"Falling", de Viggo Mortensen (2020)
Estréía na direção do ator Viggo Mortensen, o eterno Aragorn de O senhor dos anéis", e que aqui, acumula as funções de protagonista, roteirista, produtor e compositor. O filme teve uma excelente acolhida em Festivais importantes de cinema, como Cannes, San Sebastian ( de onde saiu com um prêmio especial), Toronto e Sundance.
O filme é um drama intimista, uma homenagem de Mortesen à sua mãe, falecida há cinco anos, mas onde Mortensen fala de seu grande peso familiar: a presença fria do pai. O filme não é autobiográfico, mas Mortensen se apropria de sua própria história para exorcizar fantasmas do passado.
Mortensen interpreta John, um piloto de avião casado com um outro homem, Eric, e pai de uma filha adotiva. John recebe o seu pai, Willis (Lance Henriksen, de "Aliens, o resgate", em um papel dramático que provavelmente é o melhor de sua carreira). Ambos não se viam há muito tempo, e durante o filme, vamos entender o porquê: durante toda a sua vida, Willis foi um homem conservador: machista, homofóbico, maltratando o filho John, a esposa Gwen e a filha Gwen (Laura Linney, na fase adulta). Willis agora é um homem que sofre de demência, mas continua o mesmo homem turrão.
Li numa matéria que Mortensen quiz fazer no filme, uma metáfora da America dividida entre conservadores que apoiam Trump, e os democratas. É uma boa proposta, defendida com um elenco bastante forte, com a participação afetiva do cineasta David Cronemberg, que dirigiu Mortensen em dois filmes. Mas para mim, foi difícil me conectar com a história, mesmo que ela tenha uma história de redenção e de inclusão: o personagem de Willis é tão insuportável, que fica difícil perdoá-lo mesmo em sua reta final, pois durante a vida toda, ele infernizou a vida de todos. Até acho que Henriksen está com muita energia para interpretar um homem doente, mas relevo pelo fato de ele dar vida à um personagem complexo e bastante antipático.
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