segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Roma

“Roma”, de Alfonso Cuaron (2018) No ano de 2009, o Cinema chileno lançou um extraordinário drama chamado “ A criada”, dirigido Sebastian Silva. Com um performance arrebatadora de Catalina Saavedra, no papel da empregada Raquel,o filme conta a história da servidão dessa criada, que trabalha em silêncio para uma família de classe média por 23 anos. As crianças a amam, os pais têm seus momentos de crise e ao mesmo tempo, Raquel, tímida e introvertida, procura resolver suas questões existências. “Roma” poderia ter sido um remake desse longa. Só não o é porque o filme se baseia nas memórias afetivas de Alfonso Cuaron. O filme diz tanto a Cuaron que ele assumiu praticamente o comando do filme: dirige, escreve, fotografa, produz e edita. “Roma” é o “Amarcord” de Cuaron: assim como o filme de Fellini, a narrativa é construída a partir de cenas soltas, rotineiras mas que apresentam momentos de deliciosa afetividade ou de gigantesca dimensão época. A beleza pictórica do filme chama atenção em todos os fotogramas. É impressionante a capacidade de Cuaron de lapidar cada elemento na tela: em quase todos os momentos de externa, vemos situações acontecendo em segundo plano. Há muito tempo eu não via um drama intimista ter uma grandiosidade como “ Roma”. Figuração numerosa,direção de arte, profundidade de campo mostrando em todo o esplendor a locação , sem esconder nada. É uma super produção disfarçada de filme pequeno. Cuaron filme a história de sua empregada Lido, que inspirou a personagem Cleo, ambientada no ano de 1970, no México. Roma é o nome do bairro onde mora a família: casal e 4 filhos, além da avó e de outra empregada, Adela. Acompanhamos essa história pelo período de 1 ano: o casal se divorcia, Cleo engravida de um policial que pratica artes marciais. As cenas sketches seguem na rotina da família mas a partir do segundo ato tudo vai mudando para um cinema mais espetaculoso: a cena da manifestação estudantil é impressionante, assim como o treinamento de artes marciais. Mas nada supera o plano sequência na praia, de Cleo vindo da areia e a câmera a seguindo até a água do mar. É de cair o queixo. Yalitza Aparício impressiona no minimalismo de sua atuação como Cleo. Seria leviano dizer que ela não interpreta porque a atriz seria exatamente assim. Os olhares, as pausas dramáticas, o tempo de cena de Yalitza, são cosas de ator veterano. Ela vai ser uma grande estrela. Cuaron curiosamente homenageia o seu filme anterior “ Gravidade” em uma linda cena no cinema. “Roma” venceu o Leão de Ouro em Veneza 2018 de Melhor filme

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