domingo, 18 de março de 2012

Caminho para o nada


" Road to nowhere", de Monte Hellman (2010)

Mitchell Haven (Tygh Runyan) é um cineasta independente que possui um projeto de filmar a história de Vera Dulman, uma mulher envolvida com suicidios e roubo de 100 milhoes de dólares. Com o projeto aprovado pelos produtores, Mitchell toca a sua produção, formando equipe e casting. Desprezando grandes estrelas do cinema, como Leonardo di Caprio e Scarlett Johanson, Mitchell se vê obcecado por Laurel Grahan (Shannyn Sossamon), uma não atriz, que até então, só havia feito um filme de terror vagabundo. Mitchell vai buscar Laurel em Roma, e a trás até Holylwood. A eles se juntam a blogueira Natalie, que produz matérias sobre o acontecimento (Dominique Swan), o roteirista, com quem Mitchell tem umas rusgas, e finalmente o investigador de seguros, Bruno. O filme começa a ser rodado, e a partir dái, realidade e ficção na tela se misturam, deixando o espectador confuso e intrigado com o que passa a assistir.
O cineasta Monte Hellman ficou 20 anos sem filmar, até encarar a produção de " Caminho para o nada". Tudo o que vemos na tela, podemos encarar como a forma que Hellman encara o cinema de hoje em dia: dificuldade de levantar dinheiro, a necessidade de ter estrelas no elenco, a rivalidade com o roteirista, e o envolvimento da equipe de filmagem com o cineasta. Hellman elogia a facilidade que câmeras como a 5D da Canon permitiram a realização de filmes até então impensáveis com uma estrutura normal de filmagem.
Discute-se também o conceito sobre o que é real ou não no processo de se ver e fazer cinema. Nada é o que parece ser. Na última cena do filme, vemos o cineasta Mitchell apontando sua 5D para um canto da sala, e vmos a equipe real de Monte Helmann filmando!!! Fora isso, a polícia confunde a câmera com uma arma, e pede para Mitchell abaixar a "arma". Ou seja, a cãmera do cineasta vira uma arma, nessa alegoria sobre o domínio de imagens confundida com algum tipo de extorsão.
Sim, o filme é bastante confuso, algumas sub-tramas não ficaram claras para mim. O filme, como alguns críticos já andaram dizendo, tem um clima de mistério e estranheza típicos dos filmes de David Lynch, especialmente " Cidade dos sonhos" e " Estrada perdida", onde não ficam claras as intenções de várias cenas. O filme é um prato cheio para quem curte um quebra-cabeças, e não se incomoda com finais em abertos. Sim, o filme é extremamente lento, cansativo, mas talvez por seu clima noir que homenageia o cinema, vale a pena ser conferido.

Nota: 7

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