sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Quando eu era vivo

"Quando eu era vivo", de Marco Dutra (2013) O produtor Rodrigo Teixeira faz aqui sua terceira adaptação de um livro do escritor Lourenço Mutarelli, após "O cheiro do ralo" e "Natimorto", todos os 3 produções de baixo orçamento. Baseado no livro "A Arte de Produzir Efeito Sem Causa", narra a história de Junior (Marat Descartes), um homem de meia idade que é demitido de seu emprego e abandonado pela esposa. Ele volta pra casa de seu pai, (Antonio Fagundes) para passar uns dias. Seu quarto foi ocupado por uma inquilina, Bruna (Sandy) e ele tem que dormir no quarto. O seu retorno pra casa irá abrir as portas do passado mal resolvido, trazendo lembranças da mãe falecida, envolvida com ocultismo, e de seu irmão problemático, interno de uma clínica psiquiátrica. O filme, assim como o excelente "Trabalhar cansa", longa anterior de Marco Dutra, é um exercício do gênero suspense psicológico. Logo de cara, vemos forte influencia de "O iluminado" sobre o filme. Os créditos iniciais, que rolam, igual ao filme de Krubrick. O clima caustrofóbico, a caracterização de Marat descartes, um híbrido de Jack ( Jack Nicholson) , com seu olhar de surtado e seu pentedo anos 80, e de um Danny adulto, com seu casaquinho de malha e camisa de gola. O número do apto, fazendo referência ao número do quarto, o corredor do apartamento, tudo remete ao filme. Outra referência que marca presença é "O bebê de Rosemary", por conta do tema da magia negra e ocultismo e da canção malodica que ganha dimensão demoníaca.. O roteiro é bem complexo e eu mesmo me perdi em umas possiveis interpretações sobre o filme, principalmente o desfecho. Tenho que elogiar a coragem de Dutra de investir em um filme de gênero, feito raro aqui no Brasil. Coragem maior ainda foi o de escalar a cantora Sandy pro papel feminino principal. Ela está ok, não compromete, e é importante que a personagem tenha inocência e doçura. Isso Sandy tem de sobra, porém, o desenrolar de sua personagem achei muito abrupto. Não é um filme para qualquer um. Alguns momentos podem sôar meio trash (a sessão de ocultismo lembra cenas de Zé do Caixão). Antonio Fagundes surpreende em um papel inusitado, e Marat Descartes está bem, correndo risco enorme de ser caricato. O elenco de apoio é mediano, a atriz que faz a manicure e bruxa achei fraca. A destacar a ótima fotografia de Ivo Lopes Araújo, que brinca com luminosidade e sombras durante o filme. Ele foi responsável pelo excelente "Tatuagem". Nota: 7

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