer eggs, bom ficar atento às diversas referências de filmes e claro, de "O mágico de Oz".
Twins
"Teuwinjeu", de (2024)
Curta romântico LGBTQIAP+ sul coreano, "Twins" traz também elementos de drama e humor e fará a alegria de quem ama BL (boy love), histórias de rapazes gays apaixonados. Chan Gyu acaba de se separar de seu namorado Min Cheol, que dedica mais tempo ao serviço militar que ao romance deles. Cansado de estar solteiro, Chan Gyu decide usar o app e conhece Min Ho. Acontece que Min Ho é parecido com Min Cheol, e Chan Guy descobre que os dois são irmãos gêmeos. Em conflito, ele precisa decidir se volta ao ex-namorado, ou se dá chance para o novo namorado.
O filme é simpático, mas tem um roteiro bem óbvio. Mas quem curte BL vai gostar de ver, pelos belos atores e pelas cenas sensuais e românticas.
sábado, 23 de novembro de 2024
Warwick
"Warwick", de Douglas Reese (2016)
Quando você lê nos créditos de um filme indie americano de baixíssimo orçamento que o diretor é o protagonista, roteirista, fotógrafo e produtor, você pode achar duas cosias: que o filme é um mega hiper cult, ou que o filme existe somente para saciar a angústia ególatra do ator. Infelizmente, o que acontece em "Warwick" é a 2a opção. Inexplicavelmente, o filme que tem um roteiro que se resume em 2 linhas, possui 70 minutos de duração, e pode ter certeza, tudo poderia acontecer em um curta de 15 minutos.
O filme é um drama LGBTQIAP+ existencialista. O protagonista é Douglas Resse, no papel de Marty Coffey. Ele viaja para Seattle para uam entrevista de trabalho. Durante 30 minutos de filme, ela perambula pelo hotel, ruas, avião, e mais nada. Depois, encontra um garoto de programa em um banheiro, Emmet (Ashton Burch). Ele vai até o quarto de hotel de Marty, que usa um nome falso, Reese Phoenix. Eles falam de suas vidas, transam, Ashton vai embora, Marty retorna para sua cidade. E o filme acaba.
Nada no filme segura a atenção do espectador. Roteiro chato, imagens mal filmadas, cena de sexo sem tesão, planos longos onde nada acontece.
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
When the waves rise
"When the waves rise", de Choi Hwi Young (2020)
Lindo drama romântico LGbtqiap+ sul coreano, "When the waves rise" é um BL (Boy love) que certamente vai fazer o público se apaixonar e torcer pelo casal principal. Minimalista, lento mas sempre interessante, o filme apresenta os alunos de ensino médio Hwi Young (An JaeHyeon) e Kyung-jun (Moon Soowong), que são os melhores amigos e estão sempre juntos. Hwi Young é tímido e introspectivo, e Kyung é mais solto e extrovertido. O aniversário dos dois está chegando, com 2 dias de diferença. Hwi Young prepara um presente para Kyung. O que eles não sabem, é que ambos são apaixonados um pelo outro, mas por conta do bullying e da homofobia na escola, escondem seus sentimentos. Ambos planejam uma viagem para a praia para comemorar o aniversário de Hwi. Mas quando começa uma fofoca de que ambos são namorados, Kyung se afasta, e hwi fica resentido.
O filme parece na dramaturgia o filme belga "Close", só que com pós adolescentes, ao invés das crianças. O filme faz um alerta contra a homofobia e traz sentimentos puros nos dois protagonistas. Um ode ao primeiro amor, independente do gênero, traz um desfecho sentimental e bastante romântico. Os dois atores são ótimos e bem carismáticos.
Mind body spirit
"Mind body spirit', de Alex Henes e Matthew Merenda (2023)
Terror found footage filmado de forma independente e que traz o tema da influencer que deseja likes e sucesso nas suas redes sociais. Anya (Sarah J. Bartholomew) é uma jovem que monta um canal sobre bem estar e para isso, decide dar aulas de ioga online. Mas o canal não faz o sucesso esperado. Sua amiga Kenzi (Madi Bready), ao contrário, faz muito sucesso e ainda consegue ser contratada para diversos anúncios na internet. Anya recebe inesperadamente uma herança de sua avó, nascida na Rússia, Verasha (Kristi Noory) e recém falecida: uma casa. Anya se muda para lá, e a sala da casa se torna o set para os vídeos. Ela ocasionalmente chama Kenzi para gravar uns vídeos com ela e assim poder ajudar na visualização. Ao vasculhar melhor a casa, Anya encontra um diário antigo de sua avó, e que traz um ritual de 30 dias chamado "the joining"e que seria o segredo para o sucesso. Anya segue o ritual, mas depois decsobre que na verdade, ele é um ritual satânico.
O filme faz de certa forma um milagre ao realizar um longa com tão pouco material. Teria sido infinitamente melhor se fosse um curta. Como longa,a história se arrasta e fica cansativo. Tem alguns bons momentos, alguns movimentos de câmera inventivos, e a atriz principal segura a aonda. Em muitos momentos me lmbrei de "A usbstância", principalmente na relação de disputa de poder e ego entre as duas mulheres.
Transmitzvah
"Transmitzvah", de Daniel Burman (2024)
Exibido no Festival de Cannes 2024, "Transmiztvah" é um drama lgbtqiap= musical dirigido pelo cineasta argentino Daniel Burman, diretor dos premiados 'Abraço partido", "Ninho vazio", "As leis de família" e "A sorte em suas mãos". Burman se arrisca em temas inéditos para ele, como musical e protagonismo trans, mas mantém a duscussão sobre a cultura judaica, já vista principalmente em "Abraço partido".
Uma família judia comanda uma loja de roupas em Buenos Aires, chamada "Singmans", sobrenome da família. O filho mais novo do patriarca, Rubén, vai fazer 12 anos, mas ele tem um pedido à família: ao invés do bar mitzvah, ele deseja um bat mitzvah, que é uma cerimônia judaica que celebra a transição de uma menina para a vida adulta na religião judaica. O pai imediatamente renega esse pedido, e acaba que Rubén se nega a fazer o bar mitzvah. Já adulta, Mumy Singer (Penélope Guerrero, atriz trans espanhola). retorna da Espanha, onde ela construiu uma carreira como cantora pop cantando em íidiche, e segue até Buenos Aires, para poder cumprir o que não pôde quando criança: fazer a cerimônia que completa o seu caminho à vida adulta, dentro d atradição judaica. Para isso, ela conta apenas com a ajuda de seu irmão Eduardo (Juan Minujin).
O filme tem seus momentos divertidos , principalmente por conta dos personagens retratados da família Singman: além do pai, tem a mãe e as tias, todos bem cafonas. O filme tem um visual vintage, meio perdido nos anos 50, mas é um filme atual que se passa nos dias de hoje.
O elenco todo está muito bem, Penelope Guerrero é carismática e dá muita credibilidade à Mumy com muita pose de diva. Mas quem rouba o filme é Juan Minujin, carismático e apaixonante como o irmão Eduardo, sempre prestativo e compreensivo com sua irmã.
Golden child
"Golden child", de Hannah Levin (2024)
Curta escrito, dirigido e protagonizado por Hannah Levin. O filme é uma comédia e traz a vingança de uma mulher contra o rapaz que, na sua infância, mijava nela. Lulu e Alex se conhecem desde a infância, e seus pais são melhores amigos. Visto pelos adultos como uma brincadeira de criança, o ato de mijar deixou um trauma em Hannah, que se sentia humilhada. Já crescidos, eles acabam se reencontrando no dia da festa de aniversário do pai de Lulu (Hannah Levin). A festa, à beira de uma piscina, faz com que Lulu mire toda o seu sentimento de rejeição contra Alex (Babe Howard), ainda mais quando os pais de Lulu continuam dizendo à ela que era tudo brincadeira de criança.
Disfarçado de comédia, "Golden child" já traz um título com duplo sentido (golden shower é um fetiche ond eo parceiro mija sobre o outro). O filme fala também sobre misoginia e corpo positivo, pois Lulu é obesa e por conta disso, constantemente é constrangida inclusive pelos pais. Hannah Levin faz um filme com uma proposta certeira, e traz uma direção, roteiro e atuação bastante convincentes.
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
You will find love
"You will find love", de Matt Haller (2024)
Drama LGBTQIAP+ escrito e dirigido por Matt Haller, baseado em sua própria história. O filme apresenta o reencontro de 2 amigos do ensino médio. agora já adultos, Simon (Henry Truitt Harshaw) e Gabriel (Simon Henriques). Simon, agora escritor, lança seu livro em um evento. Na platéia, ele se espanta com a presença de Gabriel, seu crush da escola. Os dois conversam e o papo se estende até o apartamento de Simon. Os dois falam sobre as suas vidas atuais e em determinando momento, Gabriel pergunta a Simon porque ele não foi ao seu casamento com Raphael. Simon decide se abrir para Gabriel e diz que sempre foi apaixonado por ele, mas tinha medo de rejeição, afinal, os tempos eram outros. É quando, para sua surpresa, Gabriel também diz que era apaixonado por Simon, mas também não teve coragem de se abrir para ele.
O diretor Matt Haller assumiu que realizou o filme como uma forma de explorar uma vida romântica e apaixonada que poderia ter acontecido, mas que infelizmente, não deu prosseguimento, pela sua falta de motivação em dizer à pessoa que amava, que queria estar com ele. É um filme sobre possibilidades, sobre retratações, sobre escolhas. O final é melancólico e para quem já passou pela situação, certamente ficará doído. Esse texto renderia uma bela peça de teatro com 2 atores.
Cabrito
"Cabrito", de Luciano de Azevedo (2020)
Curioso terror brasileiro independente rodado em Minas Gerais, "Cabrito" é um digno filme de gênero underground, escrito e dirigido por Luciano de Axevedo, que junto de Rodrigo Aragão e Marco de Brito, são os nomes mais conhecidos do cinema udigrudi de terror nacional.
"Cabrito" originalmente é um curta lançado em 2015, e vencedor de diversos prêmios, circulando por mais de 50 festivais pelo Brasil e pelo mundo. O diretor decidiu realizar uma versão em longa-metragem, dividido em 3 episódios, todos protagonizados pelo mesmo personagem. O filme foi inspirado em "O massacre da serra elétrica", filme favorito de Azevedo, que traz atmosfera, direção de arte e fotografia bastante associado ao filme de Tobe Hooper, incluindo tema da família canibal.
No 1o episódio, o pai de uma família (Samir Jauaji, excelente), inicia um dos filhos, (Ramon Brandt) nos assassinatos e canibalismo. Os dois irmãos do rapaz não gostam dele, e a mãe deles é uma fanática religiosa.
No 2o episódio, o rapaz, já mais velho, mora com a mãe religiosa, e aos poucos, ele vai perdendo a sanidade.
No 3o episódio, o homem decide sequestrar a mulher que foi o 1o amor de sua vdia e que sempre o ignorou.
Rodado com orçamento apertado, a fotografia do filme é bem escura, e é difícil enxergar em vários momentos. A trama também vai ficando bastante confusa, principalmente no episódio final. O melhor episódio é o 1o, muito em função da excelente atuação de Samir Jauaji como o pai. A direção de arte é excelente, ajudando bastante a traezr a atmosfera de decadência e pesadelo que as histórias peden.
Not knowing
"Bilmemek", de Leyla Yilmaz (2019)
Vencedor de mais de 10 prêmios em festivais internacionais, "Not knowing" é um drama Lgbqtaip+ turco, escrito e dirigido pela cineasta
Leyla Yilmaz. O filme tem como temas a homofobia, suicídio juvenil e a falta de comunicação entre pais e filhos.
Umut (Emir Özden) é um jovem adolescente. Filho do casal de classe média alta Sinan (Yurdaer Okur), engenheiro, e Selma (Senan Kara), médica. Umut faz parte do time de polo aquático da escola e é um dos melhores atletas. Seus pais , apesar da aparente felicidade, vivem uma crise conjugal e reservam pouco tempo ao filho. Quando Umut vai ajudar um rapaz que sofre violência, uma foto sua é postada e logo começam comentários de que ele seja gay. Os colegas o evitam, e Umut não conversa sobre o assunto com os pais. Quando o bullying torna-se insuprtável, ele decide fugir.
O personagem de Umut é uma incógnita: em momento algum, mesmo pressionado por todos para sair do armário, Umut afirma ser gay. O filme tem cenas bastante cruéis de homofobia praticada pelos colegas do time de pólo aquático. Angustiante também é testemunhar o descaso dos pais com a vida do filho. O filme é um importante alerta para pais e filhos sobre sinais que os filhos podem estar tentando passar para os pais, mas não têm coragem de epxressar de uma forma mais clara. Um filme triste e trágico.
A fanfarra
"En fanfare", de Emmanuel Courcol (2024)
Vencedor do prêmio do público no Festival de San Sebastian 2024 e exibido no Festival de Cannes, "A fanfarra" é uma dramédia do mesmo diretor de "A noite do triunfo", um comovente filme sobr eum ator fracassado que dá aula para um grupo de criminosos em uma penitenciária. Com "A fanfarra", Emanniel Corcoul retorna ao tema da fraternidade e amizade entre pessoas muiuto diferentes, mas que se unem pelo amor à arte, aqui no caso, a música. Thibaut (Benjamin Lavernhe) é um famoso maestro que tem duas decsobertas que mudam a sua vida: 1) que é portador de leucemia e precisa de um transplante urgente de medula de algum parente compatível 2) que ele é um filho adotivo. Ao fazer pesquisas, ele descobre que ele te um irmão, e que foram, separados quando crianças. Ele vai até uma cidade litorânea e que vive do proletariado, e lá ele procura Jimmy (Pierre Lottin), chef de uma cantina escolar e envolvido com um grupo de trabalhadores de uma fábrica local que está prestes a fechar. Jimmy faz parte de uma banda local tocando trombone, e junto dos colegas, pretendem participar de um concurso. Quando Thibaut o procura se apresentando como seu irmão, Jimmy fica frustrado ao entender que a sua vida poderia ter sido tão confortável quando a de Thubaut, ao invés de um pobre assalariado.
"A fanfarra" mescla drama e pequenas doses de humor. Mas é difícil rir em um filme que fala sobre desemprego, greve, fome, mulheres abandonadas, morte, leucemia, sonhos frustrados, filhos problemáticos e tantos outros sub-temas que percorrem as quase 2 horas de duração. A melancolia e o tom de tristeza estão sempre percorrendo cada minuto do filme. O elenco principal e o de apoio, principalmente os integrantes da fanfarra, entregam emoção e carisma aos personagens, e o público certamente se apaixonará por todos.
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