sexta-feira, 14 de junho de 2013
Antes da meia-noite
"Before midnight", de Richard Linklater (2013). Tudo começou em 1994. Depois em 2004. Agora, quase 20 anos depois, o casal mais amado do cinema independente americano está de volta. Mais velhos, mais sábios, mais rabujentos. Jesse e Celine, agora com duas filhas gêmeas, estão a 6 semanas na Grécia, a convite de um escritor grego. Entre comida, turismo e muito bate papo literário e existencial, ambos, na véspera de partirem, irão passar uma noite em um hotel, um presente dado pelos hosts. Mas o que supostamente era para ser uma noite romântica, acaba virando um tiroteiro emocional e revelador, botando à prova a vitalidade do amor do casal. Ethan Hawke e Julie Delpy, mais afiados do que nunca, expõem com uma performance valiosa e irretocável o amor aos 40 anos, desgastado, mas ainda com uma chama que pode ou não ser pagada. Delpy especialmente, com o fisico marcado pela idade, demonstra um profissionalismo em prol da obra: ela passa uns 10 minutos do filme semi-nua, com os seios à mosra, sem medo de se expor pela vaidade. O roteiro, extraordinário, prima pelo seu realismo. Parece que nós, espectadores, estamos sentados numa cadeira do lado dos personagens, observando a rotina deles. O mais impressionante na atuação é que muitos planos duram quase 10 minutos sem cortes ( a do carro do início) e nem assim os atores se mostram pouco à vontade. Agora, o filme fala sobre culpa, perda, morte, familia, frustrações. A cena do almoço é um primor, diálogos maravilhosos, atores supimpas, uma direção elegante. É muito dificil filmar uma cena tão longa sem movimentaçao de câmera e não cansar o espectador. isso prova a genialidade dos diálogos. Pra complementar , temos belíssimas locações na Grécia e uma trilha sonora envolvente. Eu chorei várias vezes ao longo do filme: logo no início, no diálogo pai e filho, na cena do almoço e no desfecho. Altamente recomendado para quem gosta de ver filmes de atores, de texto, e não se incomoda de ficar quase 2 horas ouvindo atores falando de suas rotinas banais, mas ditas com muita verdade.
Nota: 10
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