"Druk", de Thomas Vintemberg (2020)
Que filme foda! Lindo! Extraordinário de emoções tão comoventes e tão humanas! Que atores do caralho, nem precisam falar nada, só de ficarem em silêncio, reflexivos, em conflitos internos, esses 4 atores já mereceriam todos os prêmios. Não à toa, os 4 protagonistas venceram um prêmio coletivo de melhor ator no Festival de San Sebastian em 2020: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang e Lars Ranthe interpretam os 4 amigos Martin, Thomas, Nikolaj e Peter, professores de uma escola. Os 4 estão na meia idade e em grande crise pessoal e profissional. Acreditam que a vida perdeu o sabor, e que não interessam mas a ninguém: às suas famílias, aos seus alunos. Quando um deles apresenta a tese de um psiquiatra Finn Skårderud de que os seres humanos possuem um déficit de teor alcoólico no sangue, que deveria ser compensado diariamente para uma vida mais feliz, eles decidem beber para alcançar os 0,5% exigidos. O resultado é imediato: ganham a confiança dos alunos, as famílias os redescobrem. Mas a tentação de aumentar o teor alcoólico é grande e os quatro acabam se tornando alcoolatras.
Vintemberg dirigiu Mads Milkensen em 2012 no excepcional 'A caça", que rendeu uma Palma de ouro de Melhor ator. Muito provável que Mads voltasse a ganhar a Palma pelo desempenho impecável, mas a pandemia acabou com os sonhos de Cannes, aonde ele foi selecionado, mas o Festival, cancelado. Mads repete o papel de professor, só que ao invés de pedofilia, a sua crise é de falta de motivação para a vida.
O filme é uma fábula sobre envelhecimento, e segundo Vintemberg, é uma comédia que celebra a vida. Pode até ser, mas com aquele tempero escandinavo que torna tudo bastante melancólico e depressivo. O filme é repleto de cenas magistrais de atuação, mas a cena final é imbatível, me lembrou "Noites de Cabíria". Imperdível.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir