quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sozinho contra todos

"Seul contre tous", de Gaspar Noe (1998) O argentino erradicado an França Gaspar Noe provoca calafrios em boa parte dos cinéfilos. Isso porquê em todos os seus filmes, sexo e violência chegam em doses cavalares. E não necessariamente nessa ordem. Seu filme mais famoso, "Irreversível", provocou ira e protestos de grupos feministas por retratar a mulher como objeto de misoginia. A cena do estupro chocou o mundo. Mas no mesmo filme, uma cena de espancamento explícito usando um extintor de incêndio estourando a cabeça de um homem provocou debandada de metade da sala de cinema aonde eu estava. E isso nos primeiros dez minutos de filme. Mas de onde vem toda essa fúria? "Sozinho contra todos" foi o primeiro longa de Gaspar Noe. Lançado em 98, causou polêmica aonde foi lançado. Continuação do média-metragem "Carne", o filme narra a história de um açougueiro em busca de sua filha. Contado dessa forma, o filme parece sessão da tarde. Mas junte a isso incesto, espancamento de uma grávida, tiros que estouram miolos, depravação e o mais profundo existencialismo pessimista que você já teve notícia em um filme. Esqueça Antonioni: aqui o existencialismo entra fundo na questão de via e morte. Gaspar Noe mais uma vez mostra a sua visão amarga, odiosa, brutal da vida. Seus personagens odeiam a si mesmo e aos outros. Se puder, sairiam matando todos que encontram pela frente. Uma versão hardcore de "Taxi driver". O elenco, especialmente Philippe Nahon no papel principal, embarca nessa viagem sem fim da mente doentia e desesperada do cineasta. A gente se pergunta o porquê de tanto ódio na mente e coração das pessoas. E a resposta, bom, cada um busque a sua interpretação. A direção é intensa, e a edição de som é vibrante: composto de planos fixos, os poucos movimentos de câmera são acompanhados de sons de tiro. E o mais louco de tudo: faltando 20 minutos para fim do filme, surge uma cartela que alerta o espectador de que ele tem 30 segundos para sair da sala do cinema. Curiosos para saber o que acontece: assistam ao filme. A verborragia explícita do pensamento do protagonisia me cansou bastante, mas no geral é um filme muito interessante. Nota: 7

Nenhum comentário:

Postar um comentário