domingo, 31 de agosto de 2025

Delírius insurgentes

"Delírius insurgentes", de Fernando Mamari (2017) "Essa é a nossa arte, João. A gente resiste. Isso é o que a gente faz.". Essa frase, dita por um dos tantos personagens nessa fábula surrealista escrita e dirigida por Fernando Mamari, é um acalanto que vem da boca do povo. A arte só será disseminada se colocarmos as ferramentas nas mãos das crianças, da classe trabalhadora, do operariado, das pessoas que lutam nas ruas. Sejam elas os sem teto, os black bocs, os estudantes que lutam por uma causa, ou simplesmente artistas como o protagonista João (Marcel Giubilei). O cinema já nos trouxe uma centena de filmes que retratam a crise criativa de um artista de sucesso. Filmes como "8 1/2", de Fellini, ou pintores como Van Gogh e Caravaggio. Esse último inspirou a fotografia e a direção de arte de 'Delírius insurgentes". O filme é uma crítica à exposição midiática de um artista, que se perde na natureza de sua obra, ao se sentir exposto e cobrado. Por conta disso, ele entra em profundo stress e estava criativa. João passa a delirar com a sua musa inspiradora, com personagens que fazem parte de seu universo, com manifestantes black bocs e principalmente, o que o salva da loucura certa, a união com o povo. O seu ateli6e, um lugar confortável e que o blinda do mundo externo, de repente tem as suas portas abertas para a rua, permitindo que pessoas surjam por ela. "Delírius insurgentes" é um filem hermético, experimental. É um pesadelo em forma de cinema que faz refletir. A produção é cem por cento independente, sem incentivos do governo. Tanto dentro como fora das telas, o filme somente foi possível pela união d euma força tarefa, um coletivo que acredita no espaço do artista. O curioso é que esse tema tão profundo antecipou a chegada do Governo do demsonte cultural que viria a seguir.

Destino insólito

'Swept away", de Guy Ritchie (2002) Refilmagem de um drama romântico dirigido pela italiana Lina Wertmüller e protagonizado por Giancarlo Giannini e Mariangela Melato, "Destino insólito" é dirigido por Guy Ritchie, que escalou sua então esposa Madonna e o filho do ator Giancarlo Gianini, Adriano Giannini. O filme original tinha um sub-texto social e político, ao apresnetar uma guerra dos sexos e de classes sociais entre a milionária e mimada turista e o tripulante de um iate. Na versão americana, ambientada nos anos 70, o papel da turista Amber coube à Madonna, na época casada com o cineasta inglês Guy Ritchie. Para o papel do tripulante Peppe do cruzeiro, está Adriano Gianini. Amber é casada com um empresário do ramo farmacêutico, Tony (Bruce Greenwood). Eles estão de férias na Grécia, junto de outros dois casais fúteis (Elisabeth Banks e Jeanne Tripplehorn são as mulheres). Tony aluga um cruzeiro e fazer um passeio até a Itália. Amber é arrogante e maltrata os tripulantes, em especial, Peppe, decsontando toda a sua raiva pelo passeio, que ela odeia. Quando Peppe leva Amber de bote para encontrar Tony, o bote quebra e eles ficam náufragos, parando em uma ilha deserta. Ali, os papéis se invertem: tentando sobreviver, pepee agora etsá no comando. É curioso como essa relação de poder também está no filme "Triângulo das tristezas", onde milionários e funcionários também ficam ilhados. "Destino insólito" foi massacrado pela crítica e foi um enorme prejuízo. O fracasso repercurtiu no relacionamento de Madonna e Guy Ritchie. Madonna nunca mais protagoniziu nenhum filme, abalada pela crítica. Ela nunca esteve tão linda e radiante como no filme. O roteiro não ajuda a sua personagem, que a torna uma caricatura de uma milionária fútil e arrogante.

Aterrorizados

"Aterrados", de Demián Rugna (2019) Premiado em importantes Festivais de cinema de gênero, "Aterrorizados" é um terror argentino que foi adquirido por Guillermo del Toro para uma refilmagem. A história gira em torno de atividades paranormais que acontecem em um bairro do subúrbio de Buenos Aires. Ali, fatos estranhos estão ocorrendo, causando a morte estranha de alguns moradores. Dois paranormais, um policial e um delegado procuram descobrir o que pode estar por trás das mortes, e para isso, cada um segue para uma casa. Bastante criativo, 'Aterrorizados" conta com um roteiro assustador, apesar da já batida história de espíritos que invadem casas. Mas o diretor e roteirista Demián Rugna cria elementos de tensão, aliados a um fino humor, que deixam o espectador atento aos detalhes. O filme segue sem ser previsível até seu desfecho, abrupto. Os efeitos são bons para uma produção de baixo orçamento. A cena da criatura vindo em direção do carro é brilhante.

sábado, 30 de agosto de 2025

Tea

"Tea", de Blake Rice (2024) Concorrendo à Palma de ouro na categoria curta no Festival de Cannes 2024, "Tea" é uma comédia romântica que explora a insegurança de Nick (Michael Gandolfini), um funcionário de um supermercado. Apaixonado platônicamente por Tierney (Olivia Nikkanen), também funcionária, Nick ensaia durante seu descanso do dia do lado de fora do mercado. Ele grava um ensaio de como puxar assunto com ela, com sua câmera camcorder ( o ano é 1998). Mas durante o ensaio, ele é picado por uma vespa e alérgico, começa a sentir falta de ar. Tierney, que joga o lixo fora, se desespera ao ver o rapaz tendo crise. Vencedor de prêmios em diversos festivais, "Tea" tem uma narrativa simples, mas eficiente por conta do ótimo trabalho de seus dois atores. O típico filme romântico sobre um loser, que é tratado de forma naturalista pelo diretor, sme forçar a barra no humor.

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

A estirpe dos malditos

"Children of the damned", de Anton Leader (1964) Em 1960, o clássico de ficção científica e terror, 'Vila dos amaldiçoados", trazia um raro filme com crianças que cometiam crimes e matavam os adultos com seus poderes de telecinética e comandos mentais. O filme é uma adaptação do romance "The Midwich Cuckoos", de John Wyndham, e teve um remake de John Carpenter em 1995. Em 1964, foi lançada a continuação, dirigida por Anton Leader e retomando o protagonismo das crianças com poderes psíquicos. ë evidente o quanto esses filmes inlfuenciaram clássicos como "Scanners", "A fúria" e "A profecia". Seis crianças incrivelmente inteligentes, vindas de todo o mundo e com perigosos poderes psíquicos, escondem-se em uma igreja na Inglaterra após os militares tentarem fazer experimentos com elas. Cercadas, elas alertam os militares para recuarem antes que uma chacina aconteça. Paul é uma dessas crianças. Inglês, ele mora com sua mãe, queo odeia. Paul utiliza seus poderes e faz com que ela caminhe na rua e seja atropelada. As outras crianças são da China , Índia , Nigéria , União Soviética e Estados Unidos. O roteirista John Briley disse que escreveu o filme para ser uma metáfora da Guerra fria, que estava em alta na época do filme. As crianças representam uma raça superior, uma evolução do ser humano, de cunho humanista. Mas os militares e cientistas não aceitam um diálogo e se apropriam do poder das crianças para estudarem e entenderem de que forma podem explorar melhor seus poderes a seu favor. Essa premissa acabou se tornando um lugar comum em muitos filmes dos anos 70 a 2000. As crianças representam bem seus papéis, e o efeito dos olhos embranquiácdos ajuda a dar uma atmosfera de pavor. O filme, visto hoje em dia, é bastante arrastado e lento, e com muitos diálogos. Mas continua sendo um clássico a ser visto e estudado.

My little goat

"My litte goat", de Tomoki Misato (2018) Premiada animação japonesa que adapta o conto dos irmãos Grimm "O lobo e os sete cabritinhos"e o transforma em um filme de terror, onde a figura do lobo é substituída por um pai que abusa s3xu4lm3nt3 de seu filho, enquanto a esposa sai para a floresta. O filme aparentemente parece ser uma animação infantil. Mas não é, Um filme para adultos, "My little goat" é cruel, chocante e mostra, através de stop motion, os traumas provocados nas crianças que sofreram abusos físicos e mentais. É um filme que provoca o espectador e os faz refletir sobre a presença de predadores na sociedade, e que podem estar mais perto de uma criança por afinidades. Os traços e a cinematografia evocam um pesadelo. A cena de uma das crianças se olhando no espelho e se vendo machucada fisicamente é comovente.

Adentro mío estoy bailando

"Adentro mío estoy bailando", de Leandro Koch e Paloma Schachmann (2023) Premiado no Festival de Berlim com o pr6emio de melhor longa da estréia, "Adentro mío estoy bailando" é uma co-produção Argentina e Áustria. Filmado em Buenos Aires, Romênia, Ucrânia, Austria e Moldávia, o filme mistura drama, romance e documentário, em uma narrativa curiosa e experimental. Os diretores Leandro Koch e Paloma Schachmann , que também escreveram o roteiro, interpretam versões ficionais de si mesmos. Em um casamento em Buenos Aires, Leandro é o fotógrafo contratado para fazer registros da festa. Ele conhece Paloma, a clarinetista, e sente atraído por ela. Ela diz que toca em uma banda de música Klezmer, e que está viajando para o Leste Europeu para visitar um famoso músico americano que estuda a história do klezmer. Mais interessado em seguir a moça do que em questões estritamente musicais, Koch decide viajar mais tarde para encontrá-la. O filme traz lindas imagens de todos os países filmados, apresentando uma tradição que com o passar dos anos, está morrendo. os poucos músicos existentes procuram manter a música Klezmer viva, e é sobre isso o que o filme mais toca na alma do espectador. As entrevistas com os idosos remanescentes, incluindo suas imagens, que me fizeram remeter aos portraits de Sebastião Salgado, são comoventes. Segundo o Wikipedia, "“O klezmer é um gênero musical que se originou dos judeus do leste europeu em suas caminhadas e isso fez com que esses judeus músicos de muitas tradições diferentes, dos seus próprios lugares fossem se encontrando e “trocando culturas”. Então dentro da sonoridade do klezmer tem muitas referências, muitas misturas de músicas de muitos lugares. A canção iidishe foi criada [como] essa canção das mulheres que cantavam para os seus bebês, para as crianças, que cantavam para si mesmas. Ou então canções de amor, canções até de bêbado, canções de um monte de tipo”.

Century egg

"Century egg", de Charles Chen Barratt (2024) Concorrendo em Sundance 2024, o curta "Century egg" fala sobre raízes culturais e ancestralidade, através da história de Daniel (Justin Chien), um taiwanês que se mudou ainda pequeno para os Estados Unidos com a sua mãe, após o divórcio dos pais. Seu pai ficou em Taiwan e morreu anos depois. Já adulto, Daniel retorna à Taiwan para se reconectar com seu país. Ele deixou sua esposa grávida nos Estados Unidos e passar uns dias no país. Daniel não consegue reocnhecer o país em que nasceu. Ele também não fala mandarim. Ao encontrar um rapaz, Xiao An (Chien-Ho Wu), eles mantém uma conversa surreal: Daniel fala em inglês, e Xiao An em chinês. Daniel diz a Xiao An que quer comer o "century egg", uma iguaria que seu pai adorava e que ele nunca mais comeu. Seguindo a tradição de filmes que falam sobre busca de raízes, "Century egg" é bastante sensível e comovente, trazendo lindas imagens de Taipei, capital do país. A fotografia traz tons melancólicos, frios e azulados, acentuando o sentimento de perda de Daniel. Não fica claro se Xiao An é uma representação do Daniel que se perdeu, ou se é uma pessoa real mesmo, mas isso não interessa tanto.

A waste of life

"A waste of life", de Tore Frandsen (2023) O que passa na mente de uma pessoa que está prestes a morrer? Essa é a premissa do angustiante curta dinamarqu6es "A waste of life", escrito e dirigido por Tore Frandsen. O próprio título já fala sobre a banalidade de morrer por um motivo fútil: Sebastian (Darren Pettie) é um homem de meia idade, hospedado em um hotel. Ele está ao celular com sua namorada e precisa se arrumar para fazer check in e pegar táxi. Quando vai tomar banho, escorrega e cai na banheira, perdendo seus movimentos do corpo. Paralizado, ele está com a água da banheira ligada, quase cobrindo a sua boca e nariz. Sme poder falar e se mexer, ele tenta chamar a atenção da governanta que limpa seu quarto, mas não entra no banheior achando que ele está tomando banho. Um primor de direção, edição e fotografia, 'A waste of life" é um filme de roteiro simples, mas que diexa uma grande reflexão na mente do espectador , sobre acidentes que simplesmente acabam com a nossa vida.

O mapa que me leva até você

"The map that leads to you", de Lasse Hallström (2025) Adaptação do romance escrito em 2017 por JP Monninger, "O mapa que me leva até você" é dirigido pelo sueco Lasse Hallström , dos clássicos lacrimogêneos "Regras da vida" e "Minha vida de cachorro". E sim, pode se preparar para chorar muito nesse emocionante romance dramático, filmado em belíssimas locações em Barcelona, Porto, Roma e Santa Pau, onde o filme termina, na Catalunha, Espanha. O filme é um travel movie onde conhecemos as 3 amigas Heather (Madelyn Cline), Connie (Sofia Wylie) e Amy (Madison Thompson). No trem, Heather conhece Jack (KJ Apa), um jovem neozelandês que veio pra espanha fazer a trilha escrita no diário de seu avô, que lutou na 2a guerra. Jack e Heather se conectam pela paixão por Ernest Hemingway. Amy é assaltada por um vigarista e decide ir sozinha para Santiago de Campostela. Connie namora o amigo de Jack, Reaf (Orlando Norman) e decidem passar uns dias juntos. Heather e Jack decidem fazer uma viagem juntos para Porto e Roma. mas durante a viagem, Jack recebe uma mensagem que irá mudar toda a sua história com Heather. O filme é açucarado como nos romances mais óbvios e clihês que todo mundo já viu. Mas é lindo de se ver, com um elenco carismático e temas mais adultos, onde as migas passam por situações e conflitos d epersonagens de suas idades. Impossível não ver o filme e ficar com vontade de viajar para a Europa. Claro, o filme mostra epnas o melhor dos países, mas ainda asism, dá um gostinho na boca enorme.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Cloverfield- Monstro

"Cloverfield", de Matt Reeves (2008) É impressionante a revisão desse filme, que assisti no ano em que foi lançado, 2008. Os efeitos visuais de todo o filme, dentro de uma narrativa found footage, que estava em moda, continuam surpreendendo muito. A impressionante direção de arte e efeitos mecânicos e de pós produção são absolutamente surpreendentes. Produzido por J J Abrams, e dirigido por Matt Reeves, da franquia "O planeta dos macacos", "Cloverfield-monstro" já se tornou um clássico do gênero cinema catástrofe. O sucesso de crítica e público foi tão grande, que surgiram duas sequ6encias, que não têm nada a ver com esse original: "Rua Cloverfield, 10" (2016) e "Paradoxo Cloverfield" (2018). Esse último doi destruído pela crítica e lançado diretamente na Netflix. Me lembro que toda a campanha de lançamento do filme era um grande mistério. Um teaser, sem dar nome ao filme, mostrava um ataque em Manhattan por algo que ninguém saba o que era, e logo surgia a cabeça da estátua da liberdade decepada em plena rua. Foi uma campanha de marketing genial, que gerou muita repercurssão. O filme ainda pegou o público sob a paranóia e medo do ataque terrorista de 9/11 e as imagens de NY dsendo destruída deu gatilho em muita gente. O filme começa com fitas sendo encontradas. Logo, acompanhamos Rob e seu grupo de 4 amigos comemorando a sua viagem para Tokyo, a trabalho. Em uma cobertura em Manhattan, todos comemoram seu bota fora. Beth, uma amiga com quem Rob ficou, fica chateada que ele vai embora da festa. Um ataue começa a aconyecer na cidade. Quando todos fogem, percebem que um enorme monstro está atacando a cidade. Rob decide atravessar a cidade e salvar Beth, que está presa em seu apartamento. O roteiro em si é batido e sem novidades. O que o tornou um clássico, é justamente a forma como conta a história, através de uma câmera sendo gravada por um dos personagens.

Noise

"Noijeu", de Kim Soo-jin (2024) Dirigido pela diretora sul coreana Kim Soo-jin, a partir do roteiro escrito por Lee Je-hui, "Noise" é um terror sobrenatural ambientado todo em um condomínio de classe média em Seul. Ju-young (Lee Sun-bin), uma jovem operária de uma fábrica com deficiência auditiva, recebe um telefonema de um detetive informando que sua irmã Ju-hee foi dada como desaparecida dentro do condomínio que morava. Ju-young inicia uma busca por sua irmã ao entrar no condomínio. Ela descobre que sua irmã ecsutava sons irritantes do vizinho de cima, e depois disso, nunca mais foi vista. Os moradores do prédio procuram abafar o caso. Com a ajuda do namorado de Ju-hee, Ki-Hoon, eles vasclham o prédio e entram escondidos no apartamento do andar de cinma, de onde saem os barulhos ouvidos por Jun-hee. Um bom terror, "Noise" tem um plot twist surpreendente e uma excelente fotografia que ajuda a dar um tom sobrenatural à história, que acontece boa parte em noturnas.

The players

"The players", de Sarah Galea-Davis (2024) Vencedor dos prêmios de melhor diretora e de melhor atriz para Stefani Kimber no Canadian film fest 2025, "The players" é escrito também por Sarah. O filme, ambientado em 1994, traz o ambiente tóxico e machista do teatro no ano de 1994, antes da era do #metto. Aos diretores, era comum ser dado um poder tão avassalador, que pemritia abusos sexuais e morais, humilhação, constrangimento. É nesse ambiente que surge Emily (Stefani Kimber). Morando com sua mãe, que está para se divorciar do seu pai, Emily é uma aspirante à atriz e que fica feliz ao ser escalada para um papel em uma peça de teatro de uma companhia que está montando "Hamlet". No início, Emily se sente numa nova família, sendo bem recebeida pelos atores e pelo diretor e a preparadora. Mas a sua ingenuidade não consegue dissociar um trabalho de atriz a um abuso. Quando o diretor Reinhardt (Eric Johnson) vai exigindo dos atores, e em especial de Emily, uma entrega total, envolvendo vivências, dôr, incluindo em ambientes em público ( Emily se embebeda e o diretor sugere que ela se atraque com os homens do local), a história de Emily vai ficando mais densa. O filme foi escrito por Sarah como um conto de advertência para jovens mulheres que desejam entrar na indústria. Ela expõem de forma crua os comportamentos abusivos de diretores e o quanto as jovens atrizes permaneciam caladas e submissas, comportamento que s'p mudou com a chegada do metoo. Um filme angustiante, que pode provocar muitos gatilhos em quem assistir. A atriz Stefani Kimber está excelente em sue papel, transparecendo toda uma energia conflitante de alegria e de raiva.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Nossa festa em casa

"Our house party", de Shuichi Kawanobe (2022)Drama queer indie, escrito e dirigido pelo cineasta japonês Shuichi Kawanobe. O filme traz elementos autobiográficos do próprio cineasta, que durante sua juventude, lutou contra a sua homossexualidade, sem saber como lidar com sua orientação sexual. O filme tem uma narrativa naturalista que me lembrou muito o cult "Os rapazes da banda", de Willian friedkin, onde um grupo de gays se reúne em um apartamento e discutem sobre vários assuntos, entre ciúmes, intrigas e falsa alegria. Tomoya (Hashizume Takashi) é um estudante universitário de 21 anos em Tóquio. Ao se dirigir a um bar, ele acaba conhecendo Shoichi (Inoura Ryosuke), dono de um bar gay. Convidado a entrar no bar, Tomoya fica rteicente, mas acaba entrando. Logo ele é convidado para uma festa em um apartamento, onde um grupo de jovens gays, entre eles Akito (Kageyama Keiichi) e seu namorado Yasushi (Matsumoto Ryo), Naoki (Kubota Sho), dono de um clube gay, Masashi (Unohara Keigo), e Kenichi (Yokoro Hiroshi), um fotógrafo bonto que é objeto de desejo de alguns do grupo. Li umas críticas que compararam o etsilo do filme aos do sul coreano Hong San Soo, por ser bastante dialogado e ter conversas na beira de uma mesa, regados à saquê, com bebedeiras e revelações sendo ditas. É um filme modesto, com bons atores, poucos cenários, e muito diálogo. Seria interessante montar uma peça de teatro com esse texto, que é revelador e provocativo.

Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda

"Freakier friday", de Nisha Ganatra (2025) Em 1976, foi lançada a comédia "Um dia muito louco", adaptação do romance de Mary Rodgers, e estrelado por Barbara Harris e Jodie Foster. O filme apresenta mãe e filha que vivem às turras, e que acabam trocando de corpo. Em 2003, produzido pela Walt Disney, e dirigido por Mark waters, foi lançado o remake, "Uma sexta muito louca", com Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohay nos papéis principais. O filme foi um grande sucesso de crítica e público e gerou inúmeros filmes com o mesmo plot de troca de corpos, incluindo 'Se eu fosse você", com Gloria Pires e Tony Ramos. 22 anos depois, a continuação "Uma sexta feia mais louca ainda" é lançado em pleno 2025. Tess (Curtis) e Anna (lohan) repetem seus papéis, agora sob a direção de Nisha Ganatra. O filme traz um elenco repleto de diversidade, com atores asiáticos e indianos em papéis importantes. A estrutura que segura o filme é a sororidade, e os personagens masculinos ganham papéis coadjuvantes. É um filme sobre mulheres de 3 gerações: além de Tess e Anna, temos a filha de Anna, Harper (Julia Butters), uma adolescente rebelde igual foi Anna; e Lily Rogers (Sophia Hammons), filha de Eric Reyes (Mannu Jacinto), um chef de cozinha que é chamado na high school para um reunião, para resolver a crise entre Lilly e Harper, que não se suportam. Claro, Eric e Anna se apaixonam à primeira vista e marcam um casamento. Durante uma festa de celebração, uma vidente l6e as mãos de Anna, tess, Lilly e Harper e a confusão se instala: as 4 trocam de corpo entre elas. Personagens do filme original retornam: Ryan, Jake, as amigas da banda de Anna, o irmão Harry, mas todos em papéis menores. O filme brinca com as mulheres, e fala sobre etarismo, sonhos reconquistados, maternidade, luto e amizade. É um filme com a marca Disney, ou seja, feito para a família, sem segundas intenções, sem palavrões, muita cor e piadas ingênuas. As atrizes estão claramente se divertindo em cena, incluindo nos erros de gravação do final.

Oh, Hi!

"Oh, Ho!", de Sophie Brooks (2025) Concorrendo em Sundance 2025, "Oh, Hi!", vem na tradição dos filmes indies em querer discutir relação de casal da geração Z, com muios diálogos de efeito e existencialistas. Afinal, o que querem os casais da faixa dos trinta anos de idade? Um relacionamento duradouro e firme, ou apenas uma aventura? O recente terror "Juntos" trouxe esse mesmo tema, se apropriando do gênero para trazer uma atmosfera de terror ao relacionamento de um casal, onde a mulher quer algo sério, mas o homem está inseguro e não preparado para um casamento. Iris (Molly Gordon) e Isaac (Logan Lerman) vão passar um final de semana em uma cabana isolada, que eles alugaram. É o primeiro momento do casal onde passarão juntos. Eles se divertem, transam. Ao abrir um armário, Iris encontra aparelhos e apetrechos BDSM, entre eles, algemas, chicotes e vibradores. Quando vão transar novamente, eles sugerem usar os aparelhos. Iris é algemada, mas desconfortável, sugere inverter e algemar Isaac, que aceita imediatamente. Eles transam e Iris comenta que está muito feliz com a primeira viagem como um casal. Issac discorda, dizendo que nunca pensou em ter nada sério,e. sim aventura com iris, até porque, durante o namoro deles, ele ficou com outras mulheres. iris se sente enganada, e decide manter Isaac algemado. Ele se irrita, e Iris diz que ele tem 12 horas para repensar o relacionamento, e que ele sim, quer ficar com ela. O filme tem seus bons momentos, muito por conta do carisma e talento dos dois atores. Mas ele acontece todo em um único ambiente, a cabana. E os diálogos são muito expositivos e longos. A premissa de discutir o sentido de um relacionamento fico ou uma aventura é bem vinda, mas talvez tenha faltado mais humor ou bizarrices na situação do rapaz algemado. Vale ser montado como peça de teatro, certamente fará muito sucesso.

There's a zombie outside

"There's a zombie outside", de Michael Varrati (2024) Filme queer que mistura elementos de drama, romance, comédia de humor ácido e terror trash, "There's a zombie outside" acaba sendo um filme bastante confuso, que explora o terror para fazer uma metáfora sobre a difícil vida de um ator em crise, que precisa trabalhar em filmes B para poder manter seu emprego. Li numa entrevista que o diretor Michael Varrati, que também escreveu o roteiro, fez o filme como uma crítica contra as mainstreams, que dão pouco ou nenhum apoio aos filmes indies. Adam (Ben Bauer) é um escritor em crise na faixa dos 40 anos. Ele vai passar o final de semana em uma cabana com seu namorado Ollie (Ty Chen) e os dois amigos Louis (Francisco Chacin) e Zeke (William Lott). É aniversário de Adam, mas ninguém consegue levantar o seu astral. Até que Adam começa a observar um zumbi que circunda a casa. Ele comenta com os outros, mas ninguém viu nada. Subitamente, Ben Bauer acorda em sua cama. Ele é o ator real que interpretou o personagem Adam. É um filme dentro de um filme. Os atores reais passam a interagir, e Ben é um ator em crise, que discute com seu agente sobre o filme ruim de zumbi que ele protagonizou. Ainda assim, Ben continua a ver o zumbi que o persegue. Eu queria ter gostado do filme, desde que li a sinopse. Mas a metalinguagem do filme dentro do filme tornou o roteiro bastante confuso, e a idelaização do zumbi como projeção do próprio Adam, não me convenceu muito. Tecnicamente ele é médio, com uma fotografia correta. A caracterização do zumbi é bem tosca.

Hell house LLC

"Hell house LLC", de Stephen Cognetti (2015) Terror found footage que foi apontado por fãs de terror como o 10o filme mais assustador de todos os tempos. Quando li essa matéria, fui correndo assistir ao filme, lançado em 2015 e que gerou uma franquia com mais 3 filmes. e me senti totalmente enganado. O filme não é assuatdor, não traz sustos e é arrastado, com poucos momentos climáticos de suspense. Ele é totalmente chupado de "A bruxa de Blair", incluindo um desfecho com uma personagem de costas para a parede. Em 8 de outubro de 2009, uma tragédia ocorreu no Hotel Abaddon. Ali, uma equipe de 5 pessoas vindas de Nova York comprou o hotel e decidiu montar uma "heel house", casa de terror. No dia da inauguração, 15 pessoas, entre público e funcionários, foram encontrados mortos. 5 anos depois, uma equipe de documentaristas decide viistar o hotel e entrevistar uma das sobreviventes, sara, que fazia parte do grupo. Sara entrega para a equipe fitas gravadas do dia da tragédia, que ela não entregou à polícia. diane, a documentarista, assiste as fitas com sua equipe para entender o corrido. O filme traz mais atmosfera do que jump scare, inxistente. Palhaços sinistros que surgem do nada, mascarados e pessoas possuídas. O filme escrito e dirigido por Stephen Cognetti se preocupa mais em tornar o filme um registro documental, com elementos estranhos que precisam ser observados pelo espectador, do que fazer um terror propriamente dito. É mais no estilo de "Atividade paranormal", onde pouca coisa acontece. O elenco está ok, mas é um roteiro que poderia epxlorar muito mais o potencial da Hell house.

Novembro

"Novembro", de Railane Borges e Matías Palma (2021) Drama indie brasileiro, totalmente financiado sem recursos públicos, "Novembro" é adaptado do romance escrito pelo ator Sandro Araúdo, Solidão e detsino". O filme é a estréia da cineasta Railane Borges em longa-metragem. A história é um drama sobre isolamento social, depressão e melancolia de um homem de meia idade, Julio (Araújo). Ele é um funcionário público que por insistência de seus colegas de trabalho, vai procurar uma garota de programa. A fotografia é do chileno Matias Palma, que se apropria do clima chuvoso da cidade e traz belas imagens noturnas, acentuando a atmosfera de solidão na grande cidade. O elenco vive com intensidade o drama de seus personagens.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Um banquete de Halloween

"A halloween feast", de Guile Branco (2024) Co-escrito, produzido e dirigido pelo ator brasileiro radicado em Los Angeles Guile Branco, que também interpreta um dos personagens principais, Mark, "Um banquete de Halloween" é um terror indie repleto de humor ácido, que faz referências a "A família Addams", "Carrie,a. estranha" e outros clássicos do gênero. Os personagens do filme são todos excêntricos, incluindo uma carttomante vidente inspirada na Vandinha. A protagonista, a atriz Lynn Lowry, no papel da matriarca Angela, é conhecida pelos filmes B de sua filmografia, entre eles, os clássicos "I drink your blood" e "The crazies", de George Romero. Angela começa a agir estranhamente depois que se aposentou como professora. Casada com Richard (James Griggs) e mãe de Karen (Julia Coulter) e do jovem Stuart (Jackson Leighton), Angela é internada em uma clínica psiquiátrica após decepar um dedo do marido. Richard e a família, incluindo a mãe de Angela, a avó (Mary O. Bremier) decidem que Angela pode voltar a morar com eles, após um tratamento com o Dr Park (Lou D'amato). Quando a noite do Halloween chega, Angela prepara um banquete sanguinolento para a família. O filme tem diversos sub-plots, que envolvem um agiota com nanismo, uma vidente, uma amante do Dr Park que o chantageia e a história de Mark. Tantas histórias tornaram o filme longo. A história de Angela é certamente a mais divertida. O que chama a atenção é o carinho com que o diretor Guile Branco lida com a produção, permitindo que todo o seu elenco brilhe em suas cenas, e o cuidado com a fotografia. Os efeitos, baratos, são condizentes com a proposta do filme, de ser um filme B. No fundo, uma bela homenagem à atriz Lynn Lowry.

Anônimo 2

"Nobody 2", de Timo Tjahjanto (2025) O filme de ação "Anônimo" foi um grande sucessod e crítica e de público em 2021, dirigido pelo russo Ilya Viktorovich Naishuller e estrelado por Bob Odenkirk no papel do ex-agente Hutch Mansell, casado com Becca (Connie Nielsen) e pais dos adolescentes Brady e Sammy. No primeiro filme, a família desconhecia o passado de Hutch. E pior: o pai dele, David (Christopher Llloyd), aposentado, também era um ex-agente. Seria inevitável uma continuação. Em "Anônimo 2", o diretor original não pôde tocar o barco, e a missão coube ao cineasta indonésio Timo Tjahjanto, famoso pelos sucessos de ação e terror, entre eles, "Macabro" e "A noite nos persehue". Ele estréia em filme americano e dá conta das ótimas cenas de ação. Dessa vez,a. família decide tirar férias em uma cidade com um parque de diversões chamada Plummerville. Mas eles não imaginavam que o local é dominado pela chefona do crime Lendina (Sharon Stone). Sharon Stone foi convidada como uma homenagem ao seu papel em "Caisno", de Scorsese. ela faz uma bad ass girl, junto de uma quadrilha de assassinos no melhor estilo John Wick. O filme tem humor e muita adrenalina. Mas a sensação de história requentada me consumiu o tempo todo. O filme original era um primor. Esse já tem uma história batida. Vale pelo desfecho, ao som de "The power of love", de Celine Dion.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

The exit 8

"8-ban deguchi", de Genki Kawamura (2025) Exibido no Festival de Cannes 2025 dentro da mostra Midnight screenings, dedicado a filmes com vocação de serem cults. O filme é adaptação de um videogame de grande sucesso, com mais de 1 milhão e 500 mil downloads. Segundo o Wikipedia, "Exit 8, é um jogo de aventura de 2023 desenvolvido e publicado pela Kotake Create. Anunciado como um simulador de caminhada, o jogo gira em torno do jogador caminhando por uma passagem de uma estação de metrô japonesa, tentando detectar imprecisões para chegar à saída da estação, localizado na saída 8." A idéia do jogo veio pelo fato de algumas estações de metrô no Japão parecerem enormes labirintos, onde normalmente as pessoas se perdem. O protagonista sem nome, chamado de The lost man (Kazunari Ninomiya), está em um vagão do metrô lotado. Ele testemunha um passageiro maltratando uma mulher com um bebê que chora incessantemente, The lost man nada faz e sai do vagão. Ele recebe uma ligação de sua ex-namorada, que diz estar grávida de seu novo namorado. O homem percebe que não consegue encontrar a saída, e que percorre em loop o mesmo corredor que dá para a saída 8. Ele decsobre que para poder sair, ele deve perceber "anomalias", tais como mudanças em posters e outros itens. Caso não perceba nada, ele deverá faezr 8 vezes o caminho da saída 8. Se perceber, ele deverá retornar e começar de novo. Devo dizer que nunca ouvi falar do jogo, pesquisei sobre como funciona e ainda assim, achei confuso. A a adaptação para o cinema traz uma atmosfera meio 'O iluminado", tendo até um easter egg de um mar surgindo no corredor e tomando tudo no caminho. Mas é confuso. O que ficou claro para mim é que no filme, e isso não deve ter no game, uma leitura seria a forma como a questão da paternidade e do isolamento social assombraram o protagonista. O filme renderia um ótimo curta, mas como longa, ficou repetitivo e cansativo.

O rei de Havana

"El rey de La Habana", de Agustí Villaronga (2015) Rodado na República Dominicana, "O rei de Havana" é um drama queer que se passa em Havana, Cuba, no ano de 1994. O filme provocou controvérsias por conta de seu protagonista: o jovem ator Maykol David Tortoló, que interpreta Reynaldo, tinha 16 anos na época da filmagem, e faz cenas de sexo com adultos: Magada (Yordanka Ariosa) e uma travesti ,Yunisleidi (Héctor Medina). Além disso, o ator fica nú em diversas cenas do filme, usando uma prótese p3n1ana, já que seu personagem se torna alvo do desejo de todos por conta do seu tamanho avantajado. Reynaldo vai preso, acusado de ter matado uma vizinha, que morreu por acidente provocado por seu amigo, que se suicidou. Reynaldo acaba fugindo da prisão e vai se esconder no cortiço onde morava. Ele acaba sendo objeto de desejo de uma mulher e uma travetsi, ambas moradoras do prédio, e que não se dão. O filme começa como uma comédia de costumes erótica, e em seu terço final, fica bem sombrio. Existe uma homofobia e transfobia bem forte nos personagens de Reynaldo e de Magda. A direção de arte e a maquiagem acentuam bastante a extrema pobreza de Cuba da época, e mesmo nos diálogos, onde o tempo todo os personagems deixam claro o quanto estão sujos e fedidos. Não me simpatizei por nenhum personagem, que são contruídos com muita raiva interna. Os atores estão bem, mas a narrativa e principalmente o desfecho, me fez ficar frustrado com a evolução dos personagens.

Glitter - O brilho de uma estrela

"Glitter", de Vondie Curtis-Hall (2001) Lançado em 2001, "Glitter- O brilho de uma estrela" foi destruído pela crítica, e foi um enorme fracasso d epúblico, repercurtindo negativamente nas carreiras da estrela Mariah Carey, do ator Max Beesley, que faz seu par romântico e do diretor Vondie Curtis-Hall. O filme é um projeto desenvolvido pela própria Mariah, cantora que estava em seu auge na época e decidiu escrever a idéia de um filme que mesclasse um pouco de sua própria história, Assistindo ao filme, é fácil associá-lo à "Nasce uma estrela" em uma trama bem básica: jovem que sempre sonhou em cantar faz backing vocal, até ser descoberta por um Dj que decide produzir seu primeiro disco. Ela bomba, faz sucesso, é convidada até para atuar, e o sentimento de ciúme cresce no namorado e nas amigas que cresceram e ralaram junto de Mariah. Mariah é Billie Frank. Max Beesley faz o Dj e mocinho Dice. Terrence Howard faz o agiota Timothy. A trilha sonora foi lançada junto ao filme. Mas nada aconteceu. O filme está na lista dos piores filmes de todos os tempos, e no Imdb tem nota 2.4. Como sou fã de Mariah e gosto de tramas açucaradas, nem achei essa bomba toda não. Mariah não é uma atriz, e portanto, é um filme para fãs, que não se importam com acting.

domingo, 24 de agosto de 2025

Na cama com Madonna

"Madonna- truth or dare", de Alek Keshishian (1991) Lançado em 1991, o documentário "Na cama com Madonna" teve sua estréia no Festival de Cannes e foi um verdadeiro evento, com Madonna ofuscando todos os flashes da edição. Lançado nos cinemas, se tornou na época o documentário mais rentável d ahistória do cinema, até o ano de 2002, quando "Tiros em Columbine", de Michael Moore o ultrapassou. Dirigido por Alek Keshishian, o filme foi inovador na forma e narrativa, por apresnetar os bastidores da mega turnê de um artista pop de forma expositiva, invadindo sua intimidade, crises e conflitos com equipe e dançarinos. Sua relação conturbada com sua família, o luto pela morte de sua mãe, o show em detroit, sua cidade natal e motivo de insegurança, a tuenê pela Europa, o encontro antológico com Antonio Banderas, registros do seu terceiro show, "Blond ambition", inciada em 1990 e o mais polêmico: a famosa cena de "Like a virgin", onde ela simula um orgasmo na cama, e pelo qual ela foi intimada a cance;ar shows ou memso retirar esse trecho dos concertos. Mas MAdonna nunca deu o braço a torcer e alegou interferência em seu trabalho e visão de artista. Até hoje, o filme é um marco no registro do show bizz, e seu título em português virou memes na época, que perduram até hoje.

Dick Tracy

"Dick Tracy", de Warren Beatty (1990) Uma das maiores injustiças da história do Oscar está em 'Dick Tracy", filme primoroso produzido e dirigido por Warren Beatty e lançado em 1990. O filme ganhou merecidamente 3 Oscars: melhor direção de arte, melhor canção, 'Soonor or later" e melhor maquiagem. mas não ter premiado o Oscar de melhor fotografia , para o mestre Vittorio Storaro, e melhor figurino, foram 2 grandes absurdos. Tanto a fotografia quanto o figurino ajudaram a recriar a ambientação dos personagens criados por Chester Gould em 1931, se baseando nas 7 cores básicas, e só. É um universo único e excepcionalmente conduzido por Warren Beatty, também esquecido na direção. A trilha sonora, criada por Danny Elfmann, é excelente, e as canções compostas por Stephen Sodndheim ajudam a dar um clima dos Estados Unidos dos anos 30, durante a lei seca. Nesse mundo, policiais e mafiosos lutam em constante batalha. Dick Tracy (Beatty) namora Tess Trueheart (Glenne Headly), mas o namoro nunca se consome por conta de seu trabalho. Ele precisa prender Big Boy Caprice (Al Pacino, formidável), um mafioso que comanda um nightclub, onde Breathless Mahoney (Madonna), canta e dança. Uma criança de rua, Kid (Charlie Korsmo), ajuda Dick Tracy, mesmo sofrendo ameaças de ser levado para um orfanato. O filme tem muitas participações especiais, como Dustin Hoffman, James Caan e Charles Durning. O filme não foi valorizado na época do lançamento, e conto muito que em algum momento, seja alçado à condição de clássico. é um shor de técnica, de recriação de um universo e de tipos personificados por um time de atores que toparam entrar em maquiagens pesadas.

Os aeronautas

'The aeronauts", de Tom Harper (2019) Drama histórico baseado em fatos reais, apresentando o cientista James Glaisher, que junto de Henry Coxwell, em 1862, sobrevoaram de balão uma altura de 11 mil metros de altitude, equivalente a 11 kms, uma altura que nenhum homem havia sequer alcançado. James bancou o vôo, visto que ninguém quiz fianciá-lo. Ambos quase morreram no vôo, mas graças à ação de Henry, amvos sobrveiveram. Os registros de dados de James Glaisher mostraram que a atmosfera tem diferentes camadas dentro dela, uma decsoberta que levou as primeiras prevsoes cientificas do tempo seria possível evoluir a previsão do tempo, ajudando assim a tornar plantios mais produtivos, prever inundações e auxiliar contra a seca. O filme "Os aeronautas" sofreu críticas por substituir Henry por uma personagem feminina fictícia, Amelia Wren (Felicity Jones), que se une ao cientista James Glaisher (Eddie Redmayne) para promover avanços no conhecimento sobre o clima e voar mais alto do que qualquer outra pessoa já voou. . Ela tem um trauma: seu marido Pierre (Vincent Perez) morreu durante um vôo de balão que ambos fizeram. Amelia em princípio não aceita a viagem, mas depois repensa e juntos, viajam. O filme favorece, além do drama, toda uma narrativa de ação e aventura. Amelia é apresentada como uma super heroína, com feitos espetaculares que a fazem se tornar uma pessoa acima de parâmetros normais, escalando o balão e outras façanhas impressionantes. O filme tem um ótimo trabalho de CGI e funciona muito pela química ótima entre os excelentes Felicity Jones e Eddie Redmayne. Com muitas cenas incríveis de ação, o filme emociona em seu desfecho. A narrativa é costurada entre o presente e diversos flashbacks, para entendermos melhor que são essas 2 pessoas incríveis.

Hunting daze

"Jour de chasse", de Annick Blanc (2024) Melhor filme no Festival de Fantasia 2024 e também concorrendo no pretsigiado SXSW, "Hunting daze" é um thriller de suspense escrito e dirigido pela cineasta canadense Annick Blacn. O filme tem muito o estilo de filme de Coralie Fargeat, diretora de "A substância" e "Vingança", mostrando, através de uma narrativa com fotografia estilizada, uma mulher diante de um mundo de homens tóxicos e babacas. Nina (Nahéma Ricci) é uma stripper. Ela está no meio de uma estrada distante de tudo, com seu agente e duas outras striipers. O carro está sem combustível. Após discutor com o agente, ela pega carona com um rapaz, Kevin (Frédéric Millaire-Zouvi). Ele a leva até uma cabana ond eoutros 4 amigos estão para um final de semana de caça, comemorando a despedida de solteiro de um deles. Para ser aceita no grupo, Nina precisa passar por uma provação, e consegue. Mais tarde, Kevin traz Doudos (Noubi Ndiaye), um imigrante africano que ele encontrou na estrada. Doudos também passa pela provação. Numa bribcadeira dos amigos, Doudos acaba levando um tiro no ombro, mas pede para não ser levado ao hospital. Os amigos precisam decidir o que fazer com ele. O filme tem como pano de fundo temas como machism, misoginia, racismo, xenofobia, através d eum grupo de homens heteronormativos tóxicos. Nina e Doudos representam a sociedade marginalizada. O roteiro funciona como uma parábola, e existem momentos de sonhos de Nina. Os atores estão bem, dentro de suas contruções de tipos bem definidos. Uma boa direção em uma trama com desfecho óbvio, moralizante, mas eficiente.

sábado, 23 de agosto de 2025

Lo que ocurre en Cap Vermell

"Lo que ocurre en Cap Vermell", de Roberto Lopez Toledo (2018) Um ótimo drama lgbtqiap+ espanhol, "Lo que ocurre en Cap Vermell" faz o oposto da maioria dos filmes que mostram uma mocinha frustrada com um amor não consumado e que afoga as sua smágoas, tendo uma virada na história e se empoderando no final. Ao invés de uma mulher, o protagonista é um jomem, Tito (Diogo Belizario), que foi abandonado pela sua noiva dias antes do casamento. Frustrado e humilhado, ele decide viajar sozinho para a lua de mel deles, com todas as despesas pagas no luxuoso resort de Cap Vermell Park Hyatt Mallorca, um Beach Club para endinheirados. Chegando lá, ele se tranca no quarto, em depressão. Com o passar dos dias, ele vai conhecendo funcionários do hotel, se apaixona pela professora de yoga, fica amigo d eum turista que tenta flertar com uma inglesa e por fim, é assediado por um casal gay. O filme diverte com seu fino humor e as reflexões que faz sobre a masculinidade e o que se espera dela. Financiado pelo próprio resort, o filme explora seus ambientes, luxuosos e amplos. Um filme com um elenco formado de atores lindos e fotogênicos.

Loev

"Loev", de Sudhanshu Saria (2015) Concorrendo no SXSW e premiado em diversos festivais, "Loev" é um drama queer indiano escrito e dirigido por Sudhanshu Saria. Dois amigos de longa data, Jai (Shivv Pandit) e Sahil (Ganesh) se separam quando Jai se muda para Nova York para trabalhar em Wall Street. Anos se passam, e Jai retorna a Mumbai para uma viagem de negócios. Sahil agora é produtor musical e está morando com seu namorado, Alex (Siddharth Menon). Jai convida Sahil para um final de semana, mas esse encontro representa um amor não consumado, principalmente para Jai, que não assume publicamente a sua homossexualidade. ALternando momentos de humor e romance, no fundo "Loev" é um drama melancólico sobre viver uma vida de mentira para manter uma fachada heteronormativa, condizente com o ambiente profissional e tóxico de Jai. O filme tem um terceiro ato com uma virada violenta na história, e graças ao bom trabalho dos atores, mantém o interesse.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Captura

"The capture", de Adrian Voicu (2023) Premiado drama romeno, "Captura" é inspirado em fatos reais ocorridos com o diretor e roteirista Adrian Voicu. Em 2012, ao registar com sua câmera uma manifestação popular nas ruas de Bucareste contra o presidente Traian Băsescu, Voicu acabou sendo preso e misturado aos manifestantes. ele testemunhou agrssões físicas, inclsuive contra ele próprio, pela polícia. Ele foi levado para a prisão e teve que deletar os vídeos de sua câmera. Logo após ser solto, ele conseguiu rceuperar os vídeos e essas inagens foram utilizadas no filme. Sami (Yann Verburgh) está com sua namorada Pia (Nicoleta Lefter) no quarto do apartamento dela. Ele a registra nua, fazendo amor. logo depois, eles decidem ir até as ruas, onde está acontecendo uma manifestação. Pia decide ir embora e Sami registra toda a revolta com sua câmera, mas acaba sendo presoe. agredido, testemunhando a morte de um dos manifestantes. O filme é um denso drama político e social, apresnetando a bruta força policial que agia a favor do governo. A narrativa mietsura imagens documentais e a parte ficional com a história de Sami e manifestantes. Um bom filme, com bons atores, senti falta de mais ritmo, alguns trechos são arrastados.

De la noche a la mañana

"De la noche a la mañana", de Manuel Ferrari (2020) Quando se fala de comédia argentina, a gente já sabe que vai encontrar um tipo de humor que se assemelha aos filmes de Mika Kaurismaki: um humor apático, constrangedor, sobre personagens losers e sem emoção. Em "De la noche a la mañana", o protagonista Ignacio (Esteban Menis) parece ter saído de um filme de Kaurismaki: 37 anos, introvertido. Ele é arquiteto e professor em uma universidade. De poucas palavras, ele é casado com Laura (Manuela Martelli). Quando ela anuncia que está grávida ( a cena em que Esteban vai na farmácia e compra diversos testes de gravidez é genial), ele tem a sua vida totalmente transformada. A notícia coincide com um convite de uma Universidade do Chile, em Valparíso, para dar palestras. Tudo dá errado: ele não é recebido por ninguém, é assaltado, a universidade entra em greve. Ele encontra umas pessoas pelo caminho que o ajudam. Esteban é inseguro e sempre generoso e prestativo com todo mundo. Ele conhece uma jovem e agora ele tem a opção de voltar para a sua namorada, ou abandonar tudo e ficar no Chile. O filme, para quem gosta desse tipo de humor apático, é muito bom. O personagem de Esteban é daqueles dignos de dar dó, mas sem perder o carisma e a compaixão do espectador. A sua crise é facilmente identificável. As locações em Valparaíso são belamente fotografadas e captadas pelas lentes do fotógrafo Fernando Lockett.

Uma equipe muito especial

"A League of Their Own", de Penny Marshall (1992) Impossível não chorar ao longo desse emocionante e melancólico drama esportivo com tintas de comédia e romance. O filme é dedicado aos membros da Liga americana de beisebol feminino, a AAGPBL. Fundada por Philip K. Wrigley, foi criada de 1943 e se manteve até 1954. A liga foi criada para suprir o desejo dos ameircanos em assistir campeonatos de beisebol. Os homens estavam lutando na 2a guerra, e a solução encontrada elo empre'sario Wrigley foie scalar mulheres. O filme apresenta um dirigente que percorre diversos estados em busca de talentos femininos, realizando testes. Entre as selecionadas, estão as irmãs Dottie (Geena Davis) e Kit (Lorri Petty), fazendeiras; a dançarna Mae (Madonna); Doris (Rosie O'donell), Marla (Megan Cavanagh), entre outras. O técnico Jimmy Dugan (Tom Hanks), outrora de sucessoe. agora decadente e alcólatra, é contratado para treiná-las. De início relutante, aos poucos Jimmy vai se encantando com o empenho e talento das garotas. O filme traz todos os esterótipos de esporte com time esportivo azarão e o técnico turrão. Mas o roteiro e a direção de Penny Marshall conduzem tudo com maestria, emoção e sensibilidade. Penny Marshall havia dirigido Hanks no clássico "Quero ser grande". Genna David vinha de "Thelma e Louise", e Madonna de "Dick Tracy". Madonna e O'donell se tornaram melhores amigas nesse filme.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Land shark

"Lu Xing Sha", de Siyu Cheng (2020) Os produtores de cinema não cansam de explorar ad infinitum todas as possbilidades de fazer o tubarão ficar cada vez mais trash. A bola da vez é "Land shark", um filme de ação, aventura e claro, muita trasheira sobre um tubarão criado em laboratório para pesquisar cntra o câncer. Só que a mistura de tantos genes diferentes (inclusive de minhoca) acabam criando um tubarão monstruoso, que além do mar, sobrevive na terra e que invade ilhas e a cidade , destruindo prédios e ruas e massacrando centenas de pessoas. Para dar cabo dele, a cientista Qian Youyi (Yang) e o treinador de tubarões Song Yi (Luo) precisam agir rápido antes que i bichano mate mais gente. Claro que tem o dono da companhia farmaceutica que quer manter o tubarão vivo e para isso conta com sua tropa de mercenários. O filme obviamente não pode e nem deve ser levado à sério. Tudo caricato, exagerado e os efeitos do tubarão são super toscos. Para gargalhar e esquecer,

Vainilla

"Vainilla", de Gerard Marcó de Mas e Valeria Rowinski (2022) Drama argentino co-dirigido, escrito e protagonizado por Valéria Rowinski, "Vainilla" é uma comédia dramática totalmente indie. Boa parte do filme acontece no apartamento d aprotagonista, Alma (Valéria Rowinski). ela é uma mulher na faixa dos 30 anos, que rompe com seu namorado machista e decide ir atrás de novos relacionamentos. Através do app, ela marca diversos encontros, que terminam invariavelmente na cama, mas o resultado é que os homens são todos toscos. Quando suas amigas a convencem a participar de uma festa erótica, em que alguns homens serão convidados, Alma concorda. Quando ela se torna cobaia de uma brincadeira BDSM, Alma acaba se reconhecendo no papel de dominatrix, e gosta da inversão de papéis. O filme tem problemas técnicos gritantes: a fotografia é fraca, a decupagem é amadora, com planos e enquadramentos pouco satisfatórios. As atuações sôam amadoras, e tentei buscar informações sobre o projeto, para entender em que contetxo ele foi realizado. Parece um filme rodado em pandemia, com equipe e orçamentos mínimos.

Harvest

"Harvest", de Athina Rachel Tsangari (2025) A cineasta grega Athina Rachel Tsangari surgiu em 2010 com seu primeiro longa, "Attenberg", um drama com o estilo de humor corrosivo tipicamente grego. Com "Harvest", ela adapta o livro de Jim Grace e dirige uma trama alegórica sobre relações de poder, ambientada na Escócia do sçeulo passado. Filmado em Oban, Escócia, o filme foi fotografado pelo americano Sean Price Willians, que jáhavia filmado com os irmãos Safdie em "Good moment", com Robert Pattinson. Filmado em 16 mm, o visual do filme mescla lirismo, poesia e cores pastéis que fazem lembrar de "Midsommar". O poster remete a algum filme de terror, mas não se enganem: é um drama, e se existe terror, é sobre o poder que detereminadas pessoas exercem sobre outras. O filme concorreu no Festival de Veneza 2025. A trama é bastante confusa: em uma comunidade rural, mora o fazendeiro viúvo Walt (Caleb Landry Jones). Ele e outros moradores vivem pacificamente na região. Um dia, Mestre Kent (Harry Melling), que governa o local, solicita a um cartógrafo fazer o mapeamento do local para poder fazer criação de ovelhas. Para isso, os moradores precisam ceder suas terras e dar lugar às ovelhas. Com uma metáfora sobre latifundiários e fazendeiros humildes, "Harvest" traz uma trama extremamente lenta e arrastada. Foi difícil acomanhar a história. A cineasta Athina deu atenção especial ao estilo e à forma, deixando meio solto o conteúdo. Achei tudo muito chato e o final é em aberto e deixa pontas soltas.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Retorno à inocência

"Return to inocence", de Rocky Costanzo (2001) Polêmico drama lgbtqiap+, "Retorno à inocência" traz uma história sobre abusos fisicos e morais sofridos por um menino de 13 anos, Tommy Jackson, vítima de p3dof1l1a. Tommy é um dos internos do lar New Horizon, que acolhe vítimas infantis de violência doméstica e abusos físicos. Glen Erskine, pai de família e diretor do lar, é um conselheiro e psicólogo dos menores. Tommy teve vídeos vendidos pela sua mãe na internet e acabou presa. Tommy é internado no lar e tem como monitor Chris, um homem de meia idade. Glen descobre aterrorizado que Chris, que deveria proteger Tommy, abusou dele, com consentimento de Tommy, que por falta de compreensão e emotivamente carente, permitiu. Ao confrontar Chris, Glen acaba demitindo ele. Chris sofre um acidente e morre. Tommy se irrita com Glen por indiretamente ter causado a morte de Chris, que ele gostava, e liga para o FBI, denunciando Glen por tê-lo abusado. Glen vai ao tribunal para se defender de algo que ele não cometeu. O filme me fez lembrar de "Infâmia", clássico com Audrey Hepburn e Shirley Maclaine, onde uma criança, por vingança, acusa as professoras de lesbianismo. Ou também "A caça", ond euma menina também acusa o professor de tê-la abusado. Rodado em preto e branco, "Retorno à inocência" é um filme obscuro, que causa desconforto pelo tema muito forte. existe uma cena onde Glen está com seu filho na piscina e a polícia chega acusando- de molestar seu filho. Todo o ato final acontece em um tribunal, em belo trabalho de atuação dos atores. O jovem ator Andrew Martin traz uma performance corajosa, personificando uma vítima de abuso de forma naturalista e crua.

Lispectorante

"Lispectorante", de Renata Pinheiro (2024) Concorrendo no Festival do Rio 2024, "Lispectorante" é dirigido por Renata Pinheiro, em roteiro escrito pela própria e por Sergio Oliveira. O filme apresenta Gloria Hartman (Marcelia Cartaxo), uma artista plástica recém divorciada que retorna para Recife após anos fora. Esse retorno chega junto de uma melancolia e sensação de perda. Gloria está sem dinheiro e precisa de algo que a sustente. Durante as suas andanças pelo centro decadente da cidade, ela visita a casa onde Clarice Lispector morou durante anos em Recife. A casa tem uma fenda, e quando Gloria observa, um mundo surreal e lúdico surge, repleto de cores e sons, personificado pela atriz Grace Passô. Gloria conhece também um vendedor de artesanato de rua Guitar (Pedro Wagner, da comédia "O rei da feira", com Leandro Hassun). Eles começam um romance. O filme alterna momentos naturalistas do drama de Gloria com uma narrativa totalmente surreal, elementos que Renata Pinheiro já havia trabalhado em outros filmes, em especial, "Carro rei". Uma metáfora da ausência da arte e como ela esvazia um artista de emoção e criatividade, a presença espiritual de Clarice Lispector, na personificação da casa onde ela morou, representa a esperança de uma Recife abandonada. MArcelia Cartaxo s erecconeta à literatura de Claice Lispector, décadas depois de estrear em 'A hora da estrela".

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Beach cafe

"Café de la plage", de Benoît Graffin (2001) Drama francês, adaptado pelo cineasta André Techiné, que escreveu o roteiro, de um conto do escritor americano beatnick Paul Bowles, autor de "O céu que nos protege", filmado por Bernardo Bertolucci. O filme não tem personagens queer, mas existe uma atmosfera de homoerotismo presente, através dos jovens personagens macsulinos, vistos em momentos sensuais, e na relação entre os dois protagonistas, o jovem Driss e o homem maduro Douad. Em Tanger, n Marrocos, o jovem taxista Driss (Ouassini Embarek) namora duas garotas: uma estrangeira, e uma mucúlmana. Ele conhece na praia Fouad (Jacques Nolot), um marroquino que despreza a sua população por considerá-los sem educação. Fpuad é dono de um pequeno café modesto, onde vende chá e café. Driss decide fazer uma proposta para Fouad: transformar o local em um restaurante turístico. Os dois se tornam amigos, mas aos poucos, o que parecia uma relação de negócios, vai percorrendo outros caminhos. Um filme correto, com um roteiro que não me seduziu tanto, eu pelo menos esperava um pouco mais de atrevimento entre os personagens e que não ficasse apenas nos olhares e um final frustrante. O que me manteve interessado são as belas locações em Tanger e a fotografia que explora a solaridade da região, além da exploração do homoerotismo, mesmo que de forma discreta.

Elio

'Elio", de Domee Shi e Madeline Sharafian (2025) Lançado após os grandes sucessos de "Elementos" e principalmente "Divertidamente 2", "Elio" teve a pior estreia de um filme original da Pixar nos cinemas, totalizando menos de 150 milhões de dólares em sua carreira nas salas de cinema mundiais. O projeto teve problema sjá na sua gênese: o diretor original, Adrian Molina, foi afastado, e entre os motivos, a de que o pequeno protagonista Elio era um personagem gay. Foi retirada da trama qualquer questão relacionada à orientação sexual. A dupla Domee Shi e Madeline Sharafian assumiu a trama, escalando Zoe Saldana para dar voz à tia de Elio, Olga, uma funcionária da Nasa. O filme traz novamente um protagonista que sofre trauma pela morte de seus pais (A disney e a Pixar amam órfãos), justamente para trazer como pano de fundo a questão das famílias não consanguíneas que vão se formando ao longo da trama. Órfão de pais, Elio é cuidado pela Tia Olga, uma mulher solteira que foi obrigada a criá-lo e assim, ter uma relação materna que ela não esperava. Sentindo-se como que atrapalhando a vida de sua tia, Elio se sente solitário e a sua única conexão, é o amor pelo espaço e o desejo de morar em outro planeta. E esse desejo acaba acontecendo, quando ele é abduzido e confundido como um líder da Terra. Ele faz amizade com um jovem alienígena, Glordon, que é órfão de mãe e é obrigado pelo pai a fazer treinamento de ataque e assim, assumir o trono de dominacor do espaco, no lugar de seu pai. Encantador, "Elio" pode ter afugentado pais e crianças pelo seu teor melancólico. É um filme triste, com protagonistas infelizes e se sentindo desajustados em suas vidas de erros. As cenas de ação e aventura são bem realizadas, mas ainda asism, o tom dramático acaba sobressaindo. Referências óbvias de 'Et", "Contato" e "Contatos imediatos do terceiro grau".

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

O aroma do pasto recém cortado

"El aroma del pasto recién cortado", de Celina Murga (2024) Melhor roteiro no Festival de Tribeca 2024, "O aroma do pasto recém cortado" tem a produção executiva de Martin Scorsese, o que o ajudou a distribuir em diversos países. Ambos se conheceram durante um laboratório em 2008. O filme tem co-produção de Argentina, Estados Unidos, Alemanha, México e Reino Unido. A narrativa traz um espelho metafórico ao represnetar a mesma história sendo apresnetada por um homem e uma mulher tendo como pano de fundo a infidelidade conjugal. Como uma mulher é vista de forma diferente em uma traição? Como a sociedade as julga? Pablo (Juaquin Furriel) é casado e tem filhos. Ele é professor universitário e se envolve com uma aluna mais jovem. Natalia (Marina de Elvira) é casada e tem filhos e é professora universitária e se envolve com um aluno mais jovem. Os dois professores vivem um casamento frio e que caiu na rotina. Seus amntes lhe trazem energia e novo respiro. Mas o quanto isso irá repercurtir em suas vidas pessoais e profissionais? Os dois moram no mesmo prédio, mas não se relacionam. A arquitetura do prédio é a mesma. ë curioso observar as duas histórias como se fossem a mesma. O trabalho de edição ajuda a narrar esse paralelo, e às vezes até confunde, pois os atores que interpretam Pablo e o marido de Natalia se parecem. É um filme de performances intimistas e o roteiro de Celina Murga não so julga. Um trabalho excelente do elenco, e mereceia uma adaptação teatral com 4 atores.

Atmosfera

"Atmosfera", de Julián Hernández (2010) Cecília, Alberto e Felipe são 3 jovens que vivem solitariamente em uma cidade deserta, assolada por uam pandemia que afasta o convívio dos seres humanos. Um desejo inesplic'vale ira unir os três desconhecidos em uma praia deserta, fazendo-os descobrirem seus corpos nús e a interação com a natureza. Se esse filme tivesse sido lançado na pandemia ou pós- pandemia da Covid, teria feito total sentido para mim. Mas ter sido relaizado em 2010 me fez pensar de onde veio essa idéia de isolamento que o filme porpõe. Talvez seja profético, ou não, mas a busca da liberdade e a interação com a natureza é uma solução apontada pelo diretor para aliviar as mazelas da cidade grande. Um filme sem diálogos, todo simbólico, que tem imagens bonitas, mas me pareceu confuso e estilizado demais para conteúdo que quer trazer mensagens.

The blue hour

"Onthakan", de Anucha Boonyawatana (2015) Concorrendo no Festival de Berlim, "The blur hour" é um drama de realismo fantástico tailandês escrito e dirigido por Anucha Boonyawatana. É impossível não associar esse filme à filmografia de Apichatpong Weerasethakul, que lida com o universo queer dentro de camadas de realismo fantástico, sobrenatural e tragédias de paixões avassaladoras. Tam (Attaphan Poonsawas) é um jovem que sofre bullyinga na escola e em casa, com seus pais, pelo fato de ser gay. Cansado de apanhar e de sofrer assédio moral, ele se refugia em uma piscina abandonada. Ali, ele marca um encontro online com Phum (Oabnithi Wiwattanawarang), que é o oposto de Tam: aceita sua homossexualidade, saiu de casa e não ter que dar satisfação a seus pais. Mas a medida que o tempo passa, Tam vai alucinando, e Phum não é quem parece ser. Vendido como um filme de terror queer, 'The blue hour" pode ser visto como um filme sobrenatural onde os fantasmas da violência e dos traumas se personificam. A primeira parte aposta mais em romance e aventuras adolescentes entre dois amantes. A segunda metade investe em um gênero mais de horror e sobrenatural, e termina de forma trágica.

domingo, 17 de agosto de 2025

A samurai in time

"a samurai in time", de Jun'ichi Yasuda (2023) Divertida fantasia de viagem ao tempo, que assim como o filme da Disney 'encantada", traz um Samurai do período Edo para a Kyoto dos dias de hoje. Dois clãs de samurais estavam em lados contrários ao defender o líder militar. O samurai Kosaka Shinzaemon, da clã Aizu, recebe a missão de confrontar e derrotar o samurai Hikokuro Yamagata, da clã Choshu. Mas uma tempestade faz com que um raio caia sobre eles. Kosaka acorda na Kyoto dos dias de hoje, e pior, em um set de filmagem cujo cenário é do período Edo, na batalha entra samurais. Kosaka é atendido pela assistente de direção Yoko, mque acredita que ele é um figurante em um set errado. Quando Kosaka bate sua cabeça numa grua, ele desmaia, e é socorrido por um casal idoso que cuida do tempo ao lado do set de filmagem. Com o tempo, Kosaka ajuda o casal, vai se adaptando e acaba sendo incorporado ao set de filmagem como ator, pelo realismo que ele dá ao personagem de samurai. Por mais que seja batido o mote de viagem de tempo, essa comédia tem emoção e excelentes atores, e resgate um sub-gênero que parece estar em decadência, que são os filmes de samurais. as piadas com set de filmagem e produção são hilárias.