sábado, 15 de junho de 2013

O Céu de Suely

"O céu de Suely", de Karim Ainouz (2006) Assisti o filme na época do lançamento, em 2006. Hoje o revi, por conta de um trabalho que terei que fazer, e a emoção de ver o filme continua a mesma: Que direçao, que roteiro, que elenco, que fotografia! O filme já começa com aquela pegada pop entoando a bela música brega "Tudo o que eu quero", na voz de Claudia. Logo em seguida, através das lentes do fotógrafo Walter Carvalho, somos levados ao sertão de Iguatu, Ceará. Um colorido hiper realista que realça a extrema pobreza do local. Os personagens, todos humildes, vivem suas vidinhas mais ou menos, de rotina sem grandes preocupações, a não ser saber da festinha do forró da noite ou de namoricos fúteis. O curioso é que os personagens possuem os mesmos nomes dos atores. Hermila (Hermila Guedes) é uma jovem que volta de uma temporada de São Paulo, junto de seu filho pequeno, com a promessa que o marido venha em breve para construirem uma vida ali. Ela volta pra casa da mãe, com quem trava uma guerra emocional, e descobre que o marido fugiu. Certa de que ali não é lugar para ela, ela resolve rifar seu corpo, para poder juntar dinheiro e ir embora dali. Georgina Castro, que faz a amiga Georgina, é quem deveria ter sido a interprete de Suely, mas durante a preparação de elenco foi feita a troca com Hermila Guedes. Para o bem ou para o mal, Hermila saiu-se vitoriosa. Depois do sucesso do filme, ela nunca mais parou de trabalhar, emprestando o seu talento inegável para muitas produções do cinema, tv e teatro. João Miguel também faz uma participação, além de Marcelia Cartaxo e Zezita Matos, extraordinária no papel da mãe. Muita gente alega a falta de ritmo da narrativa, o tédio que trespassa cada segundo da história. Mas educar o olhar de espectador é essencial, para que ele possa perceber as nuances das performances, os olhares, as ruas, as locações, as cores. É um filme de extrema sensibilidade. A trilha sonora ajuda a compôr um clima de sertão pop, jovial, sem ranço. Karim, após o bem-sucedido "Madame Satã", não teve medo em ousar nessa história polêmica. Ganhamos todos nós, cinéfilos exigentes em busca de bons filmes. Nota: 8

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