"Alice Junior", de Gil Baroni (2019)
Rara produção vinda de Curitiba, e que conseguiu um feito que pouco filmes brasileiros conseguiram: Foi pro Festival de Berlin, San Sebastian, entre outros, e ainda venceu o Félix no Festival do Rio, dedicado a filmes de temática LGBTQIA+. Anna Celestino, blogueira e youtuber trans pernambucana, protagoniza essa fábula romântica, no papel de Jean Genet Junior, ou melhor, Alice Junior. Dona do canal "Alice responde", dedicada a questões sobre o corpo em transição, Alice é pega de surpresa pelo pai, Jean Genet (Emmanuel Rosset, ótimo), que por razões profissionais, precisa se mudar com a filha de Recife para Araucária do Sul, cidade do interior do Sul. Claro que Alice irá passar por um processo intenso de bullying: alunos que a agridem, e ao mesmo tempo, faz amizades. E sim, Alice se apaixona por um menino. Mas é justamente essa mesma Alice, amada e respeitada pelo pai, que irá transformar a vida de todos do local.
O roteiro se apropria de todos os elementos ja conhecidos do universo estudantil, mas quando traz o elemento da identidade de gênero, permite fazer novas leituras, onde o foco é o respeito e a evolução do ser humano, que não nasce sabendo e aprende a evoluir. O elenco, todo de desconhecidos, traz um frescor, e mesmo sendo um filme de baixo orçamento, o seu conteúdo humano faz camuflar qualquer indicio técnico que com orçamento maior, teria sido mais destacado. O foco na história dos protagonistas é o que importa aqui. A narrativa se apropria de linguagem dos memes (Gretchen, claro), filtros e outros efeitos que fazem tudo parecer ser uma grande história sendo contada para a geração youtuber.
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