domingo, 8 de novembro de 2020

Abraço- a única saída é lutar


"Abraço- a única saída é lutar", de DF Fiuza (2019)
A nota mais curiosa dessa produção é de que ela foi inteiramente financiada pelo Sindicato dos professores do estado de Sergipe, o Sintese. O filme ganhou 3 prêmios no Festival de cinema de Pernambuco em 2019: Melhor filme popular, trilha sonora, de Antonio Abujamra, e atriz, para Giuliana Maria, no papel da professora Ana Rosa. É fácil fazer paralelos com a obra-prima de Martin Ritt "Norma Rae": uma mulher, casada e com filhos, que lidera um movimento sindicalista e cujo marido vê com maus olhos a participação da esposa na luta sindical, ao invés de estar em casa cuidando dos filhos e da família. Esse é um conflito que vive Ana Rosa, que participa de um movimento de professores em Aracaju no ano de 2008. Junto do presidente do sindicato, Jorge (Flavio Bauraqui), eles promovem uma passeata de 30 mil professores que seguem em marcha até a capital para lutar pelos seus direitos conquistados e agora, o Governo decide extinguir. Através do drama de Ana Rosa, acompanhamos as reuniões de sindicatos, as discussões com políticos, tudo de forma bastante didática, como se fosse um documentário. A diferença é que aqui, são atores locais que interpretam esses manifestantes. Flavio Bauraqui e Giuliana Maria trazem mais veracidade aos seus personagens. Paulo Roque, que faz o marido da professora, tem um papel ingrato e unilateral do marido conservador e machista. Os outros atores não transmitem muito realismo aos personagens, o que prejudica bastante a empatia do espectador pelo que é dito.
Como o filme é o carro chefe de um Sindicato, a escolha da música se torna um lugar óbvio para se tocar várias vezes ‘Pra não dizer que não falei de flores’, de Geraldo Vandré, o hino que simboliza a luta de classes. A fotogafia é de Jorge Monclar.
Talvez a grande importância do filme seja levantar a questão da importância da educação em um País onde a derrocada no setor está cada vez mais evidente.
Pedro Mussi

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