domingo, 30 de junho de 2013
Léa
"Lea", de Bruno Rolland (2011)
Longa de estréia do francês Bruno Rolland, narra a história de Léa, jovem que mora coma sua avó. De dia ela estuda, de noite ela trabalha como garçonete. Mas sua avó fica doente e precisa ser internada. Léa resolve ganhar um extra fazendo streaper e se prostituindo. Anna Azoulay escreveu e protagonizou esse filme. Ela deve ter feito muito laboratório antes de filmar. Deve ter visitado casas de show com números de streaper para poder desenvolver o roteiro. e também para moldar a sua personagem. No entanto, o filme carece de ritmo, e principalmente, emoção. Assisti-se a tudo de uma forma muito aborrecida. Ou melhor dizendo, o filme é muito chato. Pouca coisa acontece, e o drama da protagonista vira um calvário para o espectador. Além da história já ser bem batida. Anna Azoulay está ok, tem lá seus momentos de interpretação. Mas isso é muito pouco.
Nota: 4
sábado, 29 de junho de 2013
Ultraje além da conta
"Outrage beyond"de Takeshi Kitano (2012)
Continuação de "Ultraje", realizado em 2010 e exibido no Festival de Cannes no mesmo ano. "Insulto além", foi exibido em Veneza 2012 e recebido friamente pelo público e crítica. Kitano de novo volta ao tema da Yakuza, gênero que lhe trouxe fama e prêmios desde o excepcional "Hana-bi, fogos de artifício". Porém, Kitano acumulou muitos fracassos de publicoe crítica, e isso o afetou violentamente. Por isso, ele voltou aos filmes de Yakuza, que mal ou bem, tem um público garantido, calcado em suas cenas hiper-violentas. Mas diferente de "Ultraje", que pelo menos trouxe alguma novidade, essa nova empreitada, na verdade uma continuação direta, é extremamente desnecessária. O filme é arrastado, chatíssimo em sua primeira parte. Na segunda metade pelo menos existem cenas de ação, mesmo que pouco dinâmicas, e muitas mortes violentas, ocasionadas pela gangues rivais de Yakuza, que vão se matando sem dó nem piedade. Assisti ao filme quase que o tempo todo de saco cheio. E tem pelo menos uma única cena que cria interesse: uma cena de tortura envolvendo bolas de beiseball. Kitano está muito borucrático como ator, e várias cenas de ação e pancadaria soam falsas.
Nota: 5
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Noite 1
"Nuit # 1", de Anne Émond (2011)
Longa de estréia da curta-metragista Canadense Anne Émond, é um tratado sobre solidão e personagens errantes. Clara e Nikolay são 2 tipos solitários que se conhecem numa rave. Adeptos do "one night standing", partem para uma noite de sexo na casa dele. Durante a madrugada, Clara resolve ir embora sem se despedir de Nikolay. Irritado, ele a chama de volta, e ela retorna. Inicia-se aí um embate emocional e de exposição pessoal que irá mudara vida dos dois para sempre. Impossível ver o filme e não se lembrar do chileno "Na cama". filme que e passa inteiramente dentro de um quarto de motel. Na sua esteira vieram vários outros filmes, incluindo uma versão lésbica, "Um quarto em Roma". Porém, sem um texto realmente espontâneo e revelador, fica-se a impressão de estarmos vendo teatro filmado. Ninguém é obrigado a ser um excelente roteirista, como no verborrágico mas sublime "Antes da meia-noite", de Richard Linklater. Depois de uma excelente cena de abertura, na boite, em câmeras lentas, partimos para o apto de Nikolay, com uma cena excitante mas nada original de sexo entre o casal. A partir daí, diálogos e mais diálogos que sôam falsos, jogados pra fora. O casal discute a falta de relação com o mundo que vivem, a falta de amor ao próximo, a promiscuidade, etc. O que sobra de falas, faltam de amor e tesão. O casal principal está ok, mas nada carismático, se compararmos ao casal de "Na cama". Lá, a gente torce pelos dois. Aqui, a gente fica apático, achando tudo um saco. Que mulher mais mala, diria eu. Porém, o filme tem uma cena muito boa, cinematográfica, em plano-sequência, que é a saída dela do apto, andando pelas ruas chuvosas. Tivesse apostado na linguagem do cinema, e não do teatro, a cineasta teria sido mais bem-sucedida.
Nota: 5
terça-feira, 25 de junho de 2013
Guerra mundial Z
"World war Z", de Marc Foster (2013)
Baseado em livro de Max Brooks, lançado em 2006, foi elogiado pela narração em 1a pessoa sobre um Membro das Nações Unidas relatando a sobrevivência da humanidade numa Guerra contra os zumbis que dura 10 anos. O filme, no entanto, toma liberdade de transpôr toda a ação para o presente, com os personagens endo tomados de assalto pela invasão de zumbis raivosos, cuja procedência ainda é uma incógnita. Brad Pitt interpreta Gerry Lane, o tal agente da ONU, que quer salvar a sua família e os conduz até uma base militar. Chegando lá, ele precisa levar um cientista até a Coreia, em busca de um paciente zero que possa trazer o antídoto para o vírus raivoso. Produzido pela produtora de Brad Pitt, a PLAN B. O filme ficou mundialmente conhecido como o projeto de 400 milhões de dólares que iria afundar todo mundo. Os produtores odiaram o final e reflmaram, tudo dando mais ênfase na relação familiar ( aliás, a parte mais chata do filme, de longe). O filme é total anto-clímax, para quem já assiste a série"The walking dead". Não traz novidades alguma pro gênero filme-zumbi, e o roteiro é bobo, com um desfecho pior ainda. Li recentemente que a estratégia de falar mal do filme acabou trazendo uma boa renda para ele, tanto, que foi dada carta branca para uma continuação. Mas como assim? Pois é. O elenco está todo a toque de caixa. Os efeitos, que eram para ser o chamariz do filme, acabam sendo um dos grandes problemas. Maquiagem? Quase não se vê. O ritmo é arrastado, e a gente torce para acabar logo. Uma pena. O que fica de lembrança boa é apenas a trilha sonora, que usa sons eletrônicos. Nota: 4
SPOILER::::::
1o grande problema do filme: Como assim, um filme de zumbis que não tem sangue? Não vemos mordidas? O que concluo é que os produtores quizeram fazer um filme de zumbis para a família, que não chocasse ninguém. Perdeu tensão, ficou sem graça.
Os efeitos da horda de zumbis mega-rápidos não funciona. A gente mal vê os zumbis, e pior, parece um bando de trapalhões que vão se amontoando e derrubando os outros. Como falei acima, a história familiar é uma grande chatice, arrasta o filme e o torna meloso. Era para ser um filme de ação.
Segue abaixo um link do que foi filmado, e que, infelizmente, não foi aproveitado. teria sido um filme muito, mas muito melhor.
http://omelete.uol.com.br/world-war-z/cinema/guerra-mundial-z-saiba-como-teria-sido-o-final-do-filme-antes-das-refilmagens/
segunda-feira, 24 de junho de 2013
A espuma dos dias
"L'écume des jours", de Michel Gondry (2013)
Adaptação do clássico homônimo, escrito pelo escritor e músico surrealista francês Boris Vian em 1946. Sua literatura sempre foi considerada intransponivel para o cinema, devido às suas metáforas literárias. Michel Gondry tomou a iniciativa de ser o primeiro a fazer uma transcrição para o cinema, e o resultado é bastante satisfatório. A história é simples: um homem que recebeu uma herança e nunca trabalhou na vida se apaixona por uma mulher. Misteriosamente, ela desenvolve uma doença nos pulmões, que logo depois, descobrimos ser uma flor que está crescendo lá e a matando aos poucos. Gondry se utilizou de muitos efeitos para poder criar imagens surrealistas e poéticas. Mas ele se recusou a usar CGI. Usou técnicas antigas de trucagem, incluindo aí massinhas e stop motion. O resultado é belíssimo: inocente, encantador. Toda a Direção de arte do filme é um verdadeiro escândalo. E eu fiquei me perguntando quantos ácidos e chás Gondry e sua turma tomaram durante a concepção desse filme, porquê é impossível alguém desenvolvê-lo com a mente sã. Alías, é o tipo do filme que devemos proibir de alguém baixar no computador e ver numa tela de tv. É um filme grandioso, cinematográfico, e precisa ser visto e apreciado em tela grande. Muitas cenas antológicas, mas a que mais me encheu os olhos foi a de uma dança onde todos os personagens têm as pernas esticadas. Genial!Boris Vian era um grande amante do Jazz, e por isso, o filme faz altas referências ao gênero, além de fixar paixão por Duke Ellington. Não consigo imaginar o quanto Gondry teve que insistir para o elenco participar desse filme, por lendo apenas o roteiro, qualquer um teria pulado fora. É extremamente complexo,e ao mesmo tempo, simples. No fim das contas, tudo não passa de uma linda história de amor. Aliás, Gondry homenageia vários filmes, entre eles: "Fahrenheit 451", com os mesmos figurinos e cena da queima de livros, e "Quero ser John Malkovich", de Spike Jonze, na questão os cenários minusculos. Audrey Tautou, Romain Duris, Omar Sy estão ótimos, A cena da viagem de Tautou e Duris por Paris a bordo de uma navezinha espacial é linda demais. Se o filme tivesse meia hora a menos ( sim, ele é longo e lá pelo meio dá aquela barriga"), teria sido uma pequena obra-prima. Do jeito que está encanta, diverte, faz rir pelas esquisitices, ma cansa. É para se amar ou odiar. E não é filme para passatempo.
Nota: 7
sábado, 22 de junho de 2013
Passion
"Passion", de Brian de Palma (2012)
Brian de Palma encontrou em "Crime de amor", filme francês de Alain Corneau, sua matéria-prima para poder retornar ao que ele mais gosta: filmes com inspiração Hitchcockiana. Desde "Femme fatale" que de Palma não usa o Mestre do suspense como referência. O mais curioso é que "Crime de amor" foi realizado em 2010, ou seja, apenas 2 anos antes dessa refilmagem. No original francês, temos as divas Kristin Scott Thomas e Ludivine Saignier como as ambiciosas publicitárias e uma agência de publicidade. Aqui, elas são substituídas por Rachel MacAdams (Christine) e Noomi Rapace (Isabelle). Isabelle trabalha para Christine, e cria uma campanha que faz o maior sucesso. Christine assume a autoria da campanha para si, e entre elas, surge um embate literalmente de vida e morte. A trama é diabólica, apesar de extremamente rocambolesca. O desfecho é uma loucura, daquelas de fazer os cinéfilos ficarem horas em um bar discutindo as possibilidades. O que será que aconteceu mesmo??? Com tantas pontas soltas, o filme reserva uma cena antologica, digna de seus melhores filmes: :Carrie", "Vestida para matar" e "Irmãs diabólicas": é a famosa técnica de de Palma de dividir a tela em duas, criando um alto suspense orquestrado por ótima direção. Claro, tinha que ter o chuveiro de Hitchcock. envolvido. O filme foi escolhido como filme de encerramento do Festival de Veneza de 2013, mas recebeu críticas que dividiram opiniões. A trilha sonora, a cargo de Pino Donaggio, seu fiel colaborador, é excessiva, mas lembra vários trechos de trilhas de seus filmes antigos. A fotografia fica a cargo de Jose Luis Alcaine, Além de Hitch, de Palma se referenciou, no caso, uso a narrativa do filme "Redacted" e se apropria de várias câmeras para narrar "Passion": webcam, cameras de celulares, cameras de segurança, monitores de datashow, etc. Um filme que não dá para ficar indiferente. Anunciado como trhiller erótico, o filme promete sensualidade, mas mostra muito pouco de tesão. Melhor prestar atenção na atuação das atrizes.
Nota: 7
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Sem perdão
"Dead man down", de Niels Arden Oplev (2012)
Primeiro filme americano do Dinamarquês Opley, mais conhecido como o realizador da 1a versão de "O homem que não amava as mulheres". E esse mesmo filme foi o responsável por lançar o nome da atriz Noomi Rapace ao mercado, o que deu resultados, uma vez que hoje ela é uma estrela Hollywoodiana. Mas uma coisa que não entendo é: O que a super-mega atriz Isabelle Huppert está fazendo nesse filme, interpretando um papel muito insignificante da mãe da personagem de Noomi? Nada faz sentido, a não ser que ela seja amiga pessoal do diretor ou do produtor do filme. Um filme com um elenco composto por Colin Farrel, Noomi Rapace, Isabelle Huppert. F.Murray Abraham, Dominic Cooper, Terrence Howard, não podia ser de todo mal, né? Ainda mais nas mãos do cineasta que fez um ótimo trabalho na adaptação de "Millenium", e de novo, fazendo um trhiller. Mas nao há projetos que dêem certo sem um bom roteiro. E esse é o grande problema do filme. Torná-lo crível. Farrel interpreta Victor, braço-direito de um grande criminoso de Nova York (Howard). Ele tem como vizinha da janela da frente Beatrice (Rapace), que mora com sua mãe (Huppert). Beatrice vai tentando entrar em contato com Victor, até que anuncia seu verdadeiro intento: quer que ele mate o cara responsável pelo acidente que ela sofreu e desfigurou seu rosto. Em troca, ela não o entregará à polícia, pois ela tem em mãos um video onde gravou Victor matando uma pessoa. O roteiro se desenvolve de uma forma abrupta, e seu desfecho é absurdamente sem emoção. O atores fazem o que podem, mas todos eles, sem exceção, já tiveram momentos melhores. O ritmo é lento, para um filme de ação. A atmosfera é até interessante, evocando um filme noir. Mas mesmo a "femme fatale" de Rapace não consegue prender o espectador na trama. O que é uma pena.
Nota: 5
quinta-feira, 20 de junho de 2013
A guerra invisível
"The invisible war", de Kirby Dick (2012)
Documentário que concorreu ao Oscar da categoria em 2013, tem como tema relatos de mulheres e até homens militares americanos que foram estuprados dentro da Corporação. O filme traz depoimentos de várias mulheres que serviram as Forças Armadas e que entraram lá por idealismo. Porém, tiveram suas rotinas e vidas alteradas abruptamente pelo estupro promovido por colegas e ou chefes. Ao fazerem os boletins de ocorrência, se surpreenderam com a forma como A Corporação esconde os fatos, denigre e esconde, evitando de trazer em público. Alternando os depoimentos das vítimas, com depoimento de militares, jornalistas, ativistas, conjugues, etc , além de imagens de arquivos e pesquisa, o filme cumpre o seu papel que é o de informar o espectador sobre o tema que está assistindo. Porém, tudo isso é embalado de uma forma extremamente burocrática, e pior, com uma musiquinha chata e melosa de fundo, para provocar piedade do espectador. E num caso especial de depoimento, da mulher casada com um jovem militar que abandonou o servico militar para viver com ela, fico com pena do marido. Ele a ama, cuida da filha, dela, e mesmo assim, ela ainda o mantém afastado, por conta dos traumas. É muita exposição da vida pessoal do casal, e pior, ela é uma mala sem alça. Não duvido se daqui a pouco lermos que o marido a abandonou. Kirby dirigiu entre outros, o bom e curioso "Esse filme ainda não está classificado", sobre os censores de filmes nos Estados Unidos. Mas aqui faltou algo mais pessoal. Ele não precisa ser um Michael Morre, que se apropria de um tema e o revira de ponta-cabeça. Mas do jeito que está, ficou bem chato de assistir. Vale como curiosidade.
Nota: 6
quarta-feira, 19 de junho de 2013
A consequência
"Die Konsequenz", de Wolfgang Petersen (1977)
Ao assistir a esse filme, jamais poderia associa-lo ao mesmo diretor do fantasioso e juvenil "A história sem fim", muito menos ao mesmo cineasta dos blockbusters "Troia"e "Força aérea 1". Em 1977, Petersen se apropriou de um livro, de título homônimo, e criou esse pesado drama sobre o amor entre um ator pedófilo e um rapaz de 15 anos de idade. O livro é baseado na história real do suico Alexander Ziegler, que ficou preso 2 anos e meio por assediar sexualmente um garoto menor de idade. No filme, Martin é um ator na faixa dos 40 anos, preso por atos de pedofilia com garotos. Lá, ele conhece Thomas, o filho de um carcereiro, de 15 anos de idade. Thomas se apaixona perdidamente or Martin. Quando Martin cumpre sua pena, Thomas vai até seu pai e diz que irá viver com Martin. O pai o expulsa de casa. A partir daí, o filme desencadeia numa sucessão de eventos que trarão um destino trágico a esse amor nada convencional. O filme é todo registrado num preto e branco expressionista, que enfatiza o drama e o sofrimento do jovem Thomas. A atuação é excelente, naturalista, em registro quase documental dos atores. Existe até uma pesada cena de curra, onde jovens internos transam com uma menina doente mental. A direção de Petersen é ousada, e cria planos interessantes, como alguns planos que se encaminham para o buraco de um olho mágico. É um filme de ritmo lento, denso, e desconcertante. Um tema sempre atual, e que provoca discussão. Pedofilia, aceitação, homossexualismo, reformatório de jovens. Muitos temas bombásticos reunidos em um único filme. Resultado: um filme que merece ser visto e ser descoberto por cinéfilos que buscam pequenas joias obscuras.
Nota: 8
terça-feira, 18 de junho de 2013
Europa 51
"Europa 51", de Roberto Rosselini (1952)
Preciso urgentemente resgatar clássicos do cinema que não tive oportunidade de assistir até então. "Europa 51" me foi indicado por ninguém menos que Martin Scorsese, em seu livro "Conversas com Scorsese". Ele diz que foi um filme muito importante em sua formação de cinéfilo, ao mostrar as agruras de uma mulher da alta burguesia que se converte ao Cristianismo. Cinema e religião sempre andaram de mãos dadas, às vezes de forma brilhante, outras nem tanto. Ingrid Bergman, ainda sob o peso do escândalo de seu casamento com o cineasta Roberto Rosselini, abandonou sua carreira em Hollywood para abraçar as causas do marido, mais voltados ao cinema neo-realista italiano. Rosselini, católico confesso, fez da personagem de Bergman uma versão moderna pós-guerra de Sào Francisco de Assis. Bergman interpreta Irene, uma mulher casada com um embaixador. Americana, ela abdica de sua terra natal para morar com o marido em Roma. De vida fútil, ela dá pouca atençào ao seu filho, que carente, comete suicídio. Sentindo-se culpada, Irene aos poucos presta atenção aos ideais comunistas do seu amigo médico Andrea, que a leva à periferia de Roma e assim, ela começa a fazer contato com a pobreza. Irene resolve dedicar sua vida aos pobres, sentindo-se então recompensada pelo seu sentimento de culpa. Mas o seu marido desconfia de suas reais intenções. Woody Allen, quando fez "Simplesmente Alice", com certeza deve ter se inspirado nesse filme para compôr a personagem de Mia Farrow, que também tem sua vida de burguesa transformada em atos de bondade. Ingrid Bergman está maravilhosa, com aquele olhar angelical e terno. estranho ouvir ela sendo dublada em italiano. Giuletta Masina tem uma cena antológica com Bergman, um encontro de titàs. É uma cena de almoço dentro do barraco de Masina. Que beleza de atuações. Um filme que merece ser visto, mesmo que para os olhos dos espectadores modernos, soe datado.
Nota: 8
domingo, 16 de junho de 2013
Paraíso: Fé
"Paradies: Glaube", de Ulrich Seidl (2012)
Fatima Toledo pelo visto andou praticando seu método de direção de atores na Austria. A atriz Maria Hofstätter apanha o filme quase que todo, se pune, se chicoteia, se arrasta pelo chão, num processo de atuação que me deixou muito chocado. Sou muito fã dos filmes extremamente crus e hiper-realistas de Ulrich Seidl. Desde o seu 1o filme, "Dog days", passando por "Import Export", "Paraiso:Amor", Ulrich tem incomodado platéias e críticos com suas cenas de extrema violência física e psicológica, sexo explícito, em tramas que geralmente abordam o universo feminino, de mulheres maduras que sofrem de depressão e que desejam desesperadamente tentar fugir da rotina exasperante. "Paraíso:fé", é o terceiro de uma trilogia, que começou com "Amor", e prosseguirá com "Esperança". O filme narra a história de Anna, uma enfermeira católica que faz parte e um grupo de religiosos fervorosos que pregam a palavra de Deus, e cuja intenção é trazer a religião de volta na vida das pessoas. Quando ela tira férias do trabalho, ela resolve visitar os vizinhos e fazer com que eles se convertam ao catolicismo. Assustada com a falta de fé das pessoas, Anna se pune, como forma de se sacrificar pelos pecados dos homens. Um dia, porém, seu marido muçulmano e aleijado retorna para casa, e tenta Anna a voltar aos tempos de esposa que divide os prazeres da carne. Não é um filme fácil de ser visto: é lento, quase muito pouca coisa acontece em cena, e o que se vê são várias cenas onde a personagem apanha o tempo todo. A fotografia, a cargo do americano Edward Lachman ( "As virgens suicidas", "Eu não estou aqui") e Wolfgang Thaler é estonteante. Existe uma cena de tempestade cuja côr é algo indescritível de tão bela. Ulrich sempre expõe o sexo de forma crua, feia, suja, sem tesão. Aqui, temos uma cena de orgia num parque, onde Anna irá flagrá-los em pleno ato. É uma cena repugnante, onde os atores praticam sexo real, explícito. Um filme pouco recomendável para pessoas sensíveis, principalmente os religiosos.
Nota: 7
sábado, 15 de junho de 2013
Crônicas sexuais de uma família francesa
"Chroniques sexuelles d'une famille d'aujourd'hui", de Pascal Arnold e Jean-Marc Baar (2012)
Jean Marc Baar é mais conhecido como ator dos filmes "Europa", de Lars Von Trier e "Imensidão azul", de Luc Besson. Aqui, ele resolve co-dirigir esse filme de forte contexto sexual, recheado de cenas de sexo explícito envolvendo atores de várias faixas etáreas. A idéia de Jean Marc e seu colega Pascal Arnold, foi fazer uma provocação sobre a moralidade da sociedade, trazendo atores que emprestam seus corpos para falar de sexualidade , de cenas de sexo reais e não simuladas, uma alternativa aos filmes pornográficos.
Romain (Matthias Melloul) é um adolescente de 18 anos pêgo em sala de aula se masturbando. O rapaz é repreendido e toda a sua família de classe média alta fica sabendo: a mãe, o pai, o irmão mais velho, sua irmã e seu avô. O fato provoca nos integrantes da família, individualmente, uma busca pela sua sexualidade, os dilemas e tabus. O filme destrincha a vida sexual de todos os integrantes da família do rapaz. Acompanhamos a rotina de cada pessoa da família em suas inseguranças acerca de sua sexualidade. O avô que contrata com uma prostituta; o irmãos mais novo que quer perder a virgindade; o irmão mais velho que só faz sexo a três; os pais que tentar recuperar o tesão que tinham há anos atrás; e a irmã que se excita ouvindo sacanagem. Como o próprio titulo diz, são crônicas de uma família que se expõe em seus tabus, taras e fetiches. Os diálogos são naturalistas, como se os diretores quisessem que o espectador estivesse ali como voyeur, espreitando as intimidades de cada um. O que mais impressiona, é a forma como os atores franceses lidam com o sexo nas cenas. Aqui, todos participam de cenas de sexo explícito, se expondo por inteiro em cenas intensas de tesão.
O Céu de Suely
"O céu de Suely", de Karim Ainouz (2006)
Assisti o filme na época do lançamento, em 2006. Hoje o revi, por conta de um trabalho que terei que fazer, e a emoção de ver o filme continua a mesma: Que direçao, que roteiro, que elenco, que fotografia! O filme já começa com aquela pegada pop entoando a bela música brega "Tudo o que eu quero", na voz de Claudia. Logo em seguida, através das lentes do fotógrafo Walter Carvalho, somos levados ao sertão de Iguatu, Ceará. Um colorido hiper realista que realça a extrema pobreza do local. Os personagens, todos humildes, vivem suas vidinhas mais ou menos, de rotina sem grandes preocupações, a não ser saber da festinha do forró da noite ou de namoricos fúteis. O curioso é que os personagens possuem os mesmos nomes dos atores. Hermila (Hermila Guedes) é uma jovem que volta de uma temporada de São Paulo, junto de seu filho pequeno, com a promessa que o marido venha em breve para construirem uma vida ali. Ela volta pra casa da mãe, com quem trava uma guerra emocional, e descobre que o marido fugiu. Certa de que ali não é lugar para ela, ela resolve rifar seu corpo, para poder juntar dinheiro e ir embora dali. Georgina Castro, que faz a amiga Georgina, é quem deveria ter sido a interprete de Suely, mas durante a preparação de elenco foi feita a troca com Hermila Guedes. Para o bem ou para o mal, Hermila saiu-se vitoriosa. Depois do sucesso do filme, ela nunca mais parou de trabalhar, emprestando o seu talento inegável para muitas produções do cinema, tv e teatro. João Miguel também faz uma participação, além de Marcelia Cartaxo e Zezita Matos, extraordinária no papel da mãe. Muita gente alega a falta de ritmo da narrativa, o tédio que trespassa cada segundo da história. Mas educar o olhar de espectador é essencial, para que ele possa perceber as nuances das performances, os olhares, as ruas, as locações, as cores. É um filme de extrema sensibilidade. A trilha sonora ajuda a compôr um clima de sertão pop, jovial, sem ranço. Karim, após o bem-sucedido "Madame Satã", não teve medo em ousar nessa história polêmica. Ganhamos todos nós, cinéfilos exigentes em busca de bons filmes. Nota: 8
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Antes da meia-noite
"Before midnight", de Richard Linklater (2013). Tudo começou em 1994. Depois em 2004. Agora, quase 20 anos depois, o casal mais amado do cinema independente americano está de volta. Mais velhos, mais sábios, mais rabujentos. Jesse e Celine, agora com duas filhas gêmeas, estão a 6 semanas na Grécia, a convite de um escritor grego. Entre comida, turismo e muito bate papo literário e existencial, ambos, na véspera de partirem, irão passar uma noite em um hotel, um presente dado pelos hosts. Mas o que supostamente era para ser uma noite romântica, acaba virando um tiroteiro emocional e revelador, botando à prova a vitalidade do amor do casal. Ethan Hawke e Julie Delpy, mais afiados do que nunca, expõem com uma performance valiosa e irretocável o amor aos 40 anos, desgastado, mas ainda com uma chama que pode ou não ser pagada. Delpy especialmente, com o fisico marcado pela idade, demonstra um profissionalismo em prol da obra: ela passa uns 10 minutos do filme semi-nua, com os seios à mosra, sem medo de se expor pela vaidade. O roteiro, extraordinário, prima pelo seu realismo. Parece que nós, espectadores, estamos sentados numa cadeira do lado dos personagens, observando a rotina deles. O mais impressionante na atuação é que muitos planos duram quase 10 minutos sem cortes ( a do carro do início) e nem assim os atores se mostram pouco à vontade. Agora, o filme fala sobre culpa, perda, morte, familia, frustrações. A cena do almoço é um primor, diálogos maravilhosos, atores supimpas, uma direção elegante. É muito dificil filmar uma cena tão longa sem movimentaçao de câmera e não cansar o espectador. isso prova a genialidade dos diálogos. Pra complementar , temos belíssimas locações na Grécia e uma trilha sonora envolvente. Eu chorei várias vezes ao longo do filme: logo no início, no diálogo pai e filho, na cena do almoço e no desfecho. Altamente recomendado para quem gosta de ver filmes de atores, de texto, e não se incomoda de ficar quase 2 horas ouvindo atores falando de suas rotinas banais, mas ditas com muita verdade.
Nota: 10
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Amor é tudo o que você precisa
""Den skaldede frisør", de Susanne Bier (2012)
Perdi esse filme no Cinema, e vendo agora em dvd, sinto uma pena enorme de não ter visto em tela grande. Em primeiro lugar, pelas belíssimas locações de Napoles, na Italia, mais precisamente Sorrento. Que beleza, que fotografa! Em segundo lugar, para ver o trabalho dessa atriz extraordinária que é a Dinamarquesa Trine Dyrholm, uma das melhores atrizes do mundo, de quem sou grande fã. A garra e força com que ela interpreta Ide, uma mulher com câncer que resolve lutar pela vida e dar início a um novo amor, e mais, lutando com garra de leôa pela felicidade de seus filhos, é realmente encantador. Outro dado que para mim me deixou animado: Quem foi que disse que os "frios" Dinamarqueses não sabem fazer comédia romantica? Susanne Bier, dos otimos "Por um mundo melhor" e "Corações livres" filma com muita leveza, bom humor, sutilieza e glamour essa história de amor que se passa na Dinamarca e na Itália. O roteiro em si é bem clichê, com muitas situações óbvias e sub-plots sobrando ( o drama do noivo é dispensável). Mas, de novo, por conta do talento dessa grande atriz, o filme vale muito a pena. Só uma diretora estrangeira ousaria fazer uma comedia romantica expondo uma atriz que interpreta uma mulher com cancer totalmente nua em cena. jamais o cinema americano faria isso. Essa é a grande diferença desse filme: tratá-lo como um drama realista. Pierce Brosnan interpreta com charme canastra o seu milionário workhaholick e sem coração. Ah, e a trilha me lembrou Woody Allen o tempo todo.
Nota: 7
terça-feira, 11 de junho de 2013
Se beber não case parte 3

domingo, 9 de junho de 2013
Star Trek - Além da escuridão

sexta-feira, 7 de junho de 2013
V/H/S/ 2

O grande Gatsby

quinta-feira, 6 de junho de 2013
Tese sobre um homicídio

Elena

terça-feira, 4 de junho de 2013
A datilógrafa

Coming out

segunda-feira, 3 de junho de 2013
Segredos de sangue

Os grandes mestres

Jack o caçador de gigantes

Die hard- Um bom dia para morrer

domingo, 2 de junho de 2013
Clapham Junction

sábado, 1 de junho de 2013
Insensiveis

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