quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Depois da chuva

"Depois da chuva", de Cavi Borges (2017) Realizado em Cataguases, Minas Gerais, município que possui um Polo de Cinema, "Depois da chuva" é um curta que comemora os 20 anos da Produtora de filmes independentes Cavideo. Roteirizado e protagonizado por Patrícia Niedermeier, o filme explora e expõe os sentimentos aprisionados de uma mulher, que mora sozinha e que trabalha em uma fábrica textil. A prisão se mostra tanto em sua casa, uma construção retangular apática, quanto em seu trabalho, onde ela é obrigada a colocar um fone de ouvido para poder fugir do barulho ensurdecedor das máquinas. A mulher não pode sequer movimentar seus braços em liberdade, pois corre o risco de ter os mesmos engolidos pela força das máquinas. A mulher busca sua liberdade através de sua escrita, com seus únicos companheiros, seu caderno e sua caneta. A música a leva a um outro lugar, distanciado, reflexivo. No silêncio dos fones de ouvido, ela se imagina em um outro lugar, escutando música clássica. Uma linda e talvez inconsciente referência ao filme "Dançando no escuro", de Lars Von Triers. Ambos são inusitados musicais que têm nas máquinas e no seu barulho, a trilha sonora perfeita para falar de dilemas, solidão, opressão feminina. E na linda cena final, debaixo de uma chuva torrencial, uma outra homenagem a um dos grandes clássicos do cinema, "Cantando na chuva". O Diretor Cavi Borges retrata essa metáfora da libertação tendo como pano de fundo um relato da mulher dizendo ter se libertado sexualmente, revelando aos pais a preferência por mulheres. Tudo orquestrado com muita delicadeza, um profundo estudo da música e dos ruidos como um segundo filme por trás do que estamos vendo, uma aula aprendida provavelmente com a grande diretora argentina Lucrecia Martel, que traz no som angustiante e incomodo, a psiocologia de seus personagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário